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Este artigo foi modificado pela última vez em 25 de Dezembro de 2019.
Resumo

Nos EUA, mais de 40.000 adultos e 3.500 crianças são diagnosticadas com leucemia todos os anos. Demonstrou-se que exposição a radiações, benzeno e alguns medicamentos usados em câncer aumentam o risco de leucemia, e que alguns casos são associados a distúrbios genéticos e a infecções virais raras, mas a causa da maioria das leucemias é desconhecida.

Leucemia é um distúrbio da medula óssea em que precursores dos leucócitos se dividem de modo descontrolado. As células resultantes não têm funções e períodos de vida anormais. Seu acúmulo inibe a produção de outras células do sangue na medula óssea, causando anemia, sangramento e infecções recorrentes. As células leucêmicas se disseminam na medula óssea e no sangue, e podem provocar aumento de tamanho de órgãos, como baço, fígado e linfonodos, e formação de tumores em outros locais. Quando invadem o sistema nervoso central, acumulam-se no líquido cefalorraquiano e podem causar cefaleia (dor de cabeça) e convulsões.

A medula óssea é um tecido localizado no interior dos ossos, que produz precursores de hemácias, de plaquetas e de cinco tipos diferentes de leucócitos. Os precursores mais imaturos são chamados blastos. Essas células se dividem e amadurecem na medula óssea, que normalmente só libera no sangue células maduras. Os leucócitos maduros são classificados em duas categorias principais: linfócitos e células mieloides. As células mieloides incluem neutrófilos, eosinófilos, basófilos e monócitos, que circulam no sangue, capturam e digerem bactérias e participam de reações inflamatórias. Os linfócitos, encontrados no sangue e no sistema linfático, coordenam a resposta imunológica e produzem anticorpos. As leucemias são classificadas de acordo com a linhagem celular envolvida e com a velocidade da evolução clínica. Embora haja classificações mais detalhadas, citamos abaixo apenas os tipos principais de leucemia.

  • Leucemia linfoide aguda. Crescimento rápido de precursores dos linfócitos (linfoblastos) na medula óssea e no sangue, caracterizada por mais de 20% de blastos na medula óssea e no sangue. É o tipo de leucemia mais comum em crianças, mas ocorre também em adultos. Mais de 75% dos casos acontecem em crianças com menos de seis anos de idade.
  • Leucemia linfoide crônica. Acúmulo de linfócitos B maduros na medula óssea e no sangue. Afeta adultos, sendo rara antes dos 50 anos, e a idade média de diagnóstico é 65 anos. A evolução clínica é mais lenta que a de outras leucemias.
  • Leucemia mieloide aguda. Crescimento rápido de blastos mieloides. Mais comum em adultos. A mediana da idade ao diagnóstico é de 65 anos. O diagnóstico é feito com a presença de mais de 20% de blastos mieloides na medula óssea e no sangue.
  • Leucemia mieloide crônica. Acúmulo de granulócitos em todos os graus de maturação. Em quase todos os casos é possível identificar uma anormalidade cromossômica, com translocação entre os cromossomos 9 e 22. O cromossomo 22 resultante, chamado cromossomo Philadelphia, produz uma enzima, a tirosina quinase bcr/abl, que desregula a proliferação de células mieloides. Cerca de 20% a 40% dos pacientes são assintomáticos no momento do diagnóstico que, com frequência, é feito em um exame de rotina.

Sinais e sintomas


Leucemias agudas são diagnosticadas em geral porque a pessoa sente-se mal. Os sinais e sintomas  mais comuns estão relacionados à falta de células normais no sangue, como:

  • Fraqueza e falta de ar provocadas por anemia
  • Sangramentos anormais devidos a falta de plaquetas
  • Infecções por causa da falta de leucócitos normais.

Outros sintomas estão relacionados com o acúmulo de células imaturas, como dor óssea e articular, aumento do baço, do fígado, dos rins, dos testículos e de linfonodos; além de cefaleia, vômitos e convulsões, quando há invasão do sistema nervoso central.

As leucemias crônicas têm início insidioso, podendo ser diagnosticadas em um exame de rotina, ou causar os mesmos sintomas das agudas, porém mais brandos. É possível manter alguns casos sem tratamento durante anos. A leucemia mieloide crônica pode sofrer uma transformação chamada crise blástica, quando passa a ser comportar como uma leucemia aguda.

