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Este artigo foi modificado pela última vez em 10 de Janeiro de 2020.
Resumo

Ocorre anemia quando o número de hemácias (glóbulos vermelhos do sangue) e a quantidade de hemoglobina (encontrada nas hemácias) diminuem para níveis abaixo do normal. As hemácias e a hemoglobina dentro delas são necessárias para transportar oxigênio dos pulmões para o resto do corpo. Muitos tecidos e órgãos podem ser prejudicados sem um suprimento adequado de oxigênio. A anemia pode ser branda, moderada ou grave, dependendo do grau de diminuição da contagem de hemácias e dos níveis de hemoglobina. É um problema comum que afeta homens e mulheres de todas as idades e grupos étnicos. Entretanto, algumas pessoas têm um risco maior de desenvolverem anemia, incluindo as que se alimentam com pouco ferro e vitaminas; com doenças crônicas, como doenças renais, diabetes, câncer, doença intestinal inflamatória; com história familiar de anemia hereditária; com infecções crônicas, como tuberculose ou HIV; e pessoas com perda sanguínea significativa por causa de lesões ou cirurgias.

Em geral, a anemia tem duas causas principais:

  • Diminuição da produção de hemácias, como, por exemplo, na deficiência de ferro ou de vitaminas e na anemia aplástica.
  • Diminuição da sobrevida das hemácias por aumento da destruição, como nas anemias hemolíticas.

Há muitos tipos diferentes de anemias com muitas causas. Algumas das mais comuns são resumidas na tabela abaixo. Clique nos links para saber mais sobre cada tipo.

Tipo de anemia Descrição Exemplos de causas
Deficiência de ferro A carência de ferro prejudica a síntese de hemoglobina, o que diminui a produção de hemácias. Perda de sangue, dieta com pouco ferro, má absorção de ferro.
Anemia perniciosa e deficiência de vitaminas do complexo B A carência de vitaminas do complexo B prejudica o desenvolvimento e a divisão de células precursoras, diminuindo a produção de hemácias. Falta de fator intrínseco, dieta pobre em vitaminas do complexo B, má absorção de vitaminas do complexo B.
Anemia aplástica Diminuição de todas as células produzidas na medula óssea, incluindo hemácias. Tratamento de câncer, exposição a venenos, distúrbios autoimunes, infecções virais.
Anemias hemolíticas Diminuição da sobrevida normal de 120 dias das hemácias na circulação, causando redução da quantidade total de hemácias. Causas hereditárias compreendem anemia falciforme e talassemias. Outras incluem reações transfusionais, doenças autoimunes e alguns medicamentos (por exemplo, penicilina).
Anemia das doenças crônicas Diversos problemas clínicos crônicos podem diminuir a produção de hemácias. Doenças renais, diabetes, tuberculose, HIV.

As anemias classificam-se em agudas ou crônicas. Estas desenvolvem-se devagar durante doenças crônicas, como diabetes, doença renal crônica ou câncer. Nesses casos, a anemia pode não ser evidente porque os sintomas são mascarados pela doença subjacente. A presença de anemia em doenças crônicas pode não ser detectada durante algum tempo e, algumas vezes,  ser descoberta apenas em exames para outros problemas.

A anemia pode ocorrer também em episódios agudos, como em certas anemias hemolíticas em que há grande destruição de hemácias. Os sinais e sintomas aparecem com muita rapidez, e a causa é determinada por dados do exame físico, da história clínica e de exames laboratoriais.

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Sobre Anemia
  • Sinais e sintomas

    Embora diferentes tipos de anemias tenham causas diferentes, os sinais e sintomas podem ser muito semelhantes. Anemia branda ou moderada pode causar poucos ou nenhum sintoma. Os mais comuns são:

    • Sensação geral de cansaço ou fraqueza (fadiga).
    • Falta de energia.

    Outros sinais e sintomas quando a anemia fica mais intensa incluem cefaleia, tonturas, sensação de frio ou insensibilidade nas mãos e nos pés, palidez, falta de ar, pulso rápido ou irregular e dor torácica.

