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Este artigo foi modificado pela última vez em 27 de Novembro de 2019.
Resumo

Alergias são hipersensibilidades, reações excessivas do sistema imunológico a substâncias que não causam reações na maioria das pessoas. Dependendo das partes do sistema imunológico que são ativadas e da rapidez da reação, as hipersensibilidades são classificadas em quatro tipos.

Os que estão associados à palavra “alergia” são o tipo I e o tipo IV. Na hipersensibilidade do tipo I, imediata, antígenos (alergênios, substâncias estranhas) se combinam com anticorpos específicos IgE (imunoglobulina E), causando reações locais e, algumas vezes, sistêmicas em minutos. Na hipersensibilidade do tipo IV, retardada, as reações são provocadas por interações de antígenos com linfócitos T específicos sensibilizados, e não por anticorpos livres.

De acordo com a American Academy of Allergy Asthma and Immunology (AAAAI),  dos EUA, cerca de 50 milhões de pessoas naquele país têm algum tipo de alergia, e esse número parece estar aumentando. Qualquer pessoa pode desenvolver uma alergia, mas as que têm familiares afetados apresentam um risco maior. Entretanto, uma pessoas “predisposta” pode não reagir às mesmas substâncias que provocam reações em seus familiares. As alergias dependem da exposição a antígenos e da reação do sistema imunológico

A hipersensibilidade do tipo I afeta principalmente os tratos respiratório e gastrointestinal e a pele. Na primeira vez que a pessoa predisposta tem contato com um alergênio potencial, não apresenta reação importante, mas começa a produzir anticorpos específicos IgE, tornando-se “sensibilizada”. Após isso acontecer, exposições subsequentes podem resultar em reações de intensidade variável.

Os anticorpos IgE específicos ligam-se a mastócitos, células especializadas nos tecidos, e a basófilos no sangue. Quando há contato com o antígeno, essas células liberam substâncias, incluindo histamina, que causam os sintomas alérgicos no local da introdução do antígeno.

A hipersensibilidade do tipo IV em geral envolve a pele e é chamada retardada porque ocorre em cerca de 48 a 72 horas após a exposição ao antígeno. Este, nesses casos, interage com linfócitos T sensibilizados, que liberam substâncias tóxicas e inflamatórias, causando lesão tecidual no local da reação. As reações do tipo IV podem ocorrer na primeira exposição ao antígeno.

O que não é alergia?

Outras reações podem causar sintomas semelhantes aos de alergia, mas não são provocadas por ativação do sistema imunológico. Variam de reações tóxicas, como envenenamento alimentar por toxinas bacterianas, a alterações genéticas, como falta de uma enzima, causando, por exemplo, intolerância à lactose ou sensibilidade ao glúten (veja doença celíaca). Os sintomas também podem ser resultantes de medicamentos, como aspirina ou ampicilina, corantes e outras substâncias, e de fatores psicológicos. Esses problemas devem ser investigados e tratados por um médico, mas não são alergias e não são identificados pelos exames específicos.

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Sobre Alergias
  • Sintomas

    Na pele, reações alérgicas agudas do tipo I provocam urticária, dermatite e prurido (coceira). Alergias crônicas podem causar dermatite atópica e eczema. No trato respiratório, reações alérgicas agudas provocam tosse, congestão nasal, espirros, compressão da garganta e asma. Nos olhos, podem resultar em vermelhidão e prurido. As reações alérgicas no sistema gastrointestinal começam na boca, com formigamento, prurido, gosto metálico e aumento da língua e da garganta, seguidos de dor abdominal, cólicas, vômitos e diarreia.

    Qualquer reação alérgica pode se tornar grave e resultar em anafilaxia, uma reação sistêmica que se inicia com agitação, queda da pressão arterial e perda da consciência (desmaio). A anafilaxia pode ser fatal se não for tratada rapidamente. As reações alérgicas do tipo I podem variar de intensidade. Uma exposição pode causar urticária e a seguinte provocar anafilaxia.

    As alergias do tipo I podem ser provocadas por muitas substâncias, incluindo alimentos, vegetais (pólens, ervas, gramas), venenos de insetos, pelos e saliva de animais (como cães e gatos), ácaros da poeira, esporos de fungos, substâncias ocupacionais (látex, por exemplo) e medicamentos (como penicilina). É possível haver reações cruzadas. Por exemplo, pessoas alérgicas a melão também apresentarem alergia a banana. As causas alimentares mais comuns de reações anafiláticas são amendoins, nozes e frutos do mar.

    As reações retardadas do tipo IV são, em geral, na pele. Um exemplo comum é a reação ao níquel de joias, resultando em vermelhidão, edema, endurecimento da pele, erupções e dermatites, horas ou dias após a exposição.

  • Exames

    O diagnóstico de hipersensibilidades do tipo I começa com uma revisão cuidadosa dos sintomas, da história familiar e da história pessoal, incluindo: idade de início, sintomas sazonais e sintomas após exposição a animais, palha ou poeira, ou que se desenvolvem em ambientes específicos, como no trabalho ou em casa. Devem ser considerados outros fatores ambientais e de estilo de vida, como exposição a poluentes, fumo, exercício, álcool, drogas e estresse, que podem piorar os sintomas. Após avaliar os alergênios mais prováveis, é necessário fazer exames específicos.

