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Este artigo foi modificado pela última vez em 17 de Dezembro de 2020.
Resumo


A medula óssea é um tecido mole encontrado dentro dos ossos, como o esterno, as costelas, a coluna vertebral, a pelve e as partes proximais do fêmur e do úmero. Nela, uma rede fibrosa suporta células tronco, que se diferenciam para formar células do sangue: leucócitos, hemácias e plaquetas. A medula óssea normal contém precursores dessas células, e libera para o sangue apenas células maduras.

Qualquer doença ou anormalidade que afete a produção de células do sangue ou de seus precursores pode causar um distúrbio da medula óssea. Estes podem ser classificados em:

  • Produção excessiva de um tipo de célula, que pode afetar a produção de outros tipos.
  • Produção de células com maturação ou função anormal.
  • Crescimento excessivo da matriz fibrosa, prejudicando a formação de células.
  • Predomínio de um tipo de célula porque tem vida prolongada.
  • Diminuição da produção de células, ou diminuição de seu tempo de vida.
  • Deficiência de fatores nutricionais prejudicando a formação e a maturação das células.
  • Invasão da medula óssea por neoplasias ou infecções de outros órgãos.

As células

Leucócitos
Há cinco tipos de leucócitos: linfócitos, neutrófilos, eosinófilos, basófilos e monócitos. Eles participam de reações de proteção do corpo contra infecções. Neutrófilos e monócitos ingerem e matam bactérias e substâncias estranhas. Basófilos e eosinófilos participam de reações alérgicas. Linfócitos são encontrados no sangue e nos órgãos linfoides e existem em dois tipos principais: T e B. Os linfócitos T terminam sua maturação no timo e reconhecem e atacam invasores. Os linfócitos B produzem anticorpos, proteínas que reagem com antígenos específicos.

Hemácias
Hemácias são discos bicôncavos que contêm hemoglobina. Esta transporta oxigênio dos pulmões para todos os tecidos do corpo.

Plaquetas (trombócitos)
As plaquetas são fragmentos de células da medula óssea chamadas megacariócitos. As plaquetas se acumulam para vedar rupturas da parede dos vasos e iniciam o processo de coagulação do sangue.

Os distúrbios

Leucemia é uma proliferação de leucócitos com acúmulo de células imaturas ou maduras. As células leucêmicas não têm função normal, e seu excesso prejudica a formação de outros tipos de células, incluindo outros leucócitos, hemácias e plaquetas. Pacientes com leucemia podem ter infecções frequentes, anemia e apresentar fadiga, sangramentos e dores ósseas. O baço, o fígado e os linfonodos podem aumentar por acúmulo de células leucêmicas.

Doenças mieloproliferativas são distúrbios em que há proliferação excessiva de uma ou mais linhagens de células do sangue ou da matriz fibrosa da medula óssea. O acúmulo de uma linhagem de células pode prejudicar ou deslocar o desenvolvimento das outras.

Síndromes mielodisplásicas são um grupo de doenças em que há anormalidades na produção de células da medula óssea, podendo causar anemia, infecções e sangramentos anormais. São classificadas de acordo com o exame das células da medula óssea, incluindo anemias que não respondem ao tratamento (refratárias), anemias associadas a anormalidades cromossômicas e outros tipos. É frequente a evolução de síndromes mielodisplásicas para leucemia mieloide aguda.

A anemia aplástica é causada por falta de células tronco precursoras ou por modificação do ambiente da medula óssea. Pode ser provocada por exposição a radiações ou a substâncias como benzeno e alguns medicamentos. Alguns casos raros envolvem anormalidades genéticas, como a anemia de Fanconi, ou estão associados a infecções virais, como parvovírus. A causa é desconhecida em cerca de metade dos casos.