  • Exames laboratoriais

    Hemograma
    A anemia pode ser detectada pela primeira vez quando é feito um hemograma em um exame de rotina ou para investigação de outros problemas. O hemograma mede a quantidade e a proporção dos diferentes tipos de células no sangue. Fornece ao médico informações sobre a quantidade, o tamanho, a forma e a maturidade relativa das células no momento da colheita.

    O exame do esfregaço de sangue e a contagem diferencial de leucócitos fornecem dados sobre a causa da anemia. Outros exames ajudam a determinar a causa da anemia e orientar o tratamento. Veja mais detalhes para cada tipo de anemia.

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Tipos de Anemia
  • Anemia por deficiência de ferro (ou ferropriva)

    A carência de ferro é a causa mais comum de anemia. Os sintomas dependem do grau de diminuição do nível de hemoglobina. Os sinais e sintomas mais comuns incluem:

    • Sensação de cansaço, fadiga.
    • Falta de energia.

    Os sintomas característicos da carência de ferro, que podem aparecer com a diminuição das reservas de ferro do corpo, incluem unhas quebradiças ou em forma de colher, língua inchada ou dolorosa, rachaduras e úlceras nos cantos da boca e vontade de comer substâncias não alimentares, como gelo ou terra.

    O ferro é um elemento essencial para a produção de hemácias. É um componente do heme, uma parte da hemoglobina, que é a proteína das hemácias que transporta o oxigênio no corpo. As reservas são usadas quando não é ingerida uma quantidade de ferro suficiente para as necessidades do corpo. Quando as reservas se esgotam, forma-se menos hemoglobina, que resulta em anemia.

    Algumas causas de deficiência de ferro incluem:

    • Sangramento. Se for excessivo ou durar algum tempo (crônico), o corpo pode não ingerir ferro suficiente ou não ter reservas em quantidade necessária para repor as hemácias perdidas. Em mulheres, a deficiência de ferro pode ser provocada por menstruação excessiva. Em homens ou em mulheres após a menopausa, o sangramento em geral é consequência de doenças intestinais, como úlceras ou câncer.
    • Deficiência dietética. A deficiência de ferro pode ser resultado de sua ingestão insuficiente na dieta, especialmente em crianças e mulheres grávidas, que têm necessidades maiores. As grávidas ou as que estão amamentando desenvolvem, com frequência, essa deficiência porque o bebê precisa de grande quantidade de ferro para crescer. A carência pode resultar em baixo peso ao nascer ou em prematuridade. Para evitar essas complicações, as mulheres grávidas devem tomam suplementos de ferro como rotina. Recém-nascidos amamentados por mães com deficiência de ferro também podem desenvolver anemia.
    • Má absorção de ferro. Algumas doenças prejudicam sua absorção no intestino, podendo causar anemia. É o que ocorre, por exemplo, na doença celíaca e na doença de Crohn.

    Exames laboratoriais
    Os exames de sangue iniciais incluem um hemograma. Os resultados podem mostrar:

    • Hemoglobina. Pode ser normal no início da doença, mas diminui com a piora da anemia.
    • Índices hematimétricos. No início, as hemácias apresentam tamanho e cor normais (hemácias normocíticas normocrômicas). Com a piora da anemia, ficam pequenas (microcíticas) e pálidas (hipocrômicas).
      • Volume médio das hemácias (VGM) – Pode diminuir.
      • Quantidade média de hemoglobina por hemácia (HGM) – Pode diminuir.
      • Aumento da variação do tamanho das hemácias (RDW) – Pode aumentar.

    O exame de um esfregaço de sangue pode mostrar hemácias menores e mais pálidas que o normal, e que variam de tamanho (anisocitose) e forma (poiquilocitose).

    Se o médico suspeitar que a anemia é provocada por deficiência de ferro, ele pode pedir diversos exames para confirmar a deficiência, como:

    • Ferro sérico - Indica o nível de ferro no sangue. Em geral, está baixo.
    • Ferritina - Reflete a quantidade de reserva de ferro do corpo e, em geral está baixa. É considerado o exame mais específico para identificar anemia por deficiência de ferro, a não ser que haja infecção ou inflamação.
    • Capacidade total de combinação do ferro e transferrina - Medidas da proteína transportadora de ferro no sangue, aumentada da carência de ferro.

