Também conhecido como
TIA
Teste de Coombs indireto
Rastreamento de anticorpos
Teste indireto de antiglobulina humana
Nome formal
Teste indireto de antiglobulina
Este artigo foi revisto pela última vez em
Este artigo foi modificado pela última vez em 27 de Julho de 2019.
De relance
Por que fazer este exame?

Para detectar anticorpos contra antígenos de glóbulos vermelhos sanguíneos como medida de preparo para transfusão de sangue ou durante a gravidez e no parto.

Quando fazer este exame?

Na fase de preparação para transfusão sanguínea durante a gravidez ou no parto, especialmente se o sangue for Rh-negativo.

Amostra:

Amostra de sangue colhida de veia do braço.

É necessária alguma preparação?

Nenhuma.

O que está sendo pesquisado?

O teste indireto de antiglobulina (TIA) procura no sangue por anticorpos dirigidos contra glóbulos vermelhos. A principal razão para a presença de anticorpos direcionados para glóbulos vermelhos no sangue é a exposição durante transfusão sanguínea ou gravidez anterior a hemácias exógenas (hemácias estranhas).

As hemácias normalmente apresentam estruturas em sua superfície denominadas antígenos. Cada um de nós possui um conjunto individual de antígenos nas hemácias determinado por herança dos pais. Os dois principais antígenos de superfície identificados nas hemácias humanas são os antígenos A e B, e o sangue é agrupado de acordo com a presença ou a ausência desses antígenos. Outro antígeno de superfície importante é o fator Rh, também denominado antígeno D. Se estiver presente em suas hemácias, o tipo sanguíneo é dito Rh+ (positivo); se ausente, o sangue é Rh– (negativo). (Para mais detalhes, consulte o artigo Tipagem Sanguínea). Além disso, há muitos outros tipos de antígenos de hemácias responsáveis por tipos sanguíneos menos conhecidos, tais como Kell, Lewis e Kidd..

São poucas as razões que explicam a produção de anticorpos contra determinados antígenos de hemácias.

Após transfusão de sangue

Os anticorpos direcionados contra os antígenos A e B dos glóbulos vermelhos ocorrem naturalmente – nós os produzimos sem que tenhamos sido expostos aos antígenos. Antes de receber transfusão de sangue o tipo sanguíneo ABO e fator Rh do receptor são determinados para que sejam compatíveis com os do sangue do doador a fim de prevenir a ocorrência de reações transfusionais graves. Ou seja, o sangue do doador deve ser do mesmo grupo ABO e fator Rh do receptor, para que seus anticorpos não reajam contra as hemácias doadas e as destruam. Contudo, quando você recebe uma transfusão de sangue, seu organismo talvez reconheça como estranhos antígenos de outros grupos sanguíneos (como Kell ou Kidd) que você não possua. Consequentemente, é possível que você produza anticorpos para atacar esses antígenos estranhos. Os indivíduos submetidos a muitas transfusões têm maior probabilidade de produzir anticorpos contra hemácias uma vez que são mais expostos a antígenos estranhos.

Casos com incompatibilidade de sangue materno-infantil

O bebê pode herdar antígenos de seu pai que não existam nas hemácias maternas. A mãe pode ser exposta durante a gestação ou no momento do parto a esses antígenos estranhos nas hemácias do filho, quando algumas células do bebê entram na circulação materna com o descolamento da placenta. A gestante pode produzir anticorpos contra esses antígenos de hemácias estranhos. Esses anticorpos produzidos podem causar a doença hemolítica neonatal, que geralmente não atinge o primeiro filho, mas pode afetar as crianças das gestações seguintes, quando anticorpos maternos atravessam a placenta e atacam hemácias do bebê, causando hemólise. O TIA ajuda a determinar se a mãe produziu anticorpos contra hemácias.
Quando ocorre a primeira exposição a antígenos estranhos de hemácias, por transfusão ou durante a gravidez, é possível que já se inicie a produção de anticorpos, mas geralmente não há tempo suficiente para produzi-los em quantidade suficiente para destruir as hemácias estranhas. Quando ocorre a transfusão ou a gravidez seguinte, a reação imune pode ser de tal modo intensa que produz anticorpos em número suficiente para atacar e destruir (hemólise) as hemácias transfundidas ou as hemácias do bebê.
O TIA faz a triagem da presença de anticorpos contra hemácias (além dos anticorpos ABO) no sangue. Os anticorpos detectados no TIA são identificados por meio de um teste de identificação de anticorpos.

Como a amostra é obtida para o exame?

Uma amostra de sangue é colhida em uma veia do braço.

NOTA: Se exames médicos em você ou em alguém importante para você o deixam ansioso ou constrangido, ou se você tem dificuldade de lidar com eles, leia um ou mais dos seguintes artigos: Lidando com dor, desconforto ou ansiedade durante o exame, Conselhos sobre exames de sangue, Conselhos para ajudar crianças durante exames médicos, e Conselhos para ajudar idosos durante exames médicos.