Outros distúrbios incluem:

  • Distúrbios dos plasmócitos, associados a expansão de um clone de linfócitos B e produção de seu anticorpo correspondente.
  • Linfomas e outros tumores que podem invadir a medula óssea e prejudicar suas funções.
  • Anemias causadas por deficiências (como a de ferro) por defeitos hereditários da membrana celular ou da hemoglobina.
  • Anemias causadas por deficiência da produção de eritropoietina pelos rins.
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    Sobre Disturbios da Medula Óssea
    • Sinais e Sintomas

      Os distúrbios da medula óssea podem ser graves, com risco de vida, ou crônicos e traiçoeiros. Alguns distúrbios crônicos podem ser identificados em exames de rotina. Sintomas agudos estão relacionados a excesso ou falta de células do sangue. Os mais comuns são:

      • Febre
      • Fraqueza, fadiga e palidez provocadas por anemia
      • Perda de peso
      • Aumento de linfonodos, do fígado ou do baço
      • Sangramentos anormais
      • Suores noturnos
      • Dores ósseas e articulares
      • Infecções frequentes
      • Cefaleia (dor de cabeça), vômitos, alteração da consciência e convulsões (envolvimento do sistema nervoso central
    • Exames

      Exames laboratoriais

      Hemograma
      Exame de rotina que avalia os números e o aspecto das células do sangue. Alterações do hemograma podem indicar distúrbios da medula óssea ou ocorrer devido a muitas outras doenças.

      Aspirado ou biópsia da medula óssea
      O exame microscópico do aspirado ou de uma biópsia da medula óssea permite avaliar a quantidade e a morfologia das células precursoras da medula, e detectar invasão por neoplasias ou infecções. Também podem ser avaliadas as reservas de ferro na medula óssea, mas para isso também existem outros exames que são menos invasivos.

      Citometria de fluxo
      A citometria de fluxo pode ser usada para avaliar antígenos de superfície e o conteúdo de DNA das células da medula óssea, do sangue periférico ou de outros líquidos corporais. As células são incubadas com marcadores fluorescentes e examinadas para determinar sua quantidade e detectar anormalidades.

      Testes genéticos
      São usados para pesquisar anormalidades genéticas em células da medula óssea ou do sangue periférico. Incluem:

      • Translocações cromossômicas, em que parte de um cromossomo é transferida para outro lugar, em geral em outro cromossomo. São observadas em diversos tipos de leucemias e de linfomas.
      • Alterações isoladas de genes, observadas em alguns linfomas e em hemoglobinopatias.
      • Clones celulares, quando são produzidas muitas cópias do mesmo leucócito, são indicação diagnóstica em síndromes mielodisplásicas e em neoplasias linfoides.

       

      Essas técnicas envolvem a remoção do DNA de uma população de células da medula óssea ou do sangue e pesquisa de uma das anormalidades relacionadas acima.

      Punção lombar
      É usada em casos de leucemia para pesquisar células leucêmicas no líquido cefalorraquiano.

      Exames não laboratoriais

      Exames de imagem podem ser realizados para verificar massas celulares no tórax ou aumento de órgãos como o fígado e o baço.

    • Tratamentos

      Em geral, distúrbios da medula óssea não são evitáveis. Alguns resultam de exposição a substâncias, radioterapia anterior ou problemas genéticos raros, mas, em sua maioria, a causa é desconhecida. O tratamento depende do tipo de distúrbio, de sua gravidade e dos sintomas, e com frequência pode mudar com a evolução da doença.

      Leucemias agudas são curáveis algumas vezes com quimioterapia e radioterapia. O objetivo do tratamento é destruir todas as células anormais, permitindo a restauração das normais.

      Outros tratamentos têm o objetivo de aliviar os sintomas. Podem envolver transfusões de sangue, se houver anemia, ou remoção de sangue (flebotomia terapêutica), se houver excesso de produção de hemácias. Pode ser necessário fazer transfusões de plaquetas para controlar sangramento excessivo. Em infecções frequentes faz-se tratamento com antibióticos e administração de fatores estimulantes da formação de granulócitos e monócitos. Caso ocorram deficiências nutricionais, como a de ferro, é necessário fazer sua reposição. Se o baço aumentar muito, talvez seja preciso removê-lo cirurgicamente.

      Um transplante de medula óssea é uma indicação para distúrbios graves que não respondem a outros tratamentos. A medula óssea é retirada do paciente e recolocada após ser “limpa” de células anormais, ou obtida de um doador adequado, em geral, um parente.

      Novos tratamentos continuam a surgir de pesquisas e ensaios clínicos. Os pacientes devem conversar com seus médicos para determinar o tratamento mais adequado para eles.

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