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Sobre Leucemia
  • Exames

    Exames laboratoriais
    Hemograma
    Exame de rotina que determina o número e as características de cada tipo célula do sangue. A presença de blastos no sangue indica leucemias agudas, e um aumento de células mais maduras pode significar leucemias crônicas. O hemograma é usado também para acompanhar o tratamento e detectar recorrências.

    Aspirado e biópsia da medula óssea
    Quando há suspeita de algum distúrbio coleta-se material da medula óssea por aspiração ou por biópsia para exame ao microscópio. Se houver leucemia, esse exame é capaz de determinar o tipo e a gravidade.

    Punção lombar e análise do líquido cefalorraquiano
    A análise do líquido cefalorraquiano permite detectar invasão do sistema nervoso central por células leucêmicas. São analisados os componentes químicos do líquido e as células presentes examinadas ao microscópio. A punção lombar feita para colher o líquido pode ser usada para injeção terapêutica ou profilática de quimioterápicos.

    Imunofenotipagem e citometria de fluxo
    As células do sangue, da medula óssea ou de outros órgãos são examinadas com anticorpos para determinação de antígenos específicos na superfície ou no citoplasma. A citometria de fluxo permite examinar grande quantidade de células usando um feixe de laser para pesquisar esses antígenos, como CD3, CD10, CD13, CD15, CD16, CD20, CD33, CD34, CD45, CD56, CD64, TdT e cadeias leves de imunoglobulinas. A presença de antígenos e suas intensidades de expressão são utilizadas para classificar com detalhes a linhagem leucêmica presente.

    Citogenética e hibridização fluorescente in situ (FISH)
    A citogenética (análise do cariótipo) permite identificar anormalidades no número e na estrutura dos cromossomos. A hibridização in situ pesquisa alterações genéticas moleculares específicas. Os dois métodos são usados para avaliar distúrbios genéticos frequentes em leucemias. Casos da doença com o mesmo diagnóstico mas com alterações citogenéticas diferentes podem ter prognóstico e indicações de tratamento diferentes. Para mais detalhes, veja o artigo O universo dos testes genéticos: citogenética.

    Reação em cadeia de polimerase (PCR)
    Esse exame usa amplificação do DNA para detectar mutações, inversões, fusões ou deleções associadas a leucemias, que podem ter implicações sobre o prognóstico e o tratamento.

    Exames não laboratoriais
    Tomografia computadorizada, ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons são realizadas para pesquisar tumores ou avaliar alterações de órgãos, como baço, fígado e rins.

  • Tratamento

    Em geral, as taxas de cura e de remissão de leucemias continuam a aumentar. Os tratamentos específicos dependem do tipo de leucemia, da gravidade e dos sintomas. Os objetivos do tratamento são obter uma remissão da doença, matando, se possível, todas as células anormais e permitindo a recuperação das normais, além de corrigir as deficiências de células que causam sintomas. O tratamento inclui quimioterapia e, às vezes, radioterapia. Se houver invasão do sistema nervoso central, alguns quimioterápicos são injetados diretamente no líquido cefalorraquiano  usando uma punção lombar.

    O tratamento sintomático inclui transfusões de hemácias ou de plaquetas, e antibióticos para combater infecções. Se o baço estiver muito aumentado, pode precisar de remoção cirúrgica.

    Em alguns casos, são colhidas amostras da medula óssea do paciente, que são purgadas das células leucêmicas e congeladas para injeção após o tratamento (autotransplante). O transplante alogênico, usando a medula óssea de um doador compatível, cura muitos casos de leucemia. O transplante de medula óssea é considerado quando outros tratamentos não conseguem uma remissão ou quando há recorrência.

    O tratamento atual da leucemia mieloide crônica é feito com inibidores da tirosina quinase, de desenvolvimento recente. Pessoas com leucemia linfoide crônica podem não precisar de tratamento durante anos ou até que ocorram diminuições das contagens de hemácias ou de plaquetas.

    Alguns tratamentos de leucemia causam efeitos colaterais graves.

Fontes do Artigo

Fontes do artigo

NOTA: Este artigo se baseia em pesquisas que incluíram as fontes citadas e a experiência coletiva de Lab Tests Online Conselho de Revisão Editorial. Este artigo é submetido a revisões periódicas do Conselho Editorial, e pode ser atualizado como resultado dessas revisões. Novas fontes citadas serão adicionadas à lista e distinguidas das fontes originais usadas.

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