Nome formal
Exames do ferro
Este artigo foi revisto pela última vez em
Este artigo foi modificado pela última vez em 27 de Julho de 2019.
De relance
Por que fazer este exame?

Para avaliar o estado do ferro no corpo.

Quando fazer este exame?

Quando o médico suspeita de deficiência ou excesso de ferro no corpo.

Amostra:

Uma amostra de sangue obtida de uma veia do braço.

É necessária alguma preparação?

Pode ser necessário jejum de 12 horas antes da colheita. Neste caso, só é permitida a ingestão de água.

O que está sendo pesquisado?

O ferro é um elemento essencial. É necessário para a produção de hemácias normais. Faz parte da hemoglobina, a proteína das hemácias que transporta oxigênio dos pulmões para o resto do corpo. Níveis baixos de ferro causam anemia e a produção de hemácias microcíticas e hipocrômicas. Quantidades excessivas de ferro são tóxicas, e a absorção em excesso provoca acúmulo nos órgãos e tecidos, podendo causar lesão do fígado, do coração e do pâncreas.

O ferro é absorvido dos alimentos e transportado no sangue pela transferrina, proteína produzida no fígado. Cerca de 70% do ferro absorvido é incorporado à hemoglobina nas hemácias. A maior parte do restante é armazenada nos tecidos como ferritina ou como hemossiderina, e uma pequena quantidade é usada para produzir mioglobina e algumas enzimas.

Os exames do ferro avaliam a quantidade de ferro no corpo medindo diversas substâncias no sangue. Com frequência, esses exames são pedidos ao mesmo tempo, e os resultados são considerados em conjunto para diagnosticar ou monitorar deficiência ou sobrecarga de ferro.

A deficiência de ferro pode ser causada por ingestão insuficiente, absorção inadequada ou aumento das necessidades, como na gravidez ou quando há perda de sangue aguda ou crônica. A sobrecarga de ferro também pode ser aguda ou crônica. O envenenamento agudo com ferro por ocorrer, especialmente em crianças, com ingestão de cápsulas de ferro. A sobrecarga crônica pode ser consequência de ingestão excessiva, de hemocromatose hereditária ou de transfusões múltiplas.

Como a amostra é obtida para o exame?

Uma amostra de sangue colhida com uma agulha de uma veia do braço.

NOTA: Se exames médicos em você ou em alguém importante para você o deixam ansioso ou constrangido, ou se você tem dificuldade de lidar com eles, leia um ou mais dos seguintes artigos: Lidando com dor, desconforto ou ansiedade durante o exame, Conselhos sobre exames de sangue, Conselhos para ajudar crianças durante exames médicos, e Conselhos para ajudar idosos durante exames médicos.

Outro artigo, Siga essa amostra, fornece uma visão da coleta e do processamento de uma amostra de sangue e de uma amostra de cultura da garganta.

É necessário algum preparo para garantir a qualidade da amostra?

Podem ser necessárias 12 horas de jejum antes da colheita. Neste caso, só é permitida a ingestão de água.
Accordion Title
Perguntas frequentes
  • Como o exame é usado?

    O estado do ferro pode ser avaliado por um ou mais exames que determinam a quantidade desse metal no sangue, a capacidade que o sangue tem de transportá-lo e a quantidade de ferro de reserva. Também podem facilitar a diferenciação entre diversos tipos de anemia. Os exames podem incluir:

    • Ferro sérico - Mede a quantidade de ferro no sangue.
    • Capacidade total de transporte de ferro - Mede as proteínas do sangue que ligam o ferro, incluindo a transferrina. Como esta é a principal proteína transportadora de ferro, a capacidade total de transporte desse metal é uma boa medida indireta da transferrina, cuja produção está relacionada com a necessidade de ferro. Quando as reservas desse metal estão baixas, os níveis de transferrina se elevam, e vice-versa. Em pessoas saudáveis, cerca de 1/3 dos locais de ligação da transferrina são usados para transportar ferro.
    • Capacidade não saturada de transporte de ferro - Mede a capacidade de reserva da transferrina, a parte da transferrina que não está saturada com ferro. No Brasil, utiliza-se principalmente a Saturação da transferrina (veja abaixo).
    • Saturação da transferrina - É calculada dividindo o resultado do ferro no sangue pelo da capacidade total de transporte de ferro. Representa a percentagem da transferrina que está ligada ao metal.
    • Ferritina no sangue - Reflete o tamanho das reservas de ferro do corpo. É a principal proteína que armazena esse metal nas células.