    Se houver suspeita de que a deficiência de ferro é provocada por sangramento, como o gastrointestinal crônico, podem ser feitos outros exames, como:

    A pesquisa de Helicobacter pylori é feita para detectar uma bactéria que provoca úlceras digestivas que podem ser a causa de sangramento crônico. Se algum desses exames for positivo ou se houver uma forte suspeita de sangramento intestinal, podem ser feitas uma endoscopia digestiva alta ou uma colonoscopia para determinar a localização do sangramento e orientar o tratamento.

    A deficiência de ferro é tratada com suplementos de ferro. Entretanto, quando há suspeita de perda sanguínea anormal, devem ser feitos outros exames para determinar a causa do sangramento. Quando esta é encontrada e tratada, a anemia geralmente desaparece.

  • Anemia perniciosa e deficiências de vitamina B12 e ácido fólico

    A anemia perniciosa é uma doença em que o corpo não produz quantidade suficiente de uma substância chamada “fator intrínseco”. É uma proteína produzida por células da parede do estômago que se liga à vitamina B12, permitindo sua absorção pelo intestino delgado. A vitamina B12 é importante para a produção de hemácias. Sem fator intrínseco, o corpo não pode absorver essa vitamina da dieta, o que prejudica a formação de hemácias e resulta em anemia.

    Além da falta de fator intrínseco, outras causas de deficiência de vitamina B12 e anemia incluem dieta inadequada e problemas que afetam a absorção da vitamina no intestino, como cirurgia, alguns medicamentos, doenças digestivas (doença celíaca, doença de Crohn) e infecções. Desses, a anemia perniciosa é a causa mais comum de anemia.

    A deficiência de vitamina B12 pode provocar sintomas gerais de anemia e problemas neurológicos, como:

    • Fraqueza ou fadiga.
    • Falta de energia.
    • Insensibilidade ou formigamento que começa nas mãos e nos pés.

    Outros sintomas podem incluir fraqueza muscular, reflexos lentos, perda do equilíbrio e marcha instável. Em casos graves pode ocorrer confusão, perda de memória, depressão e/ou demência.

    O ácido fólico é outra vitamina do complexo B, e sua deficiência também provoca anemia. O ácido fólico (ou folato) é encontrado em muitos alimentos, especialmente vegetais com folhas verdes. Nos EUA é adicionado à maioria dos produtos derivados de grãos. Portanto, sua deficiência é rara hoje em dia naquele país. No Brasil, esta iniciativa ainda não é tão amplamente empregada.

    O ácido fólico é necessário durante a gravidez para o desenvolvimento normal do cérebro e da medula espinhal. É importante que mulheres que pretendem engravidar tomem suplementos de folato antes e durante a gravidez para não apresentarem carência dessa susbstância. A deficiência de folato no início da gravidez pode causar problemas no desenvolvimento do cérebro e da medula espinhal do bebê.

    As anemias resultantes de deficiência de vitamina B12 ou de folato são chamadas anemias macrocíticas ou anemias megaloblásticas, porque as hemácias são maiores que as normais. A falta dessas vitaminas prejudica o desenvolvimento e a divisão dos precursores das hemácias, produzindo hemácias grandes e anemia.

    Exames laboratoriais
    Sintomas de anemia são em geral investigados inicialmente com um hemograma. Na anemia perniciosa ou na deficiência de vitamina B12, o hemograma mostra:

    • Nível baixo de hemoglobina.
    • Alto volume globular médio (VGM). Ele mede o tamanho médio das hemácias.
    • O exame de um esfregaço de sangue mostra hemácias grandes.

    A deficiência de ácido fólico pode resultar nos mesmos padrões de alterações da hemoglobina e de tamanho das hemácias provocados pela deficiência de vitamina B12. Se há suspeita de que a causa de uma anemia seja anemia perniciosa ou deficiência de vitamina B12 ou de folato, em geral são necessários outros exames para o diagnóstico, como:

    • Vitamina B12 - O nível sanguíneo pode estar baixo quando há deficiência de vitamina B12.
    • Ácido fólico - O nível sanguíneo pode estar baixo quando há deficiência de ácido fólico.
    • Ácido metilmalônico - A quantidade no sangue aumenta quando há deficiência de vitamina B12.
    • Homocisteína - A quantidade no sangue pode se elevar na deficiência de vitamina B12 ou na deficiência de ácido fólico.
    • Contagem de reticulócitos - Em geral está baixa.
    • Anticorpos contra fator intrínseco ou anticorpos contra células parietais – podem estar presentes na anemia perniciosa

    Algumas vezes pode ser feito um aspirado de medula óssea, que mostra precursores de hemácias atípicos maiores que o normal.

