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Este artigo foi modificado pela última vez em 28 de Dezembro de 2019.
Resumo

Tuberculose é uma infecção causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Pode afetar muitos órgãos, mas atinge com mais frequência os pulmões. É transmitida entre pessoas através do ar por secreções respiratórias (escarro) ou por aerossóis (partículas) expelidas pela tosse, espirro, riso ou respiração. Na maioria das pessoas infectadas com a bactéria, esta fica confinada em um pequeno grupo de células, onde permanece viva mas inativa. Essa infecção latente não causa sintomas, não é transmissível e, na maior parte dos casos, não evolui para doença ativa. Entretanto, em algumas pessoas, especialmente as imunodeprimidas, pode progredir diretamente para tuberculose ativa. Em outras, é possível ocorrer a reativação de uma tuberculose latente.

A doença é conhecida há séculos como uma importante causa de morte. Antes da descoberta dos antibióticos, os pacientes eram internados por longos períodos em sanatórios. Embora a incidência tenha diminuído nos países avançados, a Organização Mundial de Saúde (OMS) avalia que um terço da população mundial esteja infectada, e a tuberculose permanece como a principal causa de morte por infecção no mundo, matando cerca de dois milhões de pessoas por ano.

As populações mais atingidas são as que vivem em locais superpovoados ou confinados, como prisões e favelas, e pessoas com pouco acesso a assistência médica ou com problemas que enfraquecem o sistema imunológico, como desabrigados, alcoólatras, usuários de drogas intravenosas, pacientes com aids, doenças renais ou hepáticas.

Uma preocupação crescente é o aumento da resistência aos medicamentos, que pode ser a um único medicamento até a extensa, que é definida pela OMS como resistência à isoniazida, à rifampicina, às fluoroquinolonas e a pelo menos um dos antibióticos de segunda linha (amicacina, canamicina ou capreomicina). A resistência extensa ainda é incomum, mas teme-se que sua frequência aumente.

Sinais e sintomas


A infecção latente não causa sintomas.

Os sintomas da tuberculose ativa dependem das partes do corpo afetadas. Na tuberculose pulmonar incluem:

  • Tosse crônica, algumas vezes com sangue no escarro
  • Febre
  • Calafrios
  • Perda de peso
  • Fraqueza

A tuberculose extrapulmonar pode provocar poucos sintomas ou uma grande variedade deles, dependendo dos órgãos afetados. As formas mais comuns são tuberculose pleural, ganglionar, meningoencefálica, pericárdica, óssea e renal.

  • Dor lombar e paralisia (tuberculose da coluna vertebral)
  • Fraqueza provocada por anemia (tuberculose da medula óssea)
  • Dores articulares
  • Dor associada ao trato urinário e ao sistema reprodutor, podendo causar infertilidade
  • Dor abdominal
  • Febre e falta de ar (pericardite tuberculosa)
  • Alteração do estado mental, cefaleia (dor de cabeça) e coma (tuberculose meningoencefálica)

Todos esses sintomas podem ser observados em outras doenças e estados clínicos. O diagnóstico de tuberculose depende da identificação do Mycobacterium tuberculosis nos líquidos corporais ou nos tecidos.

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Sobre Tuberculose
  • Exames

    Exames laboratoriais

    Teste intradérmico
    Um teste intradérmico com um extrato de proteínas do Mycobacterium tuberculosis (PPD - derivado de proteína purificada) detecta e mede a intensidade da reação imunológica retardada à tuberculose. Em países onde a vacinação (ver abaixo) é obrigatória, como o Brasil, seu valor é limitado, porque não é possível distinguir a reação à bactéria da reação à vacina. Em países em que a vacinação não é feita de rotina, como os EUA, o teste é usado como triagem, podendo indicar tuberculose latente ou doença ativa.

    Após uma injeção intradérmica de uma dose padronizada do extrato, o local é examinado por um profissional com 48 e 72 horas, e é medido o diâmetro da pápula de eritema.

    Testes que medem a liberação de interferon gama por linfócitos incubados com PPD estão sendo avaliados como uma alternativa ao PPD, e não parecem ser afetados pela vacinação.

