A doença de Alzheimer é um tipo irreversível de demência caracterizado por perda da memória, declínio progressivo da capacidade intelectual, perda das habilidades de linguagem e da fala, e alterações de comportamento que chegam a interferir na vida diária. No momento, calcula-se que afete cerca de 5,2 milhões de pessoas nos EUA.
Embora alguns aspectos da doença de Alzheimer se assemelhem a alterações cerebrais que ocorrem com a idade, ela não é parte do envelhecimento normal. Lesão e morte de neurônios causadas pelo acúmulo no cérebro de estruturas proteicas anormais, chamadas placas senis (SPs) e emaranhados neurofibrilares, resultam em diminuição da quantidade de neurotransmissores (em especial, a acetilcolina) e das interações entre partes diferentes do cérebro.
Relações com a idade
O risco de doença de Alzheimer e de outros tipos de demência aumenta com a idade. Cerca de 10% a 20% da população têm algum tipo de demência aos 65 anos de idade, e o risco sobe para 50% nas pessoas que atingem 100 anos. De acordo com a Alzheimer’s Association dos EUA, o total de pacientes previsto para 2030 pode chegar a 7,7 milhões e, para 2050, pode ser de 11 a 16 milhões.
Em geral, a doença de Alzheimer “de início tardio” começa após os 65 anos de idade e não parece ter uma base hereditária, mas a doença de Alzheimer de “início precoce”, que se inicia antes dos 65 anos de idade, pode ter uma base hereditária.
Relações genéticas
A doença de Alzheimer parece ser causada por uma variedade de fatores ainda não bem entendidos. Três genes de função normal ainda não determinada foram associados a formas raras de doença de Alzheimer familiar de início precoce (EOFAD ou doença de Alzheimer do tipo 3). Algumas mutações de cada um desses genes (chamados PSEN1, PSEN2 e APP) produzem proteínas anormais que resultam em doença de Alzheimer, e há 50% de probabilidade de transmissão do gene anormal aos descendentes da pessoa afetada. As mutações desses três genes foram encontradas apenas em um pequeno número de famílias.
No momento, a detecção dos genes PSEN1 (pressenilina 1, no cromossomo 14), PSEN2 (pressenilina 2, no cromossomo 1) e APP (proteína precursora do amiloide beta, no cromossomo 21) só é feita em ambientes de pesquisa.
Foram identificados outros genes relacionados com a doença de Alzheimer de início tardio, mas que não são considerados uma causa desta. Esses genes de susceptibilidade podem explicar porque há um risco aumentado de doença de Alzheimer de início tardio em pessoas que têm membros da família afetados. O gene ApoE é o mais reconhecido como ligado a susceptibilidade à doença de Alzheimer. Esse gene controla a produção de apolipoproteína E, um componente importante das lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL). Essas lipoproteínas são responsáveis pelo transporte do excesso de colesterol no sangue para o fígado, onde ele é processado. Todas a pessoas têm duas cópias do gene ApoE, que ocorrem em combinações de três formas (e2, e3 e e4). A presença do alelo e4 foi associada à maioria dos casos de famílias com risco aumentado de doença de Alzheimer.
O risco da doença pode variar com a etnia. Na população dos EUA, por exemplo, pessoas de origem africana têm quatro vezes e as de origem hispânica têm duas vezes mais probabilidade de apresentarem a doença que pessoas de origem caucasiana. Outros fatores de risco são distúrbios metabólicos relacionados com resistência à insulina, obesidade, hipertensão arterial, dislipidemia, marcadores de inflamação aumentados e diabetes.
A maioria das pessoas com síndrome de Down, causada por trissomia do cromossomo 21, acaba mostrando algumas alterações mentais associadas à doença de Alzheimer, geralmente após 40 ou 50 anos de idade. As alterações anatomopatológicas do cérebro dessas pessoas são muito semelhantes às observadas na doença de Alzheimer. A cópia adicional do cromossomo 21 causa um aumento da produção de proteínas que se acumulam e formam placas senis parecidas com as vistas na doença de Alzheimer. Parentes de pessoas com síndrome de Down não têm um risco aumentado porque não possuem uma cópia adicional do cromossomo 21.