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Este artigo foi modificado pela última vez em 25 de Dezembro de 2019.
Resumo

A intoxicação pelo chumbo é um problema evitável que resulta da exposição a esse metal. Indicada por níveis sanguíneos altos de chumbo, pode causar danos permanentes à saúde, especialmente em crianças. É um problema mundial, que afeta mais os países onde não são proibidos encanamentos, tintas e aditivos da gasolina que contêm chumbo. Nos EUA, cerca de 7% das crianças têm níveis sanguíneos de chumbo acima de 10 µg/dL. Em países menos desenvolvidos, a proporção pode ser maior que 30%.

O chumbo é um metal resistente à corrosão, presente em pequenas quantidades no ambiente. Antes de 1978, era um componente importante de tintas e da gasolina, usado em encanamentos de água, em soldas de latas de alimentos e em pesticidas para jardins e plantações. Embora proibido em muitos países, o chumbo ainda é utilizado em indústrias e em muitas atividades.

Pequenas partículas de chumbo entram no corpo principalmente por inalação ou ingestão de poeira contaminada. Dos pulmões e do tubo digestivo, ele passa para o sangue e é conduzido para os órgãos em todos o corpo, acumulando-se mais nos ossos e nos dentes, de onde é retirado devagar para ser excretado na urina e nas fezes. Passa da mãe para o feto durante a gravidez e a amamentação.

O envenenamento pode afetar quase todas as partes do corpo, mas os efeitos mais intensos são sobre o sistema nervoso central. Em crianças, pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo e gerar problemas de aprendizado e de comportamento. O envenenamento agudo causa encefalopatia, dor abdominal intensa, vômitos, diarreia e, em casos graves, convulsões, coma e morte. A exposição crônica provoca fraqueza, dor abdominal, anemia, náuseas, perda de peso, fadiga, cefaleia (dor de cabeça) e perda de funções cognitivas. A exposição crônica de baixo nível pode ser assintomática até ocorrerem sinais de disfunção renal.

Os níveis sanguíneos máximos recomendados em crianças são de 10 µg/dL. A gravidade do envenenamento depende da intensidade e da duração da exposição, da saúde e do estado nutricional da pessoa, e da idade. É mais vulnerável quem apresenta carência de ferro ou está desnutrido, porque absorve o chumbo com maior facilidade. Crianças com menos de seis anos de idade têm um risco maior porque colocam objetos na boca e absorvem o chumbo com facilidade, ingerem ou aspiram esse material em poeira, tinta descascada, objetos, alimentos e água contaminados.

Casas antigas, principalmente as construídas antes de 1950, provavelmente têm pinturas com chumbo e objetos contaminados. O solo em torno dessas construções também pode estar contaminado.

A exposição de adultos ocorre em geral durante atividades ocupacionais ou recreativas. No Brasil, a Norma Regulamentadora número 7 (NR-7) determina a concentração máxima permitida de chumbo em trabalhadores.

Ambientes de trabalho em que exposição ao chumbo é possível:

  • Fundição de chumbo
  • Construção
  • Fundição de aço
  • Construção de pontes
  • Remodelação e acabamento
  • Limpeza de áreas de tiro
  • Reciclagem de metais
  • Mecânica de automóveis
  • Soldagem

Atividades em que é possível haver exposição ao chumbo:

  • Preparo de balas de armas de fogo e pesos de pesca
  • Reforma de prédios construídos antes de 1978
  • Tiro ao alvo
  • Soldagem com chumbo
  • Conserto de automóveis
  • Trabalhos com vidro pintado
  • Trabalhos com cerâmica vitrificada
  • Pintura artística

Remédios caseiros, alimentos, suplementos nutricionais, cosméticos, jóias, brinquedos e alimentos enlatados fabricados em países onde não há um controle estrito dos teores de chumbo podem conter esse metal em excesso. Pessoas provenientes desses países também podem estar contaminadas..

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Sobre Intoxicação por Chumbo
  • Exames

    A dosagem de chumbo no sangue é usada para pesquisar exposição e para monitorar o tratamento. O sague em geral é colhido de uma veia do braço. Pode ser precedida de um teste de triagem, que fornece um resultado rápido usando uma gota de sangue colhida de uma picada em um dedo. Se o resultado for anormal, é feita a dosagem no sangue venoso.

    A dosagem de zinco-protoporfirina nas hemácias está aumentada na carência de ferro e no envenenamento pelo chumbo. Representa uma média da exposição em um período de tempo, demora a se elevar após uma exposição aguda e diminui devagar se a exposição for eliminada. É pouco usada porque é considerada um exame pouco sensível, e mantém-se normal até a concentração de chumbo no sangue alcançar 25 µg/dL ou mais.

    Quando os níveis no sangue estão elevados (mais de 20µg/dL em crianças), o médico pode pedir exames como hemoglobina ou hematócrito para verificar se a criança está anêmica, ou exames do ferro para detectar deficiência de ferro.

  • Tratamento

    O melhor modo de lidar com o chumbo é evitar a exposição. Nos países em que existe um controle de seu uso, o número de pessoas com níveis aumentados no sangue diminuiu muito nos últimos anos, depois de sua eliminação em tintas, na gasolina, em encanamentos e em outros produtos.

    A triagem de crianças e de adultos sujeitos a exposição ocupacional identifica pessoas que precisam ser tratadas. O tratamento mais comum é identificar a fonte da exposição e eliminá-la. Crianças com níveis no sangue acima de 25 µg/dL são candidatas a tratamento com quelantes, dependendo dos sintomas. A quelação em geral é feita com ácido 2,3-dimercapto-succínico oral. Outros quelantes são a d-penicilamina (oral), o EDTA e o dimercaprol (injetáveis).

    Para crianças com níveis entre 45 µg/dL e 70 µg/dL, o tratamento quelante é feito em um hospital. Níveis de chumbo acima de 70 µg/dL são considerados uma emergência clínica, e o tratamento envolve a administração intravenosa de EDTA, que é perigoso porque o chumbo ligado ao EDTA é tóxico para os rins.

    Adultos toleram níveis sanguíneos mais altos antes de apresentarem sintomas. Quando alcançam 45 µg/dL causados por exposição ocupacional, o trabalhador deve ser transferido para outra atividade. Se diversos trabalhadores forem contaminados, o local de trabalho deve ser modificado.

Fontes do Artigo

Fontes usadas na revisão atual

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Harold E. Hoffman, MD, FRCPC, FACOEM. Occupational & Environmental Medicine. Edmonton, Alberta, Canada.

Thomas P. Moyer, Ph.D. Professor of Laboratory Medicine, Mayo College of Medicine. Vice Chair for Diagnostic Development, Department of Laboratory Medicine & Pathology. Co-Director for Medical Affairs, Mayo Collaborative Services, Inc. Mayo Clinic, Rochester, MN.