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Este artigo foi modificado pela última vez em 11 de Janeiro de 2021.
Resumo

O sistema urinário filtra o sangue e elimina do corpo o excesso de água e resíduos na urina. É formado por dois rins, dois ureteres (um para cada rim) que são tubos que conduzem a urina dos rins para a bexiga urinária, e a uretra. Músculos controlam a emissão de urina pela bexiga.

Os rins são dois órgãos em forma de feijão localizados abaixo da caixa torácica, nos dois lados das costas. O corpo tem dois rins, mas apenas um é suficiente para manter a função normal, mesmo quando o outro é lesado ou retirado. Os rins filtram o sangue proveniente da aorta e das artérias renais e o devolvem ao sistema venoso. A urina produzida é movida e eliminada através do trato urinário, formado por ureteres, bexiga e uretra.

Os rins controlam a quantidade e a composição dos líquidos do corpo. Além disso, produzem hormônios que controlam atividades em outros órgãos: a renina participa do controle da pressão arterial, e a eritropoietina estimula a formação de hemácias. Quando falha a função renal, água e resíduos podem se acumular até níveis perigosos, causando risco de vida. As substâncias que têm níveis sanguíneos controlados pelos rins incluem sódio, potássio, cloretos, bicarbonato, cálcio, fósforo e magnésio.

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Sobre Doenças Renais
  • Doenças e estados clínicos que afetam os rins

    Doenças renais são a nona principal causa de morte nos EUA. Diabetes e hipertensão arterial aumentam o risco de doença renal e são as causas mais comuns de insuficiência renal. Qualquer doença que afete os vasos sanguíneos, incluindo diabetes, hipertensão arterial e aterosclerose, pode afetar a função renal. Doenças e infecções em outras partes do corpo também apresentam risco de provocar um distúrbio renal. Como lesões renais podem causar risco de vida, qualquer doença ou distúrbio que tem possibilidade de afetar o rim merece atenção imediata. Doenças renais com frequência não causam sintomas até provocarem lesões avançadas, e podem evoluir para insuficiência renal, que é fatal a não ser que o paciente seja submetido a diálise ou a um transplante de rim. Existem mais de 100 distúrbios ou doenças que causam lesão renal progressiva. Alguns dos mais comuns são descritos abaixo, assim como sinais de aviso que não devem ser ignorados.

    Obstrução
    Bloqueios do trato urinário por cálculos, tumores, útero aumentado na gravidez ou aumento da próstata, com acúmulo de urina, facilitam infecções ou causam lesão direta dos rins. Os cálculos renais em geral causam dor. Outras obstruções podem não provocar sintomas ou não ser detectadas apenas por exames de sangue ou de urina anormais ou por exames de imagem.

    Infecção
    Infecções do trato urinário, como cistite (infecção da bexiga), podem se estender para os rins. Os sintomas incluem febre, micção (ato de urinar) frequente, urgência urinária e dor e queimação durante a micção. É comum a sensação de dor ou de pressão no abdome inferior ou nas costas. Algumas vezes, a urina apresenta mau cheiro ou sangue. Pielonefrite é uma infecção do tecido renal, em geral resultado da extensão de uma infecção urinária baixa. Infecções em outros lugares do corpo, como as estreptocócicas, impetigo ou endocardite bacteriana, também podem causar problemas renais.

    Doenças glomerulares
    Doenças glomerulares são as que atingem as unidades de filtração dos rins. A filtração constante do sangue ocorre em glomérulos, grupos de capilares envolvidos por um túbulo que recebe o filtrado. O conjunto do glomérulo com o túbulo correspondente chama-se néfron.

    As doenças glomerulares são a principal causa de insuficiência renal crônica. Existem muitas causas, incluindo diabetes, hipertensão arterial e reações imunológicas anormais. As reações imunológicas a infecções podem atacar também os glomérulos. Infecções bacterianas, como estreptococcias da garganta ou da pele (impetigo), endocardites e viroses, como HIV, podem provocar esse tipo de reação. Distúrbios autoimunes como o lúpus eritematoso sistêmico e a síndrome de Goodpasture, também podem causar lesão glomerular.

    Na glomerulonefrite, também chamada nefrite ou síndrome nefrítica, há inflamação dos glomérulos. Com a filtração sanguínea prejudicada, o fluxo de urina diminui, água e resíduos se acumulam no sangue, e aparece sangue na urina. Como as hemácias se rompem na urina, com frequência ela apresenta cor castanha, e não vermelha. A água em excesso se acumula nos tecidos, causando edema. A evolução varia entre cura espontânea, redução permanente da função renal e insuficiência renal crônica.

