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Este artigo foi modificado pela última vez em 30 de Novembro de 2019.
Resumo

HIV (vírus da imunodeficiência humana) é o vírus que causa a AIDS (síndrome de imunodeficiência adquirida). Matando ou lesando células do sistema imunológico, o HIV causa eliminação progressiva da capacidade de combate a infecções e alguns tumores. Pessoas com AIDS podem apresentar doenças com risco de vida chamadas infecções oportunísticas, causadas por vírus, bactérias e fungos que, em geral, não são patogênicos para pessoas saudáveis. Indivíduos com HIV ou AIDS têm também um risco maior de desenvolver alguns tipos de câncer, distúrbios neurológicos e diversos outros problemas.

Nos EUA, mais de 980 mil casos de AIDS foram comunicados aos Centers for Disease Control and Prevention (CDC) entre 1981, quando foi relatado o primeiro caso, e 2006. Os CDC avaliam que mais de 1 milhão de pessoas nos EUA podem estar infectadas com o HIV, e até 250 mil delas podem não saber disso e transmitir o vírus para outras pessoas.

No Brasil, o Ministério da Saúde mantém amplo portal com informações sobre a doença, para pacientes e médicos.

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Sobre Vírus da imunodeficiência humana
  • Sinais e sintomas

    A infecção pelo HIV provoca inicialmente uma doença aguda com sintomas inespecíficos como os de um resfriado: fadiga, cefaleia (dor de cabeça), febre e aumento de linfonodos. Algumas pessoas não apresentam sintomas. Durante esse período, o vírus está presente em grande número e se dissemina, infectando e destruindo lentamente células imunológicas chamadas linfócitos T CD4 (ou linfócitos T helper). O HIV se instala também no cérebro e em linfonodos, onde permanece mesmo durante um futuro tratamento.

    O sistema imunológico responde à infecção aguda pelo HIV produzindo anticorpos contra o vírus. Na maioria das pessoas, os sintomas iniciais desaparecem após pouco tempo. O paciente pode parecer saudável durante mais de dez anos, mas o HIV continua a se multiplicar e a destruir os linfócitos CD 4. Com o tempo, o comprometimento do sistema imunológico causa sintomas como febre, sudorese, perda de peso, aumento persistente de linfonodos, infecções recorrentes por leveduras, infecções por herpesvírus, erupções cutâneas, perda de memória e dificuldade de concentração.

    Crianças infectadas antes do nascimento ou durante o parto podem apresentar sintomas em poucos anos. Também é possível que mostrem retardo de desenvolvimento e doenças frequentes.

  • Quando ocorre a AIDS?

    O termo AIDS se aplica aos estágios mais avançados da infecção pelo HIV. De acordo com os CDC, o diagnóstico de AIDS é feito quando a contagem de linfócitos T CD4 cai abaixo de 200/mm3 ou quando ocorre uma doença relacionada com a AIDS, como tuberculose ou pneumonia por Pneumocystis jirovecii (carinii). Em pessoas com AIDS, infecções oportunísticas com frequência são graves e, algumas vezes, são fatais, porque o sistema imunológico deficiente não pode combater algumas bactérias, vírus, fungos ou parasitas.

    Infecções oportunísticas comuns em pessoas com AIDS causam sintomas como:

    • tosse e falta de ar
    • convulsões e falta de coordenação
    • deglutição difícil ou dolorosa
    • sintomas mentais, como confusão ou esquecimentos
    • diarreia intensa e persistente
    • febre
    • perda da visão
    • náuseas, cólicas abdominais e vômitos
    • perda de peso e fadiga extrema
    • cefaleias intensas
    • coma.
  • Como o HIV se transmite?

    Os modos mais comuns de transmissão do HIV são:

    • Sexo com um parceiro infectado. O vírus pode penetrar no corpo atravessando o revestimento da vagina, da vulva, do pênis, do reto e da boca.
    • Por contato com sangue infectado. Antes da triagem de sangue para HIV e do tratamento de derivados de sangue, como fatores da coagulação e imunoglobulinas, o HIV era transmitido pelo sangue ou por seus derivados contaminados. Hoje, com a triagem e o tratamento dos derivados, o risco de transmissão por transfusão é muito baixo.
    • Compartilhamento de seringa ou de agulhas (por usuários de drogas intravenosas), que podem estar contaminadas com sangue de uma pessoa infectada. Entretanto, é rara a transmissão entre paciente e profissionais de saúde por picadas acidentais com agulhas ou outros dispositivos médicos.
    • Durante a gravidez ou no parto. Cerca de 1/4 a 1/3 das mulheres com HIV não tratadas transmite o vírus para seus bebês. A transmissão também ocorre na amamentação. O uso de AZT na gravidez e no parto cesáreo pode reduzir a incidência de transmissão a 1%.
    • Doenças transmitidas por sexo, como sífilis, herpes genital, Chlamidia, gonorreia ou vaginose bacteriana, parecem facilitar a transmissão sexual do HIV.
  • Exames

