Proteinúria é uma condição caracterizada pela presença de proteínas na urina, em uma quantidade superior ao normal. Está usualmente associada a algum tipo de doença ou anormalidade, mas, ocasionalmente, pode ser observada em adultos normais.
O plasma, a porção líquida do sangue, contém diversas proteínas diferentes. Uma das funções dos rins é a conservação das proteínas plasmáticas, de maneira que não sejam excretadas quando a urina é produzida. Há dois mecanismos que normalmente impedem que as proteínas passem para a urina: (1) os glomérulos representam uma barreira que mantém a maioria das proteínas plasmáticas maiores dentro dos vasos sanguíneos, e (2) as proteínas menores - as quais podem passar por essa barreira - são quase inteiramente reabsorvidas pelos túbulos renais. Veja detalhes adicionais sobre os rins e seu funcionamento no link Como Funcionam os Rins,.
A proteinúria ocorre mais frequentemente quando há dano aos glomérulos e/ou aos túbulos renais. A inflamação e/ou formação de cicatrizes nos glomérulos pode permitir que maiores quantidades de proteínas - e, por vezes, até hemácias (células vermelhas do sangue) - penetrem na urina. O dano aos túbulos pode impedir a reabsorção das proteínas. A proteinúria se desenvolve, também, quando uma proteína específica está presente no sangue em quantidades extremamente aumentadas, impedindo que os túbulos a reabsorvam por completo.
É possível que imdivíduos saudáveis apresentem proteinúria transitória ou, mesmo, persistente. Isto pode estar associado a estresse, febre, terapia com aspirina, exposição ao frio. Algumas pessoas excretam mais proteínas na urina quando estão de pé do que quando estão deitadas (é chamado de Proteinúria Ortostática), mas isto é raro de acontecer quando se tem mais de 30 anos. No entanto, um nível detectável de proteína na urina geralmente indica a presença de uma doença ou outra condição subjacente, necessitando investigações adicionais para determinar o motivo. As causas mais comuns de proteinúria são lesões renais determinadas por:
- Diabetes – A proteinúria é um dos primeiros sinais de deterioração da função renal em pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2.
- Hipertensão – Em alguns pacientes com pressão sanguínea alta, a proteinúria é também um primeiro sinal de declínio da função renal.
Outras causas de dano renal que resultam em proteinúria:
- Desordens imunológicas (exemplo: Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou SLE), Neuropatia por IGA, Síndrome de Goodpasture.
- Infecções.
- Exposição a toxinas.
- Trauma.
- Câncer nos rins.
Algumas outras condições causadoras de proteinúria incluem:
- Destruição de células vermelhas do sangue e, em consequência, liberação da hemoglobina na corrente sanguínea (hemólise intravascular).
- Pré-eclâmpsia – Mulheres grávidas devem ser examinadas rotineiramente com determinação da proteinúria, pois sua ocorrência é associada à pré-eclâmpsia (também conhecida como Toxemia Gravídica). A pré-eclâmpsia é uma desordem específica da gravidez, e a proteinúria se desenvolve simultaneamente. Os sintomas de pré-eclâmpsia ocorrem durante a gravidez e incluem edema (inchaço), náusea e dores de cabeça (cefaleia). Raramente, podem surigir sintomas severos como convulsões. A pré-eclâmpsia pode ser perigosa tanto para a mãe como para o bebê.
- Mieloma múltiplo (câncer ou tumor de células plasmáticas) – Nesta doença pode ocorrer a presença de pequenas proteínas (Proteína de Bence-Jones ou Imunoglobulinas) em excesso no sangue, o que resulta em sua presença na urina, devida ao fluxo extremo. Às vezes, usa-se a frase “cadeias leves de Imunoglobulinas” para se discutir sinais de mieloma múltiplo. Todas as imunoglobulinas são compostas de quatro cadeias proteicas – duas leves e duas pesadas. A Proteína de Bence-Jones é produzida a partir de duas cadeias leves de imunoglobulina, e sua presença na urina é frequentemente um achado diagnóstico associado ao mieloma múltiplo, em contexto com outros achados.