As micobactérias são um grupo heterogêneo de bactérias, abrangendo mais de 100 espécies diferentes. Com exceção do Mycobacterium tuberculosis, que causa a tuberculose, e do Mycobacterium leprae, que causa a hanseníase, a maioria das micobactérias vive no solo e na água em ambientes rurais e urbanos de todo o mundo. Podem ser encontradas em aerossóis, rios e pântanos, em águas urbanas tratadas, piscinas públicas, saunas, umidificadores, aquários, no solo de jardins, em alimentos e em muitos outros lugares. As micobactérias são protegidas por uma parede lipídica resistente a desinfetantes e a medidas de tratamento de água.
Não há uma denominação padronizada para esse grupo de micro-organismos. Eles podem ser chamados micobactérias não tuberculosas, micobactérias atípicas ou micobactérias ambientais.
Diversas espécies identificadas de micobactérias não tuberculosas estão associadas a infecções oportunistas em animais e em humanos, e algumas causam surtos infecciosos esporádicos. Elas são adquiridas por exposição a água, aerossóis, terra e poeira, por inalação, ingestão ou através de lesões da pele, feridas cirúrgicas ou cateteres intravenosos. Não se transmitem de pessoa para pessoa, como o Mycobacterium tuberculosis e o Mycobacterium leprae. Causam infecções pulmonares semelhantes à tuberculose, e infecções de linfonodos, de ossos e da pele e tecidos moles, podendo formar abscessos. Essas infecções podem ser localizadas ou disseminadas.
A maioria das micobactérias não tuberculosas se reproduz lentamente. As infecções podem se tornar aparentes semanas, meses ou mesmo anos após a exposição inicial.
Qualquer pessoa pode ser infectada, mas são mais susceptíveis aquelas com supressão do sistema imunológico, como as infectadas por HIV/AIDS, as que receberam transplantes, e pessoas com doenças pulmonares, como enfisema e fibrose cística) .
O tratamento das infecções por micobactérias não tuberculosas é difícil e demorado, porque com frequência elas são resistentes aos antibióticos comuns.
O quadro abaixo relaciona algumas espécies, com uma descrição sumária.
micobactéria | Exemplos |
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M. avium - complexo intracelular (MAC) | Uma das infecções mais frequentes em pacientes com AIDS; infecção pulmonar e disseminada. Tem distribuição ampla. |
M. kansasii | Infecções pulmonares com maior frequência. Sua prevalência é aumentada no sul dos EUA (Texas e Flórida). |
M. abscessus | Pode infectar implantes, como marca-passos. |
M. chelonae | Infecções pós-cirúrgicas em valvas cardíacas artificiais e próteses. |
M. fortuitum | Infecções pós-cirúrgicas. |
M. xenopi | Encontrada em sistemas de água quente. |
M. scrofulaceum | Pode causar adenite cervical, especialmente em crianças. |
M. marinum | Encontrada em água doce ou salgada, em aquários e piscinas. Penetra em falhas da pele e causa feridas persistentes. |
M. ulcerans | Endêmica nos trópicos, causa a úlcera de Buruli, grandes lesões de pele e tecidos moles. É a terceira infecção mais comum por micobactérias em pessoas saudáveis. |
M. leprae | Infecção de membranas mucosas, nervos e pele. Manchas na pele com perda de sensibilidade podem facilitar rupturas e infecção secundária. |
Sinais e sintomas
Os sintomas associados a infecções por micobactérias não tuberculosas dependem das partes do corpo envolvidas. Infecções pulmonares podem causar sintomas semelhantes aos da tuberculose. Incluem:
Infecções de pele podem provocar feridas persistentes, furúnculos, úlceras e granulomas. Linfonodos afetados apresentam inflamação.
Todos esses sintomas são observados em diversas outras doenças. O diagnóstico de infecção por micobactérias não tuberculosas depende da identificação das bactérias em líquidos do corpo ou tecidos.