Este artigo foi revisto pela última vez em
Este artigo foi modificado pela última vez em 29 de Novembro de 2019.
Resumo


O câncer de colo do útero (câncer cervical) é causado por crescimento descontrolado de células da cérvice uterina. A cérvice é a parte inferior estreitada do útero. Tem a forma de um cone e comunica o útero com a vagina.

É o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres em todo o mundo (depois do câncer de mama). A Organização Mundial de Saúde calcula que há cerca de 500 mil novos casos e 300 mil mortes por ano no mundo. Desde a introdução do teste de Papanicolaou, um exame de triagem que permite o diagnóstico precoce de lesões pré-cancerosas e cancerosas no colo uterino, a incidência de câncer cervical invasivo nos países desenvolvidos diminuiu em até 70%. Entretanto, em regiões onde o acesso à triagem e ao tratamento ainda é limitado, ele continua a ser um grande problema de saúde pública.

O câncer cervical é um tumor de crescimento lento. As primeiras alterações ocorrem nas células que revestem a parte externa ou o canal da cérvice, e são detectadas no teste de Papanicolaou como “células atípicas”. Essas atipias não são, no início, características de lesões pré-cancerosas, podendo ocorrer temporariamente como resposta a infecção ou a irritação da cérvice. Quando evoluem, assumem características mais definitivas de lesões pré-cancerosas, com probabilidade maior de progredirem para câncer se não forem tratadas. Alterações cancerosas iniciais se limitam à superfície de revestimento, quando são chamadas carcinoma (in situ). Sem tratamento, o tecido canceroso invade os tecidos vizinhos da cérvice e outras áreas do corpo. Veja a terminologia dos resultados do teste de Papanicolaou no quadro.

Cerca de 80% a 90% dos casos de câncer cervical são carcinomas de células escamosas, células planas que revestem a parte externa da cérvice. A maioria dos restantes são adenocarcinomas, que têm origem nas células glandulares do canal da cérvice (endocérvice). Em poucos casos há uma mistura dos dois tipos de células.

Com detecção precoce, o câncer de colo do útero é tratável com facilidade. Se não for tratado, é quase sempre fatal. Com o tempo, ele se dissemina para o resto do útero e para bexiga, reto e parede abdominal. Após atingir os linfonodos pélvicos, forma metástases à distância.

Fatores de risco


O fator de risco mais importante de câncer de colo do útero é a infecção por papilomavírus (HPV). É um grupo de vírus que causa verrugas em diversas partes do corpo, incluindo a cérvice uterina. Os vírus que afetam a genitália são transmitidos sexualmente.

As cepas cervicais do HPV são divididas em categorias de alto e de baixo risco em relação ao câncer cervical. O HPV 6 e o HPV 11, por exemplo, causam a maior parte dos casos de verrugas genitais, mas são classificados como de baixo risco porque raramente são associados a câncer. Outras cepas, como 16, 18, 33, 35 e 45 são consideradas de alto risco porque estão associadas a um risco maior de câncer cervical e vaginal.

Mulheres que iniciam a vida sexual cedo, que têm muitos parceiros sexuais ou um parceiro com muitas parceiras apresentam um risco maior de infecção, assim como as infectadas com HIV/AIDS ou com outros tipos de depressão imunológica. Fumantes têm o dobro do risco de câncer cervical de não fumantes.

Prevenção


A prevenção do câncer cervical é feita evitando fatores de risco, como muitos parceiros sexuais, sexo não protegido e fumo, e promovendo a triagem e o tratamento precoce de lesões pré-cancerosas.

Foi desenvolvida uma vacina contra infecções por papilomavírus, que são a causa mais comum de câncer cervical. A vacina, aprovada em 2006, evita infecções pelos tipos 16 e 18, que causam cerca de 70% dos casos de câncer cervical, e pelos tipos 6 e 11, responsáveis por cerca de 90% das verrugas genitais. O uso é recomendado para mulheres com 9 a 26 anos de idade, em três doses durante um período de seis meses. A vacina é segura, mas só é eficaz se aplicada antes da exposição inicial ao vírus. Por isso, sua aplicação ideal é antes do início da vida sexual. Por outro lado, ela não dá proteção total contra o câncer cervical e seu uso não dispensa a triagem de rotina recomendada.