    Pesquisa e cultura de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR)
    Para diagnóstico da tuberculose pulmonar são colhidas de três a cinco amostras de escarro na manhã de dias diferentes, quando é mais provável a eliminação de bacilos. Se houver suspeita de tuberculose extrapulmonar, são colhidos materiais das regiões suspeitas, como lavado ou aspirado gástrico, urina, líquido cefalorraquiano, biópsias e outros.

    Esses materiais recebem uma coloração especial (para bacilos álcool-ácido resistentes) e são examinados ao microscópio. A detecção desses bacilos estabelece um diagnóstico presuntivo, a ser confirmado pela cultura, que permite distinguir o Mycobacterium tuberculosis de outros bacilos álcool-ácido resistentes.

    Também podem ser usados métodos de amplificação genética (PCR) para a pesquisa de material genético do Mycobacterium tuberculosis. Alguns testes podem ainda identificar as variantes mais comuns com resistência a fármacos. Esses exames envolvem tecnologia e aparelhagem não disponíveis com facilidade, e ainda não são usados como rotina.

    A pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes e os métodos de amplificação genética produzem resultados em um dia. O resultado da cultura demora várias semanas. Os positivos podem ser mais rápidos, mas resultados negativos devem aguardar de quatro a seis semanas. Mesmo assim, a cultura continua a ser o método mais confiável de diagnóstico da doença.

    As culturas permitem também testar a sensibilidade da cepa isolada de Mycobacterium tuberculosis aos antibióticos e quimioterápicos usados no tratamento.

    Estão em avaliação novos métodos de cultura líquida, que permitem o diagnóstico e o teste de sensibilidade em sete dias.

    Os mesmos métodos são usados no diagnóstico e no controle do tratamento.

    Exames não laboratoriais
    São usados estudos radiológicos para diagnóstico e controle do tratamento de tuberculose pulmonar ou extrapulmonar. Na pulmonar, podem ser observadas condensações, cavidades e calcificações.

  • Tratamento

    Prevenção
    A disseminação da tuberculose pode ser evitada pela identificação, isolamento e tratamento de pessoas infectadas antes que transmitam a doença.

    Uma vacina, chamada BCG (bacilo de Calmette e Guérin) e preparada a partir de cepas atenuadas da bactéria da tuberculose bovina (Mycobacterium bovis), é usada em países em que há incidência alta de tuberculose, mas não onde a doença é menos comum. Ela não é recomendada nos EUA, mas é obrigatória no Brasil para crianças entre 0 e 4 anos de idade. A BCG diminui a frequência de sintomas graves na infecção inicial e parece diminuir a ocorrência de doença ativa em pessoas infectadas. Os resultados são variáveis e dependem da região.

    Diagnóstico precoce
    Não há métodos comprovados para identificar a tuberculose latente nem para reconhecer e tratar os pacientes sujeitos a progressão para tuberculose ativa. Entretanto, há rotinas de tratamento preventivo definidas para cada país e para determinadas situações de risco. Por exemplo, no Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que recém-nascidos que moram no mesmo lugar que pessoas que produzem bacilos não devem tomar a vacina e precisam ser tratadas com isoniazida durante três meses. Após esse tempo, se o PPD for menor que 5 mm, são vacinados; se for maior que 5 mm, o tratamento com isoniazida é mantido durante mais três meses. Em cada situação de risco o médico decide a indicação ou não de tratamento.

    Tuberculose ativa
    A tuberculose ativa sempre deve ser tratada. Após o diagnóstico, o tratamento é feito usando dois ou mais medicamentos durante vários meses e é monitorado com pesquisas de bacilos e culturas.

    Embora os sintomas desapareçam após algumas semanas, é importante manter o tratamento durante o período previsto. Pacientes que não forem completamente curados podem apresentar recidivas (retorno da doença) com bactérias resistentes aos medicamentos usados anteriormente, e precisam de tratamento adicional, durante vários meses, com medicamentos mais tóxicos.

    As autoridades mundiais recomendam que os pacientes com tuberculose ativa devem participar de programas de tratamento com observação direta, e que o paciente toma os mediamentos todos os dias ou diversos dias por semana na presença de um profissional de saúde. Isso diminui o abandono do tratamento e o número de pessoas que precisam ser tratadas por causa de recidivas.

Fontes do Artigo

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