A intoxicação pelo chumbo é um problema evitável que resulta da exposição a esse metal. Indicada por níveis sanguíneos altos de chumbo, pode causar danos permanentes à saúde, especialmente em crianças. É um problema mundial, que afeta mais os países onde não são proibidos encanamentos, tintas e aditivos da gasolina que contêm chumbo. Nos EUA, cerca de 7% das crianças têm níveis sanguíneos de chumbo acima de 10 µg/dL. Em países menos desenvolvidos, a proporção pode ser maior que 30%.
O chumbo é um metal resistente à corrosão, presente em pequenas quantidades no ambiente. Antes de 1978, era um componente importante de tintas e da gasolina, usado em encanamentos de água, em soldas de latas de alimentos e em pesticidas para jardins e plantações. Embora proibido em muitos países, o chumbo ainda é utilizado em indústrias e em muitas atividades.
Pequenas partículas de chumbo entram no corpo principalmente por inalação ou ingestão de poeira contaminada. Dos pulmões e do tubo digestivo, ele passa para o sangue e é conduzido para os órgãos em todos o corpo, acumulando-se mais nos ossos e nos dentes, de onde é retirado devagar para ser excretado na urina e nas fezes. Passa da mãe para o feto durante a gravidez e a amamentação.
O envenenamento pode afetar quase todas as partes do corpo, mas os efeitos mais intensos são sobre o sistema nervoso central. Em crianças, pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo e gerar problemas de aprendizado e de comportamento. O envenenamento agudo causa encefalopatia, dor abdominal intensa, vômitos, diarreia e, em casos graves, convulsões, coma e morte. A exposição crônica provoca fraqueza, dor abdominal, anemia, náuseas, perda de peso, fadiga, cefaleia (dor de cabeça) e perda de funções cognitivas. A exposição crônica de baixo nível pode ser assintomática até ocorrerem sinais de disfunção renal.
Os níveis sanguíneos máximos recomendados em crianças são de 10 µg/dL. A gravidade do envenenamento depende da intensidade e da duração da exposição, da saúde e do estado nutricional da pessoa, e da idade. É mais vulnerável quem apresenta carência de ferro ou está desnutrido, porque absorve o chumbo com maior facilidade. Crianças com menos de seis anos de idade têm um risco maior porque colocam objetos na boca e absorvem o chumbo com facilidade, ingerem ou aspiram esse material em poeira, tinta descascada, objetos, alimentos e água contaminados.
Casas antigas, principalmente as construídas antes de 1950, provavelmente têm pinturas com chumbo e objetos contaminados. O solo em torno dessas construções também pode estar contaminado.
A exposição de adultos ocorre em geral durante atividades ocupacionais ou recreativas. No Brasil, a Norma Regulamentadora número 7 (NR-7) determina a concentração máxima permitida de chumbo em trabalhadores.
Ambientes de trabalho em que exposição ao chumbo é possível:
- Fundição de chumbo
- Construção
- Fundição de aço
- Construção de pontes
- Remodelação e acabamento
- Limpeza de áreas de tiro
- Reciclagem de metais
- Mecânica de automóveis
- Soldagem
Atividades em que é possível haver exposição ao chumbo:
- Preparo de balas de armas de fogo e pesos de pesca
- Reforma de prédios construídos antes de 1978
- Tiro ao alvo
- Soldagem com chumbo
- Conserto de automóveis
- Trabalhos com vidro pintado
- Trabalhos com cerâmica vitrificada
- Pintura artística
Remédios caseiros, alimentos, suplementos nutricionais, cosméticos, jóias, brinquedos e alimentos enlatados fabricados em países onde não há um controle estrito dos teores de chumbo podem conter esse metal em excesso. Pessoas provenientes desses países também podem estar contaminadas..