Sintomas


Alterações pré-cancerosas da cérvice uterina não causam sintomas. Mas quando eles aparecem - por exemplo, corrimento vaginal e sangramento anormal entre os períodos menstruais ou após relações sexuais - em geral, o câncer já atingiu o estágio invasivo e pode estar disseminado para os tecidos vizinhos.

No entanto, além do câncer, existem muitos outros problemas que podem causar sangramento ou corrimento vaginal. Por isso, é importante que o médico determine a causa precisa.

Estágio


Se um câncer for detectado, é preciso estabelecer o seu estágio, o que é feito por exame microscópico de biópsias cirúrgicas e exames de imagem. Os estágios variam de 0, câncer restrito às células de revestimento da cérvice, até IVB, câncer disseminado para outras áreas do corpo, como pulmões. A definição do estágio é muito importante para determinar o prognóstico e as opções de tratamento.

Accordion Title
Sobre Câncer de colo do útero
  • Exames Laboratoriais

    Exames de triagem

    Teste de Papanicolaou
    O teste de Papanicolaou, em que células cervicais são colhidas sobre uma lâmina de vidro e coradas com corantes especiais para exame microscópico, é largamente usado para pesquisa de alterações pré-cancerosas e cancerosas nas células cervicais. Recentemente, foi desenvolvida uma técnica em meio líquido (chamada de citologia em meio líquido) e é o método preferido no momento. As duas técnicas são aceitáveis, mas a técnica em meio líquido elimina artefatos de secagem da lâmina e substâncias que podem interferir, como lubrificantes, sangue menstrual e secreções. Outra técnica recente usa sistemas computadorizados de análise de lâminas, que permitem o exame de um grande número de células. Essas novas técnicas procuram melhorar a detecção de um pequeno número de células no início da doença.

    As orientações de diferentes organizações sobre a triagem de câncer cervical com o teste de Papanicolaou variam:

    • O American College of Obstetricians and Gynecologists, dos EUA, recomenda que mulheres com menos de 21 anos de idade não sejam testadas, porque nessa idade o câncer cervical é raro e alterações comuns podem causar resultados falsos positivos e tratamentos desnecessários. Mulheres entre 21 e 29 anos devem ser testadas a cada dois anos.
    • A American Cancer Society e a U.S. Preventive Services Task Force, dos EUA, recomendam a triagem anual de mulheres após três anos de vida sexual ou após 21 anos de idade, até 30 anos de idade.
    • As três organizações concordam sobre a triagem após os 30 anos. Mulheres com risco baixo e com testes de Papanicolaou normais durante três anos devem passar a ser testadas a cada três anos, a não ser que existam fatores de risco, como exposição a dietilestilbestrol, diagnóstico anterior de câncer cervical, comportamento sexual de risco, infecção por HIV ou imunodepressão, quando devem ser testadas com maior frequência.
    • O American College of Obstetricians and Gynecologists, dos EUA, recomenda a suspensão da triagem entre 65 e 70 anos de idade quando os últimos exames foram normais, a não ser que haja os fatores de risco citados acima.

    Papiloma vírus (HPV)
    O American College of Obstetricians and Gynecologists recomenda desde 2003 que a pesquisa de DNA do HPV seja oferecida e mulheres com mais de 30 anos de idade, além do exame pélvico anual e do teste de Papanicolaou a cada três anos. Antes dos 30 anos, a pesquisa de HPV não se justifica porque a infecção é muito frequente e em geral se resolve sem tratamento. Os exames podem ser mais frequentes se houver fatores de risco ou resultados anteriores positivos.