    O tratamento dessas anemias é feito com reposição da vitamina deficiente. Se a causa da deficiência é a incapacidade de absorção da vitamina pelo tubo digestivo, ela deve ser fornecida em injeções. Também é importante o tratamento de problemas subjacentes, como um distúrbio digestivo ou uma infecção.

    Para mais detalhes, leia o artigo Deficiência de vitamina B12 e deficiência de folato.

  • Anemia aplástica


    A anemia aplástica é uma doença em que há diminuição de todos os tipos de células produzidas na medula óssea. Em condições normais, a medula óssea produz hemácias, leucócitos e plaquetas em número suficiente para as funções do corpo. Cada tipo de célula passa para a corrente sanguínea, circula e morre depois de um determinado tempo. Por exemplo, a vida normal das hemácias é de cerca de 120 dias. Se a medula óssea não for capaz de produzir células suficientes para repor as que morrem, ocorrem diversos sintomas, incluindo os de anemia.

    Os sintomas de anemia aplástica podem aparecer com rapidez ou devagar. Alguns sintomas gerais, comuns a todos os tipos de anemia, podem surgir em primeiro lugar e são resultado da diminuição do número de hemácias. Incluem:

    • Sensação de cansaço, fadiga.
    • Falta de energia.

    Alguns sinais e sintomas adicionais da anemia aplástica são provocados pela diminuição do número de plaquetas, como:

    • Sangramento prolongado.
    • Sangramentos nasais frequentes.
    • Sangramento gengival.
    • Equimoses espontâneas (a pele fica com áreas "roxas" como se tivesse ocorrido trauma).

    Outros são resultado da diminuição do número de leucócitos:

    • Aumento da frequência e da gravidade de infecções.

    As causas de anemia aplástica estão relacionadas a dano das células tronco na medula óssea, que são responsáveis pela produção de células do sangue. Existem alguns fatores que podem estar envolvidos na lesão da medula óssea e causar anemia aplástica:

    Raramente, a anemia aplástica é devida a um distúrbio genético, como a anemia de Fanconi. Para mais informações sobre essa doença, visite o Fanconi Anemia Research web site.

    Exames laboratoriais
    O exame inicial para anemia, o hemograma, pode mostrar muitas anormalidades.

    • Hemoglobina e hematócrito baixos.
    • Contagens baixas de hemácias e de leucócitos.
    • Contagem baixa de plaquetas.
    • Índices hematimétricos em geral estão normais.
    • A contagem diferencial de leucócitos mostra diminuição de todos os tipos, menos de linfócitos.

    Existem exames adicionais para determinar a causa da anemia:

    Um exame físico e uma história clínica completa podem revelar causas possíveis de anemia aplástica, como exposição a tóxicos ou a certos medicamentos (por exemplo, cloranfenicol), ou tratamento anterior para câncer. Em alguns casos, a anemia aplástica é passageira, mas, em outros, a lesão da medula óssea é permanente. O tratamento depende da causa. É possível conseguir resultados reduzindo ou eliminando a exposição a tóxicos. Quando há distúrbios autoimunes podem ser usados medicamentos para estimular a medula óssea ou para inibir o sistema imunológico. Em casos mais graves pode ser necessário fazer transfusões de sangue e transplante de medula óssea.

  • Anemias hemolíticas

    Algumas anemias são resultado da morte ou destruição prematura das hemácias. Nas anemias hemolíticas, a vida normal das hemácias, de 120 dias, é encurtada algumas vezes para apenas alguns dias. A capacidade da medula óssea de repor as hemácias destruídas é limitada, o que causa uma diminuição do número de hemácias circulantes (anemia). Os sintomas típicos de anemia incluem:

    • Fraqueza e/ou fadiga.
    • Falta de energia.