    Na síndrome nefrótica, há aumento da permeabilidade dos glomérulos com eliminação de grandes quantidades de proteínas, especialmente albumina. A diminuição da albumina no sangue reduz a capacidade dos vasos sanguíneos reterem água, que se acumula nos tecidos (edema). Muitas doenças podem causar síndrome nefrótica. Complicações comuns são tromboses venosas e hipercolesterolemia. A síndrome nefrótica em crianças em geral responde bem ao tratamento, mas alguns casos mostram lesão renal permanente.

    Outros fatores
    Qualquer situação em que haja grande perda de sangue ou redução do fluxo sanguíneo para os rins prejudica a função renal. Desidratação grave, cirurgias cardíacas ou da aorta, insuficiência cardíaca ou infecções graves podem causar problemas renais agudos. Em geral, a lesão é reversível, mas há possibilidade de ser permanente, especialmente com infecção grave e choque.

    Alguns medicamentos têm efeitos tóxicos sobre os rins. Anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno, contrastes radiológicos, inibidores da enzima conversora da angiotensina, alguns antibióticos e outras substâncias podem causar lesão renal, incluindo insuficiência renal aguda, que exige tratamento urgente para evitar a morte.

    Neoplasias do sistema urinário são menos comuns que em outras partes do corpo. O câncer renal tem dois tipos principais. O tumor de Wilms ocorre em crianças pequenas e é detectado como uma massa abdominal firme. O carcinoma renal ocorre em adultos de meia-idade ou idosos, e é diagnosticado, em geral, a partir de um sangramento urinário ou de disseminação para outros órgãos. Neoplasias da bexiga são mais comuns e, em geral, se apresentam como um sangramento urinário sem outros sintomas. Em muitos casos, são detectados em uma urinálise de rotina. Como é possível controlar o câncer de bexiga no início, qualquer sangramento urinário em adultos deve ser investigado por um medico.

  • Sinais e sintomas

    As doenças renais com frequência permanecem silenciosas durante muitos anos, sem sinais ou sintomas reconhecíveis ou com sinais muito genéricos. Por isso, é muito importante fazer exames de rotina. Eles podem revelar sangue ou proteínas na urina ou níveis elevados de creatinina e de ureia no sangue, que são sinais precoces de lesão renal. Entretanto, alguns avisos de doença renal não devem ser ignorados. É necessário procurar um médico imediatamente quando ocorrem:

    • Inchação (edema), especialmente em torno dos olhos ou na face, nos pulsos, no abdome, nas coxas e nos tornozelos
    • Urina com espumosa, sanguinolenta ou cor de café
    • Diminuição do volume urinário
    • Problemas durante a micção, como queimação ou secreção anormal, ou alteração da frequência urinária, especialmente à noite
    • Dor no meio das costas (flanco), abaixo das costelas, perto da localização dos rins
    • Hipertensão arterial

    Com o progresso da doença renal, os sintomas podem incluir:

    • Aumento ou diminuição da frequência urinária
    • Prurido
    • Cansaço, perda da concentração
    • Perda do apetite, náuseas e vômitos
    • Inchação e/ou dormência nas mãos e nos pés
    • Escurecimento da pele
    • Espasmos musculares
  • Exames

    Exames de sangue e de urina detectam problemas renais e permitem minimizar as lesões. Eles mostram a eficiência da remoção de água e de resíduos pelos rins. Além disso, a pressão arterial deve ser medida porque hipertensão arterial pode causar lesão renal, e doenças renais podem causar hipertensão arterial. Quando há suspeita de lesões estruturais, são usados diversos exames de imagem. Uma biópsia renal é útil para diagnosticar problemas específicos.

    Exames comuns para triagem e diagnóstico
    Podem ser medidas no sangue a creatinina (e a taxa de filtração glomerular estimada) e a ureia. Os níveis desses resíduos aumentam quando diminui a filtração glomerular. Resultados anormais são, com frequência, os primeiros sinais de uma doença renal. Ao mesmo tempo, é examinada uma amostra de urina (urinálise) como parte da rotina, para verificar se há presença de hemácias, leucócitos ou proteínas. Em pessoas com diabetes ou com hipertensão arterial, pesquisa-se microalbuminúria anualmente para detectar lesão renal inicial. Quando a creatinina é medida ao mesmo tempo, é possível calcular a relação microalbuminúria/ creatinina, recomendada pela American Diabetes Association, dos EUA. Se há suspeita de infecção, ela pode ser confirmada pela cultura de urina.