    A pesquisa de DNA do HPV detecta as cepas de HPV associadas a risco mais alto de câncer cervical mas não distingue as diferentes cepas do vírus. Outros exames de DNA são necessários para identificar uma cepa específica. A maioria das mulheres infectadas com HPV não desenvolve câncer cervical, e algumas que têm a doença não apresentam infecção pelo HPV. São necessárias mais pesquisas para estabelecer o valor preciso da triagem de HPV na prevenção desse tipo de câncer.

    Exames diagnósticos

    • Colposcopia - Exame da cérvice banhada com uma solução ácida usando uma luz brilhante e uma lente para pesquisar áreas anormais. O teste de Schiller é feito pintando a cérvice com iodo. O tecido normal adota uma coloração castanha, e áreas de câncer ou de inflamação ficam mais claras. O teste é usado para indicar locais que devem ser biopsiados.
    • Biópsias do colo do útero - Retiram fragmentos de tecido para exame microscópico, permitindo a identificação de áreas pré-cancerosas, cancerosas ou inflamadas.
  • Tratamento

    O tratamento do câncer cervical depende do estágio da doença. Se estiver limitado à cérvice, pode ser removido por cirurgia ou destruído usando crioterapia ou laser.

    Câncer cervical mais invasivo precisa de cirurgia para retirar os tecidos e órgãos afetados, seguida de radioterapia para destruir células cancerosas remanescentes. Pode ser necessário fazer quimioterapia em câncer com disseminação metastática.

Fontes do Artigo

Fontes usadas na revisão atual
(December 2009). American College of Obstetricians and Gynecology Practice Bulletin Number 109, Cervical Cytology Screening. PDF available for download at http://journals.lww.com/greenjournal/documents/PB109_Cervical_Cytology_Screening.pdf through http://journals.lww.com. Accessed December 2009.

(April 16, 2008) American Cancer Society. Cervical Cancer Overview: How many women get cervical cancer? Available online at http://www.cancer.org/docroot/CRI/content/CRI_2_2_1X_How_many_women_get_cancer_of_the_cervix_8.asp?sitearea= through http://www.cancer.org. Accessed July 2008.

National Cancer Institute. Cancer Advances in Focus, Cervical Cancer. Available online at http://www.cancer.gov/Templates/doc.aspx?viewid=CA5EF6E5-F688-4D1C-A64E-E999866BA508 through http://www.cancer.gov. Accessed June 2008.

National Cancer Institute. What You Need to Know About Cancer of the Cervix: Risk Factors. Available online at http://www.cancer.gov/cancertopics/wyntk/cervix/page5 through http://www.cancer.gov. Accessed June 2008.

National Cancer Institute. What You Need to Know About Cancer of the Cervix: Screening. Available online at http://www.cancer.gov/cancertopics/wyntk/cervix/page6 through http://www.cancer.gov. Accessed June 2008.

National Cancer Institute. What You Need to Know About Cancer of the Cervix: Diagnosis. Available online at http://www.cancer.gov/cancertopics/wyntk/cervix/page8 through http://www.cancer.gov. Accessed June 2008.

(March 26, 2008) American Cancer Society. Detailed Guide: Cervical Cancer, Can Cervical Cancer Be Prevented? Available online at http://www.cancer.org/docroot/CRI/content/CRI_2_4_2X_Can_cervical_cancer_be_prevented_8.asp?sitearea= through http://www.cancer.org. Accessed June 2008.

Montalto, N (January 2008). New Evidence-Based Screening Guidelines for Pap Tests. ACOG, Healthy Woman 2008. Available online at http://www.acog.org/acog_districts/dist_notice.cfm?recno=1&bulletin=2496 through http://www.acog.org. Accessed July 2008.

(June 6, 2006) US Food and Drug Administration. FDA Licenses New Vaccine for Prevention of Cervical Cancer and Other Diseases in Females Caused by Human Papillomavirus. FDA News. Available online at http://www.fda.gov/bbs/topics/NEWS/2006/NEW01385.html through http://www.fda.gov. Accessed July 2008.

(November 21, 2007) Zeller J, Lynm C, Glass R. Carcinoma of the Cervix. JAMA. 2007;298(19):2336. PDF available for download at http://jama.ama-assn.org/cgi/reprint/298/19/2336.pdf through http://jama.ama-assn.org. Accessed July 2008.