    Dependendo da causa, os diferentes tipos de anemias hemolíticas podem ser crônicos, de desenvolvimento lento e duração prolongada ou por toda a vida, ou podem ser agudos. Os sinais e sintomas variam bastante com a causa. Veja as discussões abaixo sobre cada tipo.

    As causas de anemia hemolítica são classificadas em dois grupos:

    • Formas hereditárias, em que há defeitos herdados da hemácia ou da hemoglobina.
    • Formas adquiridas, em que algum fator causa destruição prematura das hemácias.

    Anemias hemolíticas hereditárias
    Os dois tipos mais comuns de anemia hemolítica hereditária são a falciforme e as talassemias:

    A anemia falciforme pode causar problemas mínimos quando a pessoa herda um gene anormal de um dos pais (traço falcêmico), mas causa problemas clínicos graves quando dois genes são herdados, um de cada um dos pais. As hemácias têm forma anormal, são frágeis (o que causa hemólise) e podem bloquear pequenos vasos sanguíneos, resultando em dor e anemia. É comum a triagem em recém-nascidos, especialmente descendentes de africanos. Algumas vezes, a triagem é feita antes do nascimento com uma amostra de líquido amniótico. A confirmação do diagnóstico pode ser feita com a pesquisa de variantes de hemoglobina. O tratamento se baseia no tipo, na frequência e na gravidade dos sintomas.

    Talassemia é uma anormalidade hereditária da produção de hemoglobina, que resulta na formação de hemácias pequenas, como as que são vistas na carência de ferro. Nas formas mais graves, as hemácias podem ter uma sobrevida diminuída. Nas formas mais brandas, a anemia é discreta ou ausente, e a doença pode ser descoberta pelo achado de hemácias pequenas em um hemograma. de rotina. Essa doença é observada, com frequência, em pessoas de origem mediterrânea e asiática. O defeito de produção envolve um de dois componentes da hemoglobina, chamados cadeias alfa e cadeias beta. A doença é chamada talassemia alfa ou talassemia beta de acordo com a cadeia envolvida.

    A talassemia beta minor ocorre quando a pessoa herda um gene talassêmico beta de um dos pais e um gene normal do outro. Causa anemia discreta e assintomática. A talassemia beta major, também chamada anemia de Cooley, ocorre quando a pessoa herda dois genes talassêmicos beta, um de cada um dos pais. É mais grave e pode causar problemas de crescimento e icterícia.

    Outros tipos menos comuns de anemias hemolíticas hereditárias incluem:

    • Esferocitose hereditária – Produção de hemácias de forma anormal, observadas em um esfregaço de sangue.
    • Eliptocitose hereditária – Outra causa de hemácias com forma anormal, vistas no esfregaço de sangue.
    • Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD). É uma enzima necessária para a sobrevivência da hemácia. Sua deficiência pode ser diagnosticada com um exame que mede a atividade da enzima.
    • Deficiência de piruvato quinase. É outra enzima importante para a sobrevivência da hemácia, e sua deficiência também pode ser diagnosticada pela medida de sua atividade.

    Exames laboratoriais
    Como algumas das anemias hemolíticas hereditárias causam sintomas brandos, podem ser detectadas pela primeira vez em um hemograma de rotina, ou no exame de um esfregaço de sangue, que revelam diversas anormalidades e sugerem a causa. Em geral, são feitos outros exames para se determinar o diagnóstico, como:

    • Pesquisa de variantes da hemoglobina, como a eletroforese de hemoglobina.
    • Análise de DNA. Não é um exame de rotina, mas pode ser usada para diagnosticar variantes da hemoglobina e talassemias, e para identificar portadores.
    • Dosagem de glicose-6-fosfato desidrogenase, para detectar a deficiência da enzima.
    • Fragilidade osmótica – Detecta hemácias mais frágeis que o normal, que podem ser encontradas na esferocitose hereditária.

    Esses distúrbios hereditários não têm cura, mas com frequência o tratamento alivia os sintomas.

