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Proteína C e Proteína S

Este artigo foi revisto pela última vez em 27 de Outubro de 2008.

Este artigo foi modificado pela última vez em 24 de Maio de 2019.

Também conhecido como:

  • Proteína C 
  • Proteína S

Amostra:
Sangue

É necessária alguma preparação?
O paciente deve estar, no mínimo, 10 dias sem uso de anticoagulante e, idealmente, 30 dias.

Por que fazer este exame?
Estes testes são realizados na investigação de estados de hipercoagulabilidade nos sistemas venosos.
Os testes para proteína C e proteína S podem avaliar sua função (atividade) ou quantidade (teste antigênico). Os testes funcionais para as proteínas C e S geralmente são solicitados junto com outros testes para avaliar hipercoagulabilidade, para triagem de atividade suficiente e normal dos fatores da coagulação. Com base nesses resultados, a quantidade de proteína C, livre ou, algumas vezes, total, pode ser medida a fim de avaliar se há redução na produção devido a problema adquirido ou hereditário, e para classificar o tipo de deficiência. Se a redução for causada por alteração genética rara, a quantidade de proteína C ou S disponível e o grau de atividade podem ser usados para determinar se o indivíduo é heterozigoto ou homozigoto para a mutação.

O que está sendo pesquisado?
As dosagens de proteína C e de proteína S são testes independentes que, geralmente, fazem parte da investigação de possível distúrbio da coagulação. Os testes dosam a quantidade de cada proteína, ou sua atividade,  a fim de avaliar a capacidade anticoagulante destas proteínas.

Normalmente, quando um tecido ou vaso sanguíneo é danificado, ocorre um processo denominado coagulação que se inicia com a formação de um tampão no local da lesão para interromper o sangramento. Pequenos fragmentos de células, denominadas plaquetas, sofrem agregação e aderem ao local da lesão, dando início a chamada cascata da coagulação, com ativação dos fatores da coagulação um após o outro. À medida que a cascata se aproxima do final, o fibrinogênio é convertido pela trombina em fios de fibrina insolúvel que sofrem ligação cruzada para formar uma rede de fibrina estável no local da ferida. A rede de fibrina adere ao local da ferida junto com as plaquetas formando um coágulo sanguíneo estável. Essa barreira evita perda adicional de sangue e se mantém no local até que a região ferida esteja cicatrizada. Deve haver uma quantidade adequada de plaquetas e todos os fatores da coagulação devem estar funcionando normalmente para que se forme um coágulo estável.

As proteínas C e S ajudam a regular a formação de coágulos. Elas atuam conjuntamente em sistema de retroalimentação (feedback) com a trombina. Esta proteína se combina com uma proteína denominada trombomodulina para, então, ativar a proteína C. A proteína C ativada (APC) combina-se com a proteína S (um cofator), o que possibilita a degradação dos fatores VIIIa e Va da coagulação (fatores necessários para a produção de trombina). O efeito final é retardar a produção de nova trombina e inibir a formação de mais coágulos. Se não houver proteína C ou proteína S em quantidade suficiente, ou se alguma delas não estiver funcionando normalmente, a formação de trombina prossegue em grande parte sem controle. Assim, é possível haver coagulação excessiva, levando à formação de trombos no sistema venoso.

Os problemas com proteína C e proteína S podem ser transmitidos de pai para  filho (hereditários) ou podem ser causados por um quadro ou por doença subjacente (adquiridos).

Há dois tipos de deficiência de proteína C:

  • Tipo 1, relacionado com a quantidade.
  • Tipo 2, relacionado com função anormal.

A proteína S existe em duas formas: livre e ligada, mas apenas a forma livre está disponível para se combinar com a proteína C.

Há três tipos de deficiência de proteína S:

  • Tipo 1, deficiência causada por quantidade insuficiente.
  • Tipo 2, por função anormal.
  • Tipo 3, por aumento na depuração da proteína S livre.

Os testes funcionais para proteína C e proteína S medem sua atividade e avaliam sua capacidade de regular e retardar a coagulação sanguínea. A redução na atividade pode ser causada por redução na concentração das proteínas C ou S ou, mais raramente, por disfunção dessas proteínas.

Os testes antigênicos para proteína C e proteína S medem a quantidade em que elas estão presentes. Os testes antigênicos para a proteína S medem a fração livre ou a quantidade total.

Ainda, uma mutação no gene da proteína C que leva à uma forma resistente de proteína C ativada. Esta proteína mutada é conhecida como fator V de Leiden e também leva a estado de um estado de hipercoagulabilidade. 

Perguntas Frequentes

Em pacientes com tromboembolismo venoso; quando um recém-nascido apresenta distúrbio grave da coagulação, como coagulação intravascular disseminada (CID) ou púrpura fulminante.

Níveis elevados de proteína C e/ou de proteína S geralmente não estão associados a problemas médicos ou quadros clinicamente significativos. Se tanto a atividade quanto as concentrações das proteínas C e S estiverem normais, geralmente isso indica regulação adequada da coagulação.