    Exames para monitorar a função renal
    Em pacientes com lesão renal, os níveis sanguíneos de ureia e de creatinina são medidos periodicamente para acompanhar a evolução da doença. Cálcio e fósforo no sangue, e eletrólitos no sangue e na urina podem ser afetados por doenças renais. O hemograma avalia o grau de anemia resultante da falta de eritropoietina, hormônio produzido nos rins que estimula a produção de hemácias. A proteinúria é usada para avaliar o resultado do tratamento na síndrome nefrótica. O paratormônio (PTH) pode estar elevado em doenças renais.

    A cistatina C é outro exame usado como alternativa à creatinina e ao clearance da creatinina para monitorar a função renal. É útil nos casos em que a medida da creatinina não é adequada, como em pessoas com cirrose hepática, muito obesas, desnutridas ou com massa muscular reduzida. A medida da cistatina C também é utilizada para a detecção precoce de doença renal, quando outros parâmetros ainda estão normais, especialmente em idosos.

    Doença Exames usados no diagnóstico Exames para acompanhamento
    Insuficiência renal crônica ureia, creatinina, taxa de filtração glomerular estimada, urinálise ureia, creatinina, taxa de filtração glomerular estimada, eletrólitos, cálcio, fosfato, fosfatase alcalina, paratormônio, hemograma
    Infecções urinárias urinálise, cultura de urina urinálise, cultura de urina
    Cálculos renais imagens, urinálise sódio, cálcio, fosfato, citrato, oxalato, ácido úrico na urina
    Síndrome nefrótica urinálise, albumina, proteínas totais, colesterol, proteinúria, anticorpos antinúcleo, exames para hepatite B, exames para hepatite C, complemento proteinúria, colesterol, ureia, creatinina, taxa de filtração glomerular estimada
    Síndrome nefrítica urinálise, ureia, creatinina, taxa de filtração glomerular estimada, albumina, proteinúria, anticorpos antinúcleo, antiestreptolisina O, anticorpos anti-membrana basal glomerular, anticorpos citoplasmáticos anti-neutrófilo ureia, creatinina, taxa de filtração glomerular estimada, urinálise
    Doença renal devida a diabetes melito ou hipertensão arterial microalbuminúria microalbuminúria, proteinúria, ureia, creatinina, taxa de filtração glomerular estimada

    Exames de imagem
    Quando há suspeita de um problema estrutural ou de um bloqueio, são feitas imagens dos rins. Usam-se ultrassonografia, tomografia computadorizada, cintilografia e diversas técnicas radiológicas, como pielografia, urografia excretora, cistografia e arteriografia renal.

    Biópsia renal
    Biópsias são usadas para determinar a causa de proteinúria ou de hematúria e para monitorar o resultado do tratamento. São obtidas com agulhas orientadas usando-se recursos de imagem.

  • Tratamento

    O tratamento varia com o tipo de doença renal. Em geral, o diagnóstico precoce melhora os resultados. Talvez seja necessário estabelecer restrições na alimentação (restrições  dietéticas), prescrever medicamentos e fazer cirurgias. Se os rins não conseguem mais eliminar resíduos e água, faz-se diálise diversas vezes por semana, seguida de transplante renal. O controle do diabetes melito e da hipertensão arterial é muito importante para evitar ou minimizar lesão renal.

Fontes do artigo

Fontes usadas na revisão atual

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Giles PD, Rylance PB, Crothers DC. New results from the Modification of Diet in Renal Disease study: the importance of clinical outcomes in test strategies for early chronic kidney disease. QJM. 2008 Feb;101(2):155-8. Epub 2008 Jan 14.

Fontes usadas em revisões anteriores

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Johns Hopkins Family Health Book. Klag MJ, editor. 1999. New York: HarperCollins Publishers, Pp. 1069, 1078-1095.

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National Institute of Diabetes & Digestive & Kidney Diseases, National Institutes of Health web site. Available online at http://www.niddk.nih.govhealth/kidney/kidney.htm through http://www.niddk.nih.govhealth.

American Kidney Fund, Inc. Available online at http://www.akfinc.org/KidneyFacts through http://www.akfinc.org.