    Exames laboratoriais:

    Pesquisa de IgE específica contra alergênios (imunoensaio) são exames de sangue usados para pesquisar anticorpos IgE específicos contra alergênios suspeitos. Cada exame envolve uma amostra de sangue e a pesquisa de anticorpos IgE contra um grupo de alergênios ou contra cada alergênio pesquisado. A seleção desses alergênios é feita pelo médico e pode ser muito específica. Por exemplo, besouro ou abelha, clara de ovo ou gema de ovo, ou tipos diferentes de ervas. Em geral, uma pessoa é alérgica a poucas substâncias (quatro ou menos).

    Se uma pesquisa de IgE específica é negativa, é provável que a pessoa não seja alérgica àquela substância. Os resultados positivos devem ser avaliados considerando-se a história clínica do paciente. É possível que a pessoa tenha níveis baixos de anticorpos a apresente uma reação intensa ao antígeno, ou níveis altos e não apresente nenhuma reação. Crianças curadas de alergias alimentares podem continuar a ter resultados positivos durante muitos anos.

    A dosagem de IgE total é feita algumas vezes para investigar processos alérgicos. Ela mede a quantidade de IgE no sangue, mas não identifica anticorpos específicos. Outros problemas, além de alergias, podem causar aumento da IgE total.

    Outros exames:

    Nos prick tests ou scratch tests um profissional de saúde no consultório aplica pequenas quantidades de alergênios perfurando ou arranhando a pele do paciente. São usados com maior frequência para alergênios aéreos, como polens, poeira e fungos. Por causa do risco de reações graves, esse testes em geral não são utilizados para alergias alimentares. A pessoa testada não deve ter eczema significativo e não pode tomar anti-histamínicos ou alguns antidepressivos durante vários dias antes dos testes. Se a dosagem de alergênios for suficiente, é possível ocorrer resultados falsos positivos em pessoas não alérgicas.

    Testes alérgicos intradérmicos, usando injeções para formar uma bolha sob a pele, não são amplamente aceitos por causa da incidência alta de resultados falsos positivos.

    Patch test. Teste de hipersensibilidade retardada (Tipo IV). O alergênio suspeito é aplicado sobre a pele com um curativo não absorvente durante 48 horas. Se houver sensação de queimação ou prurido antes disso, o curativo é removido. Um teste positivo consiste em vermelhidão, endurecimento e edema da pele, e, algumas vezes, formação de vesículas (pequenas bolhas). Como algumas reações aparecem apenas depois da retirada do curativo, o local é examinado também com após 72 a 96 horas.

    Testes de provocação oral são considerados os melhores para diagnóstico de alergias alimentares. Precisam de supervisão médica atenta, porque as reações podem ser graves, incluindo anafilaxia com risco de vida. A provocação é feita com a ingestão de pequenas quantidades de alergênios alimentares em uma cápsula, e o paciente fica em observação. Resultados negativos são confirmados com doses maiores do alergênio.

    Eliminação é outro método de testar alergia a alimentos. Os alimentos suspeitos são eliminados da dieta e reintroduzidos um de cada vez, para se descobrir qual está causando o problema.

  • Tratamento

    Prevenção. Há algumas evidências de que crianças amamentadas ao peito têm menos hipersensibilidades do tipo I e do tipo IV. Acredita-se também que ambientes muito restritos ou “higiênicos” tenham alguma responsabilidade no aumento da incidência de alergias. Alguns estudos mostraram que crianças criadas em fazendas apresentam menos alergias que aquelaas criadas em ambientes com menos alergênios.

    Eliminação de alergênios. Quando ocorrer uma alergia, a melhor maneira de impedir uma reação é evitar a exposição sempre que possível. No caso de alimentos, isso pode significar eliminar definitivamente substâncias da alimentação e tomar cuidados para descobrir ingredientes não identificados em alimentos processados e em restaurantes. Por exemplo, uma espátula que tocou biscoitos de manteiga de amendoim antes de ser usada em biscoitos de chocolate pode ser contaminada a ponto de provocar uma reação em pessoas alérgicas a amendoim.

    No caso de insetos e animais, é melhor evitá-los. Quando se tratar de pólens aéreos, como de ervas e gramas, uma possibilidade é limitar o tempo ao ar livre. Algumas pessoas tentam se mudar para outras áreas a fim de evitar alergênios locais, mas nem empre isso dá resultado porque pessoas alérgicas com frequência desenvolvem novas alergias a pólens da nova região.

    Dessensibilização imunoterapia) é recomendada se o alergênio não puder ser evitado. Inclui injeções regulares do alergênio em doses crescentes para “acostumar” o corpo a ele. As injeções diminuem a quantidade de anticorpos IgE e provocam a formação de anticorpos protetores IgG. Como estes atravessam a placenta, são importantes para dar imunidade ao bebê antes do nascimento. É possível que as injeções da imunoterapia causem efeitos colaterais, como urticária, erupções cutâneas e anafilaxia. A dessensibilização é mais eficaz nas pessoas com febre do feno ou alergia grave a picadas de insetos. Cerca de dois terços mostram redução dos sintomas em 12 meses. As injeções podem ser prolongadas durante três anos e depois suspensas. Algumas pessoas obtêm alívio prolongado, enquanto outras pioram após a suspensão das injeções. A imunoterapia não é recomendada para alergênios alimentares.

    Tratamento sintomático a curto prazo. Quem apresenta sintomas respiratórios pode ser tratado com anti-histamínicos, esteroides tópicos nasais, esteroides orais e descongestionantes.

    Em casos de anafilaxia, são usadas injeções de adrenalina. Pessoas com reações graves devem ter sempre à mão um kit contendo injeções de adrenalina para emergências. Após tomar a injeção, ela deve procurar acompanhamento medico.

Fontes do artigo

Fontes usadas na revisão atual

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