Níveis baixos de concentração ou de atividade de proteína C ou de proteína S podem resultar em coagulação sanguínea em excesso ou inapropriada. Se a proteína for disfuncional (níveis normais, mas sem atuação correta), o processo de coagulação não estará suficientemente regulado. Ambas as situações podem levar a maior risco de evolução com coágulo que bloqueia o fluxo de sangue em veias. A intensidade do risco depende do grau de deficiência e/ou do grau de disfunção da proteína.

Como já mencionamos, há três tipos de deficiência de proteína S, que são distinguidas com base nos resultados dos testes laboratoriais.

Deficiências adquiridas
A redução na concentração de proteína C ou de proteína S pode estar relacionada com produção insuficiente ou com utilização aumentada. Como ambas as proteínas são produzidas pelo fígado e dependem da vitamina K, se houver doença hepática, deficiência de vitamina K ou o paciente estiver sob terapia anticoagulante com oposição à vitamina K, essas proteínas podem se apresentar com níveis reduzidos. Quadros como coagulação intravascular disseminada (CID) que causem coagulação e sangramento simultaneamente em todo o organismo determinam maior utilização dos fatores da coagulação, incluindo as proteínas C e S, e, consequentemente, redução de sua concentração no sangue.
Nos quadros de infecções graves (quadros inflamatórios), doença renal , câncer, HIV, gravidez, imediatamente após episódio trombótico e durante terapia anticoagulante com varfarina ou heparina, é possível encontrar concentrações reduzidas das proteínas C e S. Essa redução pode ser leve e temporária (durante a gravidez) ou com intensidade variável e evolução aguda, crônica ou progressiva.

Deficiências hereditárias
Embora as mutações nos genes que produzem as proteínas C e S sejam relativamente raras, elas podem resultar em:

  • Produção deficiente das proteínas C ou S.
  • Proteína C ou S anormal incapaz de se ligar adequadamente a outra para formar o complexo de proteína C ativada funcional.
  • Proteína normal capaz de se ligar e formar o complexo de proteína C, mas o complexo não é capaz de degradar os fatores VIIIa e Va como normalmente faria.
  • Proteína S anormal que é depurada mais rapidamente do organismo, como ocorre na deficiência tipo 3.

Quando ocorrem essas mutações, elas são independentes uma das outras e há maior chance que a mutação atinja uma ou outra (proteína C ou proteína S). As alterações gênicas podem ser de tipo heterozigótica ou homozigótica. Uma alteração heterozigótica aumenta moderadamente o risco de desenvolvimento de TVP e/ou TEV, mas a homozigótica em qualquer dos genes pode causar trombose grave – pode causar púrpura fulminante ou coagulação intravascular disseminada (CID) potencialmente letais no recém-nascido, e implica vigilância permanente contra a possibilidade de episódios recorrentes de trombose.

Se houver deficiência de outros fatores, como redução de antitrombina, ou quadros hereditários, como Fator V de Leiden ou mutação protrombina 20210, os efeitos da deficiência de proteína C ou de proteína S podem ser intensificados. O plasma fresco congelado contém as proteínas C e S, e pode ser usado como medida preventiva de curto prazo quando o paciente for submetido a cirurgia.

A proteína C ativada está sendo investigada como meio de tratamento de pacientes com sepse, mas esse agente em geral não é usado em casos com deficiência de proteína C. Recentemente, a Food and Drugs Administration, dos EUA, aprovou um concentrado de proteína C para uso em pacientes com deficiência dessa proteína.

Não diretamente. Se o indivíduo for portador de deficiência causada por quadro temporário (por exemplo, gravidez ou infecção), os níveis retornam espontaneamente ao normal. Se a deficiência for causada por doença subjacente, como doença hepática ou deficiência de vitamina K, estas devem ser abordadas.

Se o indivíduo for portador de deficiência ou disfunção hereditária de proteínas C ou S, o médico irá orientá-lo para que se concentre em reduzir os fatores de risco para coagulação, como diminuir os níveis de homocisteína, não fumar e evitar o uso de contraceptivos orais. Quando necessário, pode-se administrar plasma fresco congelado, que contém as proteínas C e S, como medida de prevenção em curto prazo (por exemplo, antes de procedimento cirúrgico), mas esse não é um tratamento que possa ser usado com frequência.

Revisado em 12/12/2024 por Caio Pupin.

  1. MCPHERSON, R. A., . PINCUS, M.R., HENRY’S CLINICAL DIAGNOSIS AND MANAGEMENT BY LABORATORY METHODS;. Title: Henry’s clinical diagnosis and management by laboratory methods / [edited by] Richard A. McPherson, Matthew R. Pincus. Other titles: Clinical diagnosis and management by laboratory methods Description: Edition 24. | Elsevier, [2022
  2. Marlar RA, Gausman JN, Tsuda H, Rollins-Raval MA, Brinkman HJM. Recommendations for clinical laboratory testing for protein S deficiency: Communication from the SSC committee plasma coagulation inhibitors of the ISTH. J Thromb Haemost. 2021 Jan;19(1):68-74. doi: 10.1111/jth.15109. PMID: 33405382.
  3. Cooper PC, Pavlova A, Moore GW, Hickey KP, Marlar RA. Recommendations for clinical laboratory testing for protein C deficiency, for the subcommittee on plasma coagulation inhibitors of the ISTH. J Thromb Haemost. 2020 Feb;18(2):271-277. doi: 10.1111/jth.14667. PMID: 31999059.