    Com frequência, esses exames são pedidos juntos. Os resultados detectam deficiência ou sobrecarga de ferro.

    Diversos outros exames podem ser usados para ajudar no diagnóstico de problemas com ferro:

    • Hemoglobina e hematócrito - Fazem parte do hemograma. Valores baixos indicam anemia. Deficiência de ferro é uma causa de anemia muito comum. O tamanho médio das hemácias (volume globular médio ou VGM) e a quantidade média de hemoglobina nas hemácias (hemoglobina globular média ou HGM) também são determinados no hemograma. Na deficiência de ferro, diminui a produção de hemoglobina, gerando hemácias menores e pálidas. O VGM e a HGM estão baixos.
    • Zinco protoporfirina - A protoporfirina é um precursor da parte da hemoglobina que contém ferro. Se ele não existe em quantidade suficiente, outro metal, como o zinco, liga-se à protoporfirina. A quantidade de protoporfirina de zinco nas células aumenta na deficiência de ferro. A protoporfirina de zinco é usada, às vezes, como exame de triagem, especialmente em crianças. Entretanto, esse exame não é específico para deficiência de ferro, e valores elevados devem ser confirmados por outros exames.
    • Exame do gene HFE - Hemocromatose é uma doença hereditária, mais comum em caucasianos, que aumenta a absorção de ferro. Em geral, é resultado de uma anormalidade hereditária de um gene específico, chamado HFE, que afeta a absorção de ferro no intestino. Pessoas com duas cópias do gene absorvem muito ferro, e o excesso se deposita nos tecidos, causando lesão e insuficiência de órgãos. O exame do gene HFE determina se a pessoa tem uma das mutações que causam a doença. A mutação mais comum é chamada C282Y.
  • Quando o exame é pedido?

    Podem ser pedidos um ou mais exames do ferro quando os resultados de um hemograma e rotina estão anormais, com hematócrito e hemoglobina baixos, ou quando o médico suspeita de deficiência de ferro por causa de presença de sinais e sintomas como:

    • Fadiga crônica
    • Tontura
    • Fraqueza
    • Cefaleias

    Podem ser pedidas ferritina, saturação da transferrina e capacidade total de transporte de ferro ou capacidade não saturada de transporte de ferro quando há suspeita de sobrecarga crônica desse metal (hemocromatose). Pede-se o exame do gene HFE para confirmar o diagnóstico de hemocromatose hereditária ou quando uma pessoa tem uma história familiar de hemocromatose.

    A dosagem de ferro e, algumas vezes, a capacidade total de transporte de ferro e a ferritina podem ser pedidas quando há sintomas suspeitos de sobrecarga do metal ou de envenenamento por ele. Os sintomas podem incluir:

    • Dor articular
    • Fadiga, fraqueza
    • Falta de energia
    • Dor abdominal
    • Perda da libido
    • Problemas cardíacos

    Quando há suspeita de que uma criança ingeriu cápsulas de ferro, pede-se a dosagem de ferro para avaliar a gravidade do envenenamento.

  • O que significa o resultado do exame?

    Um resumo das alterações dos exames do ferro observadas em diversas doenças é mostrado na tabela abaixo.