(Reviewed/updated April 2008) American Academy of Family Physicians. Pap Smears. Available online at http://familydoctor.org/online/famdocen/home/women/reproductive/gynecologic/138.html through http://familydoctor.org. Accessed July 2008.

Fontes usadas em revisões anteriores
Thomas, Clayton L., Editor (1997). Taber’s Cyclopedic Medical Dictionary. F.A. Davis Company, Philadelphia, PA [18th Edition].

Pagana, Kathleen D. & Pagana, Timothy J. (2001). Mosby’s Diagnostic and Laboratory Test Reference 5th Edition: Mosby, Inc., Saint Louis, MO.

(2002 January 22, Updated). What you need to know about Cancer of the Cervix. National Cancer Institute [On-line information]. Available online at http://www.cancer.gov/cancer_information/doc_wyntk.aspx?viewid=1529727f-0309-4f59-aa5f-a17a761f10d9 through http://www.cancer.gov.

(2000 February 4). Cervical Cancer. Cervical Cancer Detailed Guide. American Cancer Society [On-line information]. Available online at http://www.cancer.org/eprise/main/docroot/CRI/content/CRI_2_4_7x_CRC_Cervical_Cancer_PDF through http://www.cancer.org.

CDC (2002). Cervical Cancer and Pap Test Information. The National Breast and Cervical Cancer Early Detection Program [On-line information]. Available online at http://www.cdc.gov/cancer/nbccedp/info-cc.htm through http://www.cdc.gov.

MEDLINEplus (2001 January 26, Updated). Cervical Cancer. MEDLINEplus Health Information [On-line information]. Available online at http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/000893.htm.

Nuovo, J. et. al (2001 September 1). New Tests for Cervical Cancer Screening. American Family Physician (AAFP) [On-line journal]. Available online at http://www.aafp.org/afp/20010901/780.html through http://www.aafp.org.

Canavan, T., and Doshi, N. (2000 March 1). Cervical Cancer. American Family Physician (AAFP) [On-line journal]. Available online at http://www.aafp.org/afp/20000301/1369.html through http://www.aafp.org.

Screening for Cervical Cancer. WebMD Health [On-line information]. Available online at http://my.webmd.com/content/article/1680.50756 through http://my.webmd.com. (Taken from http://odphp.osophs.dhhs.gov/pubs/GUIDECPS/text/CH09.txt)

Zoorob, R., et. al. (2001 March 15). Cancer Screening Guidelines. American Family Physician (AAFP) [On-line journal]. Available online at http://www.aafp.org/afp/20010315/1101.html through http://www.aafp.org.

(2004 Copyright). Human Papilloma Virus (HPV). American Cancer Society [On-line information]. Available online at http://www.cancer.org/docroot/cri/content/cri_2_6x_human_papilloma_virus_hpv.asp?sitearea=cri through http://www.cancer.org.

Bren, L. (2004 January February). Cervical Cancer Screening. FDA Consumer Magazine [On-line article]. Available online at http://www.fda.gov/fdac/features/2004/104_cancer.html through http://www.fda.gov.

(2004 Copyright). Human Papillomavirus (HPV). ARUP's Guide to Clinical Laboratory Testing [On-line testing information]. Available online at http://www.arup-lab.com/guides/clt/tests/clt_302a.jsp#3465668 through http://www.arup-lab.com.

(2004 May 4). Revised Cervical Cancer Screening Guidelines Require Reeducation of Women and Physicians. ACOG [On-line news release]. Available online at http://www.acog.org/from_home/publications/press_releases/nr05-04-04-1.cfm?printerFriendly=yes through http://www.acog.org.

(2004 Copyright). The High-Risk HPV Test: A Breakthrough in Cervical Cancer Screening. The HPVtest.com [On-line information from Digene Corportaion]. Available online at http://www.thehpvtest.com/factsheet.html through http://www.thehpvtest.com.