    Anemias hemolíticas adquiridas
    Alguns fatores envolvidos em anemias hemolíticas adquiridas incluem:

    • Distúrbios autoimunes. Na anemia hemolítica autoimune, o corpo produz anticorpos contra as próprias hemácias. Não se sabe porque isso acontece.
    • Reações transfusionais resultam de incompatibilidade entre um doador e uma transfusão de sangue. Isso é raro, mas pode ter complicações graves.
    • Incompatibilidade maternofetal pode causar a doença hemolítica do recém-nascido.
    • Medicamentos. Alguns, como a penicilina, podem desencadear a produção de anticorpos contra as hemácias ou causar a destruição direta das hemácias.
    • Destruição física das hemácias, por exemplo, por uma válvula cardíaca artificial ou por uma máquina de circulação extracorpórea durante cirurgia cardíaca.
    • Hemoglobinúria paroxística noturna. É uma doença rara em que os três tipos de células do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas) são anormais. O defeito resulta em destruição precoce da hemácias, antes que completem sua vida normal. Como o nome sugere, algumas pessoas com esse distúrbio podem apresentar episódios agudos de destruição de grande quantidade de hemácias. A doença ocorre por alteração ou mutação de um gene chamado PIGA nas células tronco formadoras de células do sangue. Embora essa seja uma alteração genética, não é transmitida para a próxima geração (não é hereditária). Os pacientes com frequência eliminam urina escura por causa da hemoglobina liberada pelas hemácias destruídas. Isso é mais notado de manhã, quando a urina está mais concentrada. Acredita-se que os episódios sejam desencadeados quando o corpo está sob estresse de alguma doença ou após esforço físico. Para mais detalhes, veja o site Genetic Home Reference webpage.

    Esses tipos de anemia hemolítica são identificados primeiro por sinais e sintomas, durante o exame físico, ou pela história clínica. Esta pode revelar, por exemplo, uma transfusão de sangue recente, tratamento com penicilina ou cirurgia cardíaca. O hemograma e o exame do esfregaço de sangue podem mostrar diversas anormalidades. Dependendo desses achados, são feitos outros exames, como:

    Os tratamentos para anemias hemolíticas variam tanto quanto as causas. Entretanto, os objetivos são os mesmos: tratar a causa da anemia, diminuir ou interromper a destruição de hemácias e aumentar o nível de hemoglobina e a contagem de hemácias para aliviar os sintomas. Isso pode envolver, por exemplo:

    • Medicamentos para diminuir a produção de anticorpos que destroem hemácias.
    • Transfusões de sangue para aumentar o número de hemácias normais.
    • Transplante de medula óssea para aumentar a produção de hemácias normais.
    • Evitar fatores que podem desencadear anemia, como frio em algumas formas de anemia hemolítica autoimune ou favas para pessoas com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase.
  • Anemia das doenças crônicas

    Doenças crônicas (de longa duração) podem causar anemia. Com frequência, ela não é percebida até que um hemograma de rotina revele anormalidades, já que o organismo tem tempo para se adaptar à anemia. Também são usados diversos outros exames para determinar a causa. Algumas doenças e estados clínicos crônicos que podem causar anemia são:

    • Doença renal. As hemácias são produzidas na medula óssea em resposta a um hormônio chamado eritropoietina, que é produzido principalmente nos rins. Doenças renais crônicas podem causar anemia resultante da diminuição da produção desse hormônio. Essa anemia pode ser tratada com injeções de eritropoietina.
    • Processos inflamatórios. Quando uma doença crônica estimula um processo inflamatório, a resposta da medula óssea à eritropoietina diminui. Por exemplo, a artrite reumatoide, doença autoimune que provoca um processo inflamatório nas articulações, pode causar anemia por esse mecanismo.
    • Outras doenças que podem causar anemia do mesmo modo que doenças inflamatórias são as infecções crônicas, como HIV ou tuberculose, TB), câncer ou cirrose hepática.

    Existem diversos exames para determinar a causa da anemia crônica, após os resultados anormais iniciais do hemograma e do exame do esfregaço de sangue:

    O tratamento da anemia das doenças crônicas em geral envolve o diagnóstico e o tratamento da doença subjacente. Para tratamento a curto prazo também pode ser necessário fazer transfusões de sangue.

Fontes do artigo

Fontes usadas na revisão atual

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