     

    Doença Ferro Capacidade total de transporte de ferro Capacidade não saturada de transporte de ferro

    Saturação da transferrina

    Ferritina
    Deficiência de ferro Baixo Alta Alta Baixa Baixa
    Hemocromatose Alto Baixa Baixa Alta Alta
    Doenças crônicas Baixo Baixa Baixa ou normal Baixa Normal ou alta
    Anemias hemolíticas Alto Normal ou baixa Baixa ou normal Alta Alta
    Anemia sideroblástica Normal ou alto Normal ou baixa Baixa ou normal Alta Alta
    Envenenamento por ferro Alto Normal Baixa Alta Normal

    A gravidade da deficiência de ferro varia. A forma mais branda é a depleção, em que a quantidade de ferro em uso é adequada, mas as reservas estão diminuídas. O ferro pode estar normal nessa fase, mas a ferritina está baixa. Com a piora da deficiência, as reservas são todas usadas e o corpo produz mais transferrina. Nessa fase, o ferro está baixo e a capacidade de transporte alta. Com a evolução além desse estágio, diminui a produção de hemácias. Na anemia por deficiência de ferro, a quantidade de hemácias diminui e elas são menores e mais pálidas que o normal.

    Se o nível de ferro está alto, a capacidade total de transporte do metal e a ferritina estão normais, e a pessoa possui uma história clínica consistente com sobrecarga de ferro, é provável que tenha havido envenenamento pelo metal. Ele ocorre quando são ingeridas grandes quantidades de ferro. É raro, e acontece com frequência maior em crianças que ingerem suplementos de ferro dos pais. Em casos raros, esse envenenamento pode ser fatal.

    Quando uma pessoa possui duas cópias de uma mutação do gene HFE, tem hemocromatose hereditária. Entretanto, muitas pessoas com hemocromatose não apresentam sintomas durante toda a vida, enquanto outras desenvolvem dores articulares, dores abdominais e fraqueza a partir de 30 a 50 anos de idade. A sobrecarga de ferro pode ocorrer também em pessoas com hemossiderose ou que recebem transfusões múltiplas, como na talassemia ou outras formas de anemia. O ferro de cada unidade transfundida permanece no corpo, acumulando-se nos tecidos. Alguns alcoólicos com doença hepática crônica também desenvolvem hemossiderose.

  • Há mais alguma coisa que eu devo saber?

    O ferro no corpo é mantido por um equilíbrio entre a quantidade perdida e a quantidade ingerida. Normalmente, perde-se uma pequena quantidade de ferro todos os dias e, se a ingestão for menor, desenvolve-se a deficiência. A alimentação comum possui ferro suficiente para repor a perda diária normal e evitar sua deficiência e anemia por deficiência de ferro. Em algumas ocasiões, há aumento da necessidade de ingestão desse metal.

    Pessoas com sangramento crônico do tubo digestivo (por exemplo, de úlceras e tumores) ou mulheres com fluxo menstrual excessivo perdem mais ferro que o normal e podem desenvolver a deficiência. Mulheres grávidas ou amamentando cedem ferro para o bebê e podem apresentar deficiência de ferro se não aumentarem sua ingestão. Crianças, especialmente em períodos de crescimento rápido, também podem precisar de ingestão adicional de ferro.

    O ferro no sangue pode diminuir em situações em que o corpo não usa o utiliza de modo adequado. Em muitas doenças crônicas, especialmente em alguns tipos de câncer, doenças autoimunes e infecções crônicas (incluindo AIDS), o corpo não usa o ferro corretamente para formar mais hemácias. Em consequência, diminui a produção de transferrina, o ferro no sangue diminui porque muito pouco é absorvido no intestino, e a ferritina aumenta.

  • Deficiência de ferro é o mesmo que anemia? Quais são os sintomas?

    Deficiência de ferro refere-se à diminuição do ferro armazenado no corpo. Anemia é uma redução da quantidade de hemoglobina no sangue. Em geral, passam diversas semanas após a diminuição das reservas de ferro para que a anemia se desenvolva. A deficiência de ferro causa poucos sintomas. Quando a anemia se desenvolve, ocorrem fadiga e fraqueza.

    Podem ocorrer falta de ar e tonturas com a evolução da anemia. Se ela for grave, é possível sentir dor torácica, nas pernas e cefaléias (dores de cabeça). Crianças podem apresentar dificuldades de aprendizagem. Além desses sintomas gerais de anemia, há alguns que são característicos da deficiência de ferro, como pica (desejo de ingerir substâncias como alcaçuz, giz, poeira ou terra), sensação de queimação na língua ou língua lisa, feridas nos cantos da boca e unhas em formato de colher.