Outro artigo, Siga essa amostra, fornece uma visão da coleta e do processamento de uma amostra de sangue e de uma amostra de cultura da garganta.

É necessário algum preparo para garantir a qualidade da amostra?

Não há necessidade de preparação

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Perguntas frequentes
  • Como o exame é usado?

    O teste indireto de antiglobulina (TIA) é usado para triagem do sangue para a presença de anticorpos dirigidos contra outros antígenos de hemácias além dos antígenos A e B. É realizado como parte do procedimento de “tipagem e triagem” sempre que se antecipa a necessidade de transfusão de sangue. Quando se detecta anticorpo, deve-se proceder ao teste para sua identificação a fim de determinar quais anticorpos estão presentes. Durante o teste de reação cruzada é realizada uma variação do TIA. Hemácias do doador são misturadas ao plasma do receptor para verificar se há aglutinação de hemácias no tubo de ensaio, o que indica incompatibilidade capaz de afetar o receptor se esse sangue testado fosse transfundido. No caso de transfusão de sangue, os anticorpos anti-hemácias presentes devem ser levados em consideração e é necessário encontrar um doador cujo sangue não possua os antígenos contra os quais tenha havido produção de anticorpos.

    Se o receptor apresentar reação imediata ou retardada à transfusão, o médico deve solicitar TIA e Teste direto Antiglobulina (TDA) para investigar a causa da reação (o TDA detecta anticorpos contra hemácias fixados aos glóbulos vermelhos). Outro TIA poderá ser realizado após o quadro agudo ter-se resolvido a fim de verificar se o paciente desenvolveu novos anticorpos.

    Na gravidez, o TIA é usado para triagem de anticorpos no sangue materno que possam atravessar a placenta e atacar os glóbulos vermelhos do bebê, causando a doença hemolítica neonatal (DHN). O quadro mais grave é o provocado por anticorpo produzido em resposta a um antígeno denominado “antígeno D” no grupo do sistema Rh. Considera-se que um indivíduo é Rh-positivo se este antígeno D estiver presente em suas hemácias, e Rh-negativo quando não está presente. Uma mãe Rh-negativa pode produzir anticorpos quando for exposta a células sanguíneas de fato Rh-positivo. Para prevenir que isso aconteça, as mães Rh-negativas devem fazer precocemente o TIA na gravidez, com 28 semanas, e novamente no momento do parto. Se não houver anticorpos anti-Rh presentes com 28 semanas, a gestante deve receber uma injeção de imunoglobulina anti-Rh (RhIg) para eliminar qualquer hemácia fetal Rh-positiva que possa estar presente em sua corrente sanguínea e, assim, evitar a produção de anticorpos anti-Rh.

    No momento do nascimento, determina-se se o bebê é Rh positivo ou negativo. Se for negativo, não há necessidade de outra injeção de RhIg, mas se for Rh-positivo, outro TIA deve ser realizado na mãe. Se o teste for negativo, a mãe recebe outra injeção de RhIg.

    Esse teste raramente é usado para diagnosticar anemia hemolítica autoimune. Esse quadro ocorre quando um indivíduo produz anticorpos contra seus próprios antígenos de hemácias. Isso acontece em algumas doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico, com doenças como linfoma ou leucemia linfocítica crônica e com infecções como pneumonia por micoplasma e mononucleose. Também pode ocorrer em indivíduos que usam determinados medicamentos, como penicilina.

  • Quando o exame é pedido?

    O TIA é realizado antes de transfusão sanguínea e no acompanhamento de casos com reação transfusional.

    Dentre os sinais e sintomas de reação transfusional estão:

    • Febre e calafrios
    • Exantema
    • Dor lombar
    • Sangue na urina
    • Sensação de desmaio ou vertigem

    O TIA é realizado como parte da rotina de acompanhamento de todas as mulheres com sangue Rh-negativo durante a gravidez, com 28 semanas, antes de administrar a injeção com RhIg, e após o parto, quando o sangue da criança é Rh-positivo. Em gestantes Rh-negativas que têm anticorpos anti-Rh, o TIA algumas vezes é solicitado como instrumento de monitoramento para estimar, de um modo geral, a quantidade de anticorpos presentes.

  • O que significa o resultado do exame?

    Se o TIA for positivo, um ou mais anticorpos anti-hemácias estão presentes. Alguns desses anticorpos são mais significativos. Quando o TIA é usado para triagem antes de transfusão de sangue, o resultado positivo indica a necessidade de teste de identificação dos anticorpos presentes. Uma vez identificado, deve-se encontrar sangue de doador que não contenha o(s) antígeno(s) correspondentes(s), a fim de que os anticorpos presentes não reajam com os antígenos das hemácias doadas, destruindo-as após a transfusão.

