Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, o câncer de mama se caracteriza pela proliferação anormal, de forma rápida e desordenada, das células do tecido mamário. A doença se desenvolve em decorrência de alterações genéticas. Porém, isso não significa que os tumores da mama são sempre hereditários.
Em seu funcionamento normal, o corpo substituiu as células antigas por células novas e saudáveis. As mutações genéticas podem alterar a habilidade da célula de manter sua divisão e reprodução sob controle, produzindo células em excesso, formando o tumor.
Um tumor pode ser benigno (não perigoso para a saúde) ou maligno (tem o potencial de ser perigoso). Os benignos não são considerados cancerígenos: suas células têm aparência próxima do normal. Elas crescem lentamente e não invadem os tecidos vizinhos, nem se espalham para outras partes do corpo.
Já os tumores malignos são cancerosos. Caso suas células não sejam controladas, podem crescer e invadir tecidos e órgãos vizinhos, eventualmente se espalhando para outras partes do corpo.
O câncer de mama consiste em um tumor maligno que se desenvolve a partir de células da mama. Geralmente, ele começa nas células do epitélio que reveste a camada mais interna do ducto mamário. Mais raramente, o câncer de mama pode começar em outros tecidos, tais como o adiposo e o fibroso da mama.
O câncer de mama pode ser “in situ”, aquele em que ainda não há risco de invasão e metástase, com chances de cura de aproximadamente 100%. Mesmo os tumores invasivos (quando invadem a membrana basal da célula) podem ser curados se o diagnóstico for estabelecido em fase precoce.
As alterações nos genes podem ser herdadas (casos dos cânceres hereditários) ou adquiridas. O câncer de mama hereditário corresponde a cerca de 5% a 10% dos casos, ou seja, quando existem parentes de primeiro grau com a doença. Portanto, 90% dos casos de câncer de mama não têm origem hereditária.
As alterações genéticas, que são chamadas mutações, podem ser determinadas por vários fatores, entre eles: exposição a hormônios (estrogênios), irradiação na parede torácica para tratamento de linfomas, excesso de peso, ausência de atividade física, excesso de ingestão de gordura saturada e álcool.
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais comumente diagnosticado em mulheres e uma das principais causas de morte por câncer. Quase 70% dos cânceres de mama são encontrados em mulheres com 55 anos ou mais. O rastreamento regular pode ajudar a detectar tumores em um estágio inicial, quando eles são mais tratáveis. A mamografia é um exame de imagem que pode detectar o câncer de mama antes que os sintomas se desenvolvam.
A comunidade médica reconhece o valor do rastreio do câncer de mama e da mamografia, mas existem algumas diferenças no aconselhamento sobre a frequência com que deve ser feito ou quando deve ser iniciado. A maioria das organizações concorda que as mulheres devem discutir com seu médico para avaliar seu risco pessoal de desenvolver câncer de mama e determinar o que é melhor para elas. Podem ser feitas considerações sobre os benefícios da triagem, bem como os danos. Embora o rastreamento possa detectar o câncer precocemente, quando ele é mais tratável, também pode levar a resultados falso-positivos e procedimentos de acompanhamento desnecessários, como biópsias.
Recomendações para mulheres com risco médio:
Mulheres com risco médio não têm histórico pessoal ou familiar de câncer de mama e nenhum outro fator de risco para câncer de mama.
Prevenção
Evitar a obesidade, através de dieta equilibrada e prática regular de exercícios físicos, é uma recomendação básica para prevenir o câncer de mama, já que o excesso de peso aumenta o risco de desenvolver a doença. A ingestão de álcool, mesmo em quantidade moderada, é contra-indicada, pois é fator de risco para esse tipo de tumor, assim como a exposição a radiações ionizantes em idade inferior aos 35 anos.
Ainda não há certeza da associação do uso de pílulas anticoncepcionais com o aumento do risco para o câncer de mama. Podem estar mais predispostas a ter a doença mulheres que usaram contraceptivos orais de dosagens elevadas de estrogênio, que fizeram uso da medicação por longo período e as que usaram anticoncepcional em idade precoce, antes da primeira gravidez.
A prevenção primária dessa neoplasia ainda não é totalmente possível devido à variação dos fatores de risco e as características genéticas que estão envolvidas na sua etiologia.
Exames clínicos de mama
A orientação é que, a partir dos 40 anos, as mulheres devem fazer um exame clínico das mamas por um profissional de saúde anualmente como parte de seu exame regular de saúde.
Não há evidências suficientes ou que não recomendam exames clínicos das mamas para mulheres em qualquer idade.
A autoconsciência da mama é importante, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia. Mulheres de todas as idades devem discutir a autoconsciência das mamas com seu médico e relatar imediatamente qualquer mudança na aparência e sensação normais de suas mamas. Essas alterações podem incluir dor, massa, secreção mamilar diferente do leite materno ou vermelhidão.
Mamografias
De 50 a 74 anos
Recomenda-se o rastreamento com uma mamografia a cada 1 a 2 anos.
A American Medical Association (AMA) recomenda a triagem com mamografia todos os anos.
Mais de 75 anos
O ACOG diz que a decisão de fazer o rastreamento após os 75 anos deve ser tomada por uma mulher e seu médico (decisão compartilhada) e deve levar em consideração sua saúde e longevidade.
A ACS e a NCCN afirmam que o rastreamento mamográfico deve continuar enquanto a mulher estiver bem de saúde e se espera que viva por 10 anos ou mais.
USPSTF e ACP declararam que as evidências atuais são insuficientes para determinar se há benefícios e danos adicionais do rastreamento de mamografia em mulheres de 75 anos ou mais e não faz nenhuma recomendação específica para essa faixa etária.
Risco aumentado
O histórico familiar e a genética podem contribuir para um alto risco ao longo da vida. Outros fatores de risco para câncer de mama incluem uma história pessoal de câncer de mama, obesidade, início da menstruação em uma idade mais jovem, ter seu primeiro filho após os 35 anos, nunca dar à luz, terapia hormonal pós-menopausa, início da menopausa em uma idade mais avançada e consumo de álcool.
Alguns dos fatores importantes que contribuem para um alto risco ao longo da vida incluem:
- Carregando um gene BRCA1 ou BRCA2 mutado ou tendo um parente próximo com o gene
- Tendo recebido radiação no tórax em uma idade jovem (entre 10 e 30 anos)
- Certos históricos de família, como vários parentes próximos com câncer de mama ou de ovário
A ACS recomenda que as mulheres com alto risco ao longo da vida sejam examinadas com ressonância magnética (MRI) além da mamografia anualmente, começando aos 30 anos e continuando enquanto estiverem em boas condições de saúde.
Se você suspeitar que tem um risco aumentado de câncer de mama, consulte seu médico e considere o desenvolvimento de um programa de rastreamento individualizado.
Links
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial - SBPC/ML
Sociedade Brasileira de Mastologia - SBMastologia
Fontes
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