Este artigo foi revisto pela última vez em
Este artigo foi modificado pela última vez em 10 de Janeiro de 2020.
Resumo

A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica que afeta o sistema nervoso central, provocando inflamação e destruição da mielina, que reveste fibras nervosas e isola e acelera os sinais elétricos transportados por elas. A perda da mielina prejudica a transmissão de impulsos nervosos, o que resulta em sintomas motores, sensitivos e psicológicos. Com o tempo, a lesão da bainha de mielina se resolve e os sintomas desaparecem, mas crises repetidas podem gerar um processo contínuo de desmielinização e remielinização, com fibrose progressiva e incapacidade permanente.

A causa da esclerose múltipla é desconhecida. Considera-se que seja um processo autoimune dependente de predisposição genética e fatores ambientais, podendo ser desencadeado por uma infecção (Vírus). A doença se inicia em geral entre 20 e 40 anos de idade, é mais comum em mulheres, em caucasianos provenientes do norte da Europa, e ocorre com maior frequência em locais de clima temperado. O risco de desenvolver a doença na população geral é menor que 0,1%, aumenta para 3% nos membros de uma família com um indivíduo afetado, e para 30% caso o indivíduo seja irmão gêmeo idêntico de quem apresenta a doença. Isto reforça a hipótese do componente genético como fator causador.

Sinais e sintomas

A EM pode afetar qualquer área do sistema nervoso central. Por isso, os sinais e sintomas variam de acordo com as funções desempenhadas pela região afetada. Sua duração pode variar entre dias e meses. Alguns exemplos:

  • Alterações sensoriais, como perda de sensibilidade, formigamento, dor, queimação, prurido e distúrbios visuais.
  • Alterações motoras, como fraqueza, tremor, dificuldade de coordenação (ataxia), incluindo dificuldades com a fala, a deglutição e a marcha, incontinência ou retenção urinária, e constipação.
  • Sintomas psicológicos, como alterações cognitivas e de memória, depressão, instabilidade emocional e dificuldade de aprendizado.
  • Fadiga ocorre na maioria dos pacientes.
  • Sensibilidade à temperatura é frequente, com piora dos sintomas com o calor.

A evolução da doença também varia bastante. Cerca de 85% dos pacientes inicialmente têm a forma remitente recorrente, com crises intercaladas com períodos de remissão. Desses, metade desenvolve a forma progressiva secundária, com piora a cada crise, sem recuperação completa durante as remissões. Cerca de 10% dos pacientes têm a forma progressiva primária, com piora constante, sem haver remissões e exacerbações.  

Accordion Title
Sobre Esclerose Múltipla
  • Exames

    Exames laboratoriais
    Não existe um exame laboratorial específico para esclerose múltipla, mas diversos produzem resultados anormais que têm utilidade para o diagnóstico. Os mais úteis verificam a produção de imunoglobulinas no sistema nervoso central, incluindo:

    • Análise do líquido cefalorraquiano. Avalia aspectos físicos e químicos do líquido cefalorraquiano que podem estar alterados na esclerose múltipla.
    • Eletroforese e focalização isoelétrica do líquido cefalorraquiano. A eletroforese e a focalização isoelétrica são métodos de separação de proteínas em líquidos biológicos. Amostras de líquido cefalorraquiano e de soro do paciente são separadas lado a lado por um desses métodos e comparadas para detecção de faixas oligoclonais. No líquido cefalorraquiano, uma alteração está presente em cerca de 90% dos casos de esclerose múltipla.
    • Índice de imunoglobulina G (IgG) no líquido cefalorraquiano. Níveis de IgG elevados no líquido cefalorraquiano podem ser resultado de produção excessiva de IgG no sistema nervoso central ou de passagem de proteínas plasmáticas para o líquido cefalorraquiano, o que pode ocorrer após inflamação ou traumatismo. Para distinguir essas possibilidades, o índice de IgG é calculado a partir de medidas de albumina e de IgG no líquido cefalorraquiano (LCR) e no soro, usando a fórmula:

      Índice de IgG = [IgG (LCR) ÷ IgG (soro)] ÷ [Albumina (LCR) ÷ Albumina (soro)]

      Um índice de IgG elevado indica aumento da produção de IgG no sistema nervoso central, o que ocorre em 90% dos casos de esclerose múltipla.

    • A proteína básica da mielina é o principal componente proteico da mielina, e pode ser medida no líquido cefalorraquiano. Concentrações aumentadas indicam desmielinização, que pode ocorrer na esclerose múltipla e em outros processos inflamatórios do sistema nervoso central. Esse exame não é específico para esclerose múltipla, mas pode ser usado para avaliar a atividade da doença estabelecida.