    Exames laboratoriais

    Os exames associados a HIV/AIDS envolvem a medida da resposta do paciente ao HIV (anticorpos) ou a medida do vírus em si. A maioria dos exames é feita com o sangue do paciente. Os objetivos são:

    • Triagem e diagnóstico da infecção pelo HIV. Exames confidenciais ou anônimos são feitos em pessoas que acham que podem estar contaminadas. Os exames iniciais com frequência envolvem a pesquisa de anticorpos produzidos pelo paciente em uma pequena amostra de sangue ou de saliva. Os resultados estão disponíveis em minutos. Entretanto, um exame de triagem positivo precisa de confirmação usando outro método.
    • Medida e monitoração da quantidade de vírus no sangue do paciente (carga viral).
    • Avaliação e monitoração do sistema imunológico do paciente.
    • Avaliação da resistência do HIV aos medicamentos disponíveis.

    Exames específicos incluem:

    • Pesquisa de anticorpos anti-HIV – Para diagnosticar infecção pelo HIV. No Brasil, há algoritmo de testes diagnósticos da infecção padronizado pelo Ministério da Saúde (veja aqui).
    • Pesquisa da proteína p24 – Para detectar infecção inicial pelo HIV ou testar derivados de sangue.
    • Carga viral do HIV – Mede a quantidade de vírus no sangue. É feita para decidir quando deve começar o tratamento e para monitorar sua eficácia.
    • Contagem de linfócitos CD4 – Mede o número de linfócitos T CD4 no sangue. Feita em intervalos para determinar o início do tratamento e monitorá-lo, e também para acompanhar o progresso da doença e o estado do sistema imunológico.
    • Teste de resistência genotípica do HIV – Para determinar se uma ou mais cepas particulares do HIV são resistente aos tratamentos anti-retrovirais disponíveis. Serve de orientação para a escolha dos medicamentos no início do tratamento. Também é pedido quando a tratamento muda ou quando há evidências de fracasso.
    • Teste de resistência fenotípica do HIV – É realizado algumas vezes para pacientes com vírus resistentes a diversos medicamentos. O teste avalia se as cepas do paciente podem crescer em diversas concentrações de antivirais.

    Podem ser feitos outros exames laboratoriais para identificar e acompanhar o tratamento de infecções oportunísticas, complicações e toxicidade dos medicamentos. Esses exames são pedidos em intervalos para avaliar o estado de saúde do paciente e a função de órgãos. Alguns são utilizados para avaliar riscos associados a um tratamento específico. Por exemplo, o medicamento abacavir pode causar reações de hipersensibilidade potencialmente graves, e pessoas com o alelo HLA-B*5701 têm um risco aumentado de apresentarem essas reações. Indivíduos que são positivos para esse alelo devem considerar o uso de outros medicamentos.

    Exames não laboratoriais
    Algumas vezes são feitos exames de imagem como parte da avaliação da saúde do paciente.

  • Prevenção

    Ainda não há uma cura para a infecção pelo HIV, mas a maioria dos casos pode ser evitada abandonando comportamentos de risco como sexo não protegido e compartilhamento de agulhas e seringas. Alguns recomendam a triagem de rotina de anticorpos anti-HIV para identificar infecções assintomáticas. O diagnóstico precoce da infecção é importante para evitar a transmissão e permitir avaliação, monitoração e tratamento desde o início da infecção.

    Tratamento durante a gravidez de mulheres infectadas, precauções durante o parto e a proibição de amamentar minimizam o risco de transmissão da mãe para o bebê.

    Profissionais de saúde podem se proteger seguindo precauções universais, como o uso de luvas e cuidados com agulhas.

    Tratamento

    Os objetivos do tratamento são suprimir a replicação do vírus até níveis indetectáveis e preservar as funções imunológicas e a saúde. Suprimindo a replicação do vírus evitam-se ou inibem-se mutações e o desenvolvimento de resistência aos medicamentos. Isso inibe o progresso da doença e permite um aumento do número de linfócitos CD4 e uma melhora das funções imunológicas. O tratamento de complicações e de infecções oportunísticas também é importante, assim como dos efeitos colaterais dos medicamentos.