  • Quais são as outras causas de anemia, além da deficiência de ferro?

    Há muitas outras causas de anemias, além da deficiência de ferro. Alguns exemplos são deficiências de vitaminas do complexo B, câncer e distúrbios hereditários, como anemia falciforme e talassemia. Entretanto, a deficiência de ferro é a causa mais comum, e, por isso, os exames de ferro são feitos com frequência. Se eles excluirem deficiência de ferro, deve ser investigada outra causa. Veja o artigo sobre anemia para mais detalhes.

  • Que alimentos contêm mais ferro?

    O ferro ligado ao heme é a forma de absorção mais fácil. É encontrado em carnes e ovos. Outras formas são encontradas em muitos vegetais e em suplementos de ferro. Estes incluem vegetais folhosos verdes, como espinafre, repolho verde e couve, germe de trigo, pães integrais, cereais integrais, passas e melados. O Prof. Dr. Celso Guerra preconizava ainda o cozimento do feijão em panelas de ferro (e não de alumínio) que, além de dar bom sabor ao alimento, funciona ainda como uma boa fonte de ferro, mesmo em famílias com poucos recursos financeiros. Pessoas com anemia por deficiência de ferro comprovada e mulheres grávidas ou amamentando podem necessitar de cápsulas de ferro para fornecer uma quantidade adicional. Pergunte a seu médico qual é a fonte de ferro ideal para você.

  • Quem precisa de suplementos de ferro?

    Pessoas que precisam de ferro adicional são mulheres grávidas e quem apresenta deficiência de ferro comprovada. Os suplementos de ferro não devem ser usados sem indicação médica porque podem causar sobrecarga de ferro. Doses excessivas de cápsulas de ferro podem ser tóxicas, especialmente em crianças.

View Sources

NOTA: Este artigo se baseia em pesquisas que incluíram as fontes citadas e a experiência coletiva de Lab Tests Online Conselho de Revisão Editorial. Este artigo é submetido a revisões periódicas do Conselho Editorial, e pode ser atualizado como resultado dessas revisões. Novas fontes citadas serão adicionadas à lista e distinguidas das fontes originais usadas.

 

Pagana, K. D. & Pagana, T. J. (© 2007). Mosby's Diagnostic and Laboratory Test Reference 8th Edition: Mosby, Inc., Saint Louis, MO. Pp 574-577.

Clarke, W. and Dufour, D. R., Editors (© 2006). Contemporary Practice in Clinical Chemistry: AACC Press, Washington, DC. Pp 407-408.

Wu, A. (© 2006). Tietz Clinical Guide to Laboratory Tests, 4th Edition: Saunders Elsevier, St. Louis, MO. Pp 634-635.

(Modified 2009 March 13). About Iron. Iron Disorders Institute [On-line information]. Available online at http://www.irondisorders.org/Disorders/about.asp through http://www.irondisorders.org. Accessed June 2009.

(Updated 2007 August 24). Dietary Supplement Fact Sheet: Iron. NIH Office of Dietary Supplements [On-line information]. Available online at http://ods.od.nih.gov/factsheets/iron.asp through http://ods.od.nih.gov. Accessed June 2009.

Rathz, D. et. al. (Updated 2009 February 02). Toxicity, Iron. eMedicine [On-line information]. Available online at http://emedicine.medscape.com/article/166933-overview through http://emedicine.medscape.com. Accessed June 2009.

Chen, Y. (Updated 2009 April 05). Iron Deficiency Anemia. MedlinePlus Medical Encyclopedia [On-line information]. Available online at http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/000584.htm. Accessed June 2009.

Henry's Clinical Diagnosis and Management by Laboratory Methods. 21st ed. McPherson RA and Pincus MR, eds. Philadelphia: 2007, Pg 506-507.

(November 3, 2006) Iron Disorders Institute, Sideroblastic anemia. Available online at http://www.irondisorders.org/Disorders/Sideroblastic.asp through http://www.irondisorders.org. Accessed September 2009.