    Exames não laboratoriais

    • A ressonância magnética produz imagens do cérebro que permitem a identificação e o acompanhamento de áreas de lesão na esclerose múltipla. Além dessa técnica, que é a mais usada, existem outras que podem produzir informações sobre a esclerose múltipla, como a ressonância magnética funcional, a espectroscopia por ressonância magnética e a ressonância magnética com tensor de difusão.
    • Potenciais evocados visuais são exames que medem a velocidade de transmissão nervosa em diversas partes do cérebro, e podem detectar evidências de desmielinização e fibrose ao longo das vias nervosas sugestivas de esclerose múltipla.
  • Tratamento

    Ainda não há cura para a esclerose múltipla. Os objetivos do tratamento são retardar a evolução da doença e aliviar os sintomas. Para reduzir a gravidade das crises, são prescritos corticosteroides durante períodos curtos e outros medicamentos para aliviar os sintomas.

    A EM pode proporcionar uma diminuição importante da qualidade de vida do paciente. Talvez seja necessário uma equipe multidisciplinar para auxiliar o paciente e acompanhá-lo durante a evolução da doença.

    Existem diversos medicamentos sendo pesquisados. Também se estuda muito para entender melhor as causas, desenvolver estratégias para retardar a progressão, e tratar os sintomas da doença.

Fontes do Artigo

Fontes usadas na revisão atual

(Updated 2008 December). Multiple Sclerosis: Hope Through Research. NINDS, National Institute of Health. Available online at http://www.ninds.nih.gov/disorders/multiple_sclerosis/detail_multiple_sclerosis.htm through http://www.ninds.nig.gov. Accessed March 2009.

Minden, S.and Frankel, D. (Updated May 2008). PLAINTALK: A Booklet about MS for Families. National Multiple Sclerosis Society. [On-line information]. Available online at http://www.nationalmssociety.org/multimedia-library/brochures/managing-major-changes/index.aspx through http://www.nationalmssociety.org. Accessed March 2009.

Dangond, F. (Updated 2008 July 3). Multiple Sclerosis. Emedicine.com. [On-line information]. Available online at http://emedicine.medscape.com/article/1146199-overview through http://www.emedcine.medscape.com. Accessed March 2009.

Brian R. Apatoff, B. (Revised August 2007). Multiple Sclerosis. Merck Manual for Healthcare Professionals. [On-line information]. Available online at http://www.merck.com/mmpe/sec16/ch222/ch222b.html?qt=MS&alt=sh through http://www.merck.com. Accessed March 2009.

Fontes usadas em revisões anteriores

Thomas, Clayton L., Editor (1997). Taber’s Cyclopedic Medical Dictionary. F.A. Davis Company, Philadelphia, PA [18th Edition].

Pagana, Kathleen D. & Pagana, Timothy J. (2001). Mosby’s Diagnostic and Laboratory Test Reference 5th Edition: Mosby, Inc., Saint Louis, MO.

Espay, A. (2002 May 6, Updated). Multiple sclerosis [20 paragraphs]. MedlinePlus Medical Encyclopedia [On-line information]. Available online at http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/000737.htm.

(2003 August 12). About MS What Is Multiple Sclerosis? National Multiple Sclerosis Society [On-line information]. Available online at http://www.nationalmssociety.org/What%20is%20MS.asp through http://www.nationalmssociety.org.

(2001 July 1, Reviewed). NINDS Multiple Sclerosis Information Page. NINDS [On-line information]. Available online at http://www.ninds.nih.gov/health_and_medical/disorders/multiple_sclerosis.htm through http://www.ninds.nih.gov.

Mayo Clinic Staff (2004 May 7). Multiple sclerosis. MayoClinic.com [On-line information]. Available online at http://www.mayoclinic.com/invoke.cfm?id=DS00188 through http://www.mayoclinic.com.

Kiriakopoulos, E. (2003 August 10, Updated). CSF oligoclonal banding. MedlinePlus Medical Encyclopedia [On-line information]. Available online at http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/003631.htm.

(© 1995-2004). Multiple Sclerosis and Related Diseases, Introduction. The Merck Manual – Second Home Edition [On-line information]. Available online at http://www.mult-sclerosis.org/oligoclonalbanding.html through http://www.mult-sclerosis.org.

Holland, N. (2003 December). Overview of Multiple Sclerosis. MSNursing, NMSS [On-line information]. Available online at http://www.nationalmssociety.org/ms_nursing/overview.asp through http://www.nationalmssociety.org.

(2002 Updated). Multiple Sclerosis: Hope Through Research. NINDS [On-line information]. Available online at http://www.ninds.nih.gov/health_and_medical/pubs/multiple_sclerosis.htm through http://www.ninds.nih.gov.

(© 2004). Immunoglobulin G, CSF Index and Immunoglobulin G/Albumin Ratio, CSF. ARUP’s Guide to Clinical Laboratory Testing [On-line information]. Available online at http://www.aruplab.com/guides/clt/tests/clt_al9b.jsp through http://www.aruplab.com.

(© 2004). Oligoclonal Banding and Multiple Sclerosis Panel. ARUP’s Guide to Clinical Laboratory Testing [On-line information]. Available online at http://www.aruplab.com/guides/clt/tests/clt_112b.jsp#1143660 through http://www.aruplab.com.

(© 2004). Myelin Basic Protein. ARUP’s Guide to Clinical Laboratory Testing [On-line information]. Available online at http://www.aruplab.com/guides/clt/tests/clt_a94b.jsp#1142392 through http://www.aruplab.com.