    Se uma gestante Rh-negativa apresentar TIA negativo, há uma breve janela de segurança (72 horas) durante a qual deve-se aplicar uma dose de RhIg para prevenir a produção de anticorpos. Se o TIA for positivo, os anticorpos presentes devem ser identificados. Se houver anticorpo anti-Rh, a injeção de RhIg é inútil. Se a gestante possuir outros anticorpos, a injeção de RhIg deve ser aplicada para prevenir a produção de anticorpos contra o antígeno Rh.

  • Há mais alguma coisa que eu devo saber?

    Uma vez presentes na circulação, os anticorpos anti-hemácias jamais desaparecerão de fato. Muitos anos depois da exposição ao antígeno, os títulos de anticorpos circulantes caem a níveis indetectáveis. Entretanto, se a paciente for novamente exposta ao antígeno a produção será rapidamente retomada e os anticorpos irão atacar as hemácias.

    Todas as transfusões de sangue a que o indivíduo é submetido o expõem à combinação de antígenos existentes nas hemácias de cada doador. Sempre que as hemácias transfundidas apresentarem antígenos estranhos às hemácias do doador, há possibilidade de serem produzidos anticorpos. Se alguém for submetido a muitas transfusões ao longo de um dado período de tempo, produzirá anticorpos contra muitos antígenos distintos. Com isso, pode ser cada vez mais difícil encontrar um sangue compatível.

  • O que acontecia antes do desenvolvimento da RhIg (imunoglobulina anti-Rh)?

    Antes do lançamento da RhIg, as mães Rh-negativas frequentemente eram sensibilizadas pelo sangue de seu primeiro filho Rh-positivo e passavam a produzir anticorpos anti-Rh. Qualquer bebê subsequente que fosse Rh-positivo apresentaria algum grau de doença hemolítica perinatal, causada pelo ataque dos anticorpos anti-Rh maternos às hemácias da criança. Eram relativamente comuns abortos espontâneos e natimortos, e aqueles bebês que nasciam frequentemente necessitavam de transfusão de sangue logo após o nascimento para que pudessem sobreviver. Essa injeção preveniu grande parte dessas complicações, embora uma pequena porcentagem de mulheres ainda desenvolvam anticorpos anti-Rh.

  • Por que é necessário fazer a tipagem do sangue do marido de uma mulher Rh-negativa?

    Se o marido for Rh-negativo, todos os bebês do casal serão Rh-negativos e não haverá possibilidade de incompatibilidade Rh. Entretanto, se o pai for positivo, cada filho do casal poderá ser Rh-positivo ou negativo e , portanto, será possível ocorrer incompatibilidade Rh.

  • Meu tipo de sangue é O e tenho chance de ter um bebê com doença hemolítica por incompatibilidade ABO. Devo fazer o TIA durante a gravidez?

    A doença hemolítica perinatal pode ocorrer quando há incompatibilidade ABO entre gestante e bebê, especialmente quando o sangue materno é do tipo O. Entretanto, o TIA (teste indireto de antiglobulina) não tem utilidade nessa situação porque nosso organismo naturalmente produz anticorpos anti-A e anti-B quando nossas hemácias não possuem esses antígenos em sua superfície. Uma mãe com sangue tipo A naturalmente produz anticorpos dirigidos contras o antígeno B, e uma mãe com sangue tipo B terá anticorpos anti-antígeno A, e assim por diante. O TIA não é usado para triagem de casos de doença hemolítica perinatal por incompatibilidade ABO porque já se sabe que os anticorpos estão presentes no sangue materno.

  • É possível produzir anticorpos ao doar sangue?

    Não, ao doar sangue você não é exposto ao sangue de outra pessoa.

  • Se eu optar por coletar meu próprio sangue antes de alguma cirurgia (doação autóloga) para que seja usado em mim, tenho que me preocupar com anticorpos?

    Não, como não será exposto a antígenos de hemácias estranhos a você, seu organismo não será estimulado a produzir anticorpos anti-hemácias.

  • Devo comunicar meu médico que fiz uma transfusão sem intercorrências?

    Sim. É importante que seu médico saiba disso, porque há chance que você tenha produzido anticorpos a um ou mais antígenos durante a transfusão. Embora seja provável que isso não afete negativamente sua saúde, o médico estará atento se houver necessidade de transfusões subsequentes ou em caso de gravidez.

Fontes do artigo

NOTA: Este artigo se baseia em pesquisas que incluíram as fontes citadas e a experiência coletiva de Lab Tests Online Conselho de Revisão Editorial. Este artigo é submetido a revisões periódicas do Conselho Editorial, e pode ser atualizado como resultado dessas revisões. Novas fontes citadas serão adicionadas à lista e distinguidas das fontes originais usadas.

 

Fontes usadas neste artigo

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