    Há duas considerações básicas no tratamento do HIV/AIDS. A primeira é quando começar o tratamento, e a segunda é que devem ser prescritos medicamentos. O Department of Health and Human Services, dos EUA, recomenda iniciar o tratamento quando a pessoa tem uma doença definida como AIDS ou quando a contagem de linfócitos CD4 está abaixo de 200/mm3. O tratamento também pode ser considerado em pacientes com contagem de linfócitos CD4 entre 200 e 350/mm3, e é recomendado em pacientes com qualquer contagem em casos de:

    • mulheres grávidas
    • pessoas com doença renal associada ao HIV
    • pacientes com infecção simultânea pelo vírus da hepatite B.

    Mulheres grávidas que não preenchem os outros critérios de tratamento podem continuar ou não a se tratar após o nascimento do bebê. Na maioria dos outros casos, o tratamento iniciado deve ser mantido durante toda a vida do paciente. Interrupções podem causar elevação da carga viral e aumentar os riscos de desenvolver resistência aos medicamentos, de diminuir as funções imunológicas e de progressão da doença.

    Escolha dos medicamentos
    Dependendo da origem da infecção, a pessoa pode começar com uma cepa sensível ou resistente aos medicamentos. Como o HIV sofre mutações rápidas quando se divide e é exposto aos medicamentos, a “população” de HIV em uma pessoa costuma ser heterogênea. Sem o tratamento, em geral predomina um tipo “selvagem” de vírus sensível ao tratamento. Quando este é iniciado, a população se modifica, com diminuição do tipo sensível e aumento de tipos resistentes. Para minimizar o aparecimento de resistência, são usados diversos medicamentos combinados.

    Há várias classes de anti-retrovirais usadas no tratamento da AIDS. Os pacientes tomam pelo menos dois medicamentos de classes diferentes. Combinações de três ou mais anti-retrovirais são chamadas HAART (highly active antiretroviral therapy – tratamento anti-retroviral de alta potência) e, atualmente, são a base do tratamento da infecção. Podem ser prescritos medicamentos adicionais para tratar complicações, infecções e efeitos colaterais, como irritação gastrointestinal. Há combinações mais usadas, mas os remédios devem ser adaptados para as cepas específicas de HIV de cada paciente. A resistência aos medicamentos em geral é pesquisada na época do diagnóstico e antes do início do tratamento.

    Os tratamentos são avaliados e alterados como necessário se não forem eficazes, o que indica resistência a um ou mais dos remédios usados, ou alterações da absorção ou do metabolismo dos medicamentos.

    Pacientes com HIV/AIDS precisam trabalhar com seus médicos durante toda a vida para ajustar a medicação de acordo com as necessidades do momento. É um desafio o tratamento de pessoas que desenvolveram resistência a um ou mais medicamentos ou a classes deles. Esses pacientes podem precisar consultar médicos especializados no tratamento de pacientes com resistência. Novos medicamentos são desenvolvidos continuamente e colocados em uso clínico.

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Perguntas frequentes
  • Como eu sei se devo fazer um exame para HIV?

    Considere um exame se:

  • Qual é o grau de confidencialidade dos resultados dos exames para HIV?

     Como outras doenças e resultados de exames, os resultados para HIV são protegidos por lei e não podem ser comunicados a amigos, familiares ou empregadores sem permissão pessoal. Podem ser informados a profissionais de saúde que “precisam saber” para tratar seus pacientes. Todos os casos também devem ser comunicados às autoridades de saúde para determinação da incidência de HIV e para medidas de prevenção e tratamento adequadas.

    Existem dispositivos aprovados pelas autoridades dos EUA para exame em casa, que permite que a pessoa faça seu próprio exame.

  • Eu devo relatar a mais alguém meus resultados?

    Sim. É importante que resultados positivos sejam conhecidos por seus profissionais de saúde, parceiros sexuais atuais e futuros e pessoas com quem se compartilha agulhas. Existem serviços de aconselhamento disponíveis em estabelecimentos de hemoterapia. Os profissionais de saúde podem dar orientações.

  • Eu posso contrair AIDS doando sangue?

    Não. A doação de sangue é segura porque são usadas agulhas estéreis.

Fontes do artigo

Fontes usadas para a versão atual

Pagana, Kathleen D. & Pagana, Timothy J. (© 2007). Mosby’s Diagnostic and Laboratory Test Reference 8th Edition: Mosby, Inc., Saint Louis, MO. Pp 23-27, 535-538, and 1036-1037.

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Fontes usadas em revisões anteriores

Thomas, Clayton L., Editor (1997). Taber’s Cyclopedic Medical Dictionary. F.A. Davis Company, Philadelphia, PA [18th Edition].

Pagana, Kathleen D. & Pagana, Timothy J. (2001). Mosby’s Diagnostic and Laboratory Test Reference 5th Edition: Mosby, Inc., Saint Louis, MO.

Janice K. Pinson MT, MBA. Molecular Business Strategies, Birmingham, MI.