Também conhecido como
Proteínas na Urina
Albuminúria
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Este artigo foi modificado pela última vez em 29 de Agosto de 2019.
Resumo - O que é Proteinúria?

Proteinúria é uma condição caracterizada pela presença de proteínas na urina, em uma quantidade superior ao normal. Está usualmente associada a algum tipo de doença ou anormalidade, mas, ocasionalmente, pode ser observada em adultos normais.

 O plasma, a porção líquida do sangue, contém diversas proteínas diferentes. Uma das funções dos rins é a conservação das proteínas plasmáticas, de maneira que não sejam excretadas quando a urina é produzida. Há dois mecanismos que normalmente impedem que as proteínas passem para a urina: (1) os glomérulos representam uma barreira que mantém a maioria das proteínas plasmáticas maiores dentro dos vasos sanguíneos, e (2) as proteínas menores - as quais podem passar por essa barreira - são quase inteiramente reabsorvidas pelos túbulos renais. Veja detalhes adicionais sobre os rins e seu funcionamento no link Como Funcionam os Rins,.

A proteinúria ocorre mais frequentemente quando há dano aos glomérulos e/ou aos túbulos renais. A inflamação e/ou formação de cicatrizes nos glomérulos pode permitir que maiores quantidades de proteínas - e, por vezes, até hemácias (células vermelhas do sangue) - penetrem na urina. O dano aos túbulos pode impedir a reabsorção das proteínas. A proteinúria se desenvolve, também, quando uma proteína específica está presente no sangue em quantidades extremamente aumentadas, impedindo que os túbulos a reabsorvam por completo.

É possível que imdivíduos saudáveis apresentem proteinúria transitória ou, mesmo, persistente. Isto pode estar associado a estresse, febre, terapia com aspirina, exposição ao frio. Algumas pessoas excretam mais proteínas na urina quando estão de pé do que quando estão deitadas (é chamado de Proteinúria Ortostática), mas isto é raro de acontecer quando se tem mais de 30 anos. No entanto, um nível detectável de proteína na urina geralmente indica a presença de uma doença ou outra condição subjacente, necessitando investigações adicionais para determinar o motivo. As causas mais comuns de proteinúria são lesões renais determinadas por:

  • Diabetes – A proteinúria é um dos primeiros sinais de deterioração da função renal em pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2.
  • Hipertensão – Em alguns pacientes com pressão sanguínea alta, a proteinúria é também um primeiro sinal de declínio da função renal.

Outras causas de dano renal que resultam em proteinúria:

  • Desordens imunológicas (exemplo: Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES ou SLE), Neuropatia por IGA, Síndrome de Goodpasture.
  • Infecções.
  • Exposição a toxinas.
  • Trauma.
  • Câncer nos rins.

Algumas outras condições causadoras de proteinúria incluem:

  • Destruição de células vermelhas do sangue e, em consequência, liberação da hemoglobina na corrente sanguínea (hemólise intravascular).
  • Pré-eclâmpsia – Mulheres grávidas devem ser examinadas rotineiramente com determinação da proteinúria, pois sua ocorrência é associada à pré-eclâmpsia (também conhecida como Toxemia Gravídica). A pré-eclâmpsia é uma desordem específica da gravidez, e a proteinúria se desenvolve simultaneamente. Os sintomas de pré-eclâmpsia ocorrem durante a gravidez e incluem edema (inchaço), náusea e dores de cabeça (cefaleia). Raramente, podem surigir sintomas severos como convulsões. A pré-eclâmpsia pode ser perigosa tanto para a mãe como para o bebê.
  • Mieloma múltiplo (câncer ou tumor de células plasmáticas) – Nesta doença pode ocorrer a presença de pequenas proteínas (Proteína de Bence-Jones ou Imunoglobulinas) em excesso no sangue, o que resulta em sua presença na urina, devida ao fluxo extremo. Às vezes, usa-se a frase “cadeias leves de Imunoglobulinas” para se discutir sinais de mieloma múltiplo. Todas as imunoglobulinas são compostas de quatro cadeias proteicas – duas leves e duas pesadas. A Proteína de Bence-Jones é produzida a partir de duas cadeias leves de imunoglobulina, e sua presença na urina é frequentemente um achado diagnóstico associado ao mieloma múltiplo, em contexto com outros achados.
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Sobre Proteinúria
  • Sinais e sintomas

    O teste laboratorial é a única maneira de se saber com certeza se um indivíduo apresenta proteinúria. Diversas organizações de saúde recomendam o teste regular da urina, em pessoas sob risco de doença renal crônica. Frequentemente, não há qualquer sintoma associado à proteinúria, especialmente em casos leves. Grandes quantidades de proteínas podem fazer com que a urina apresente aspecto de espuma. A perda significativa de proteínas do sangue pode afetar a capacidade do organismo em regular os fluidos internos, e resultar em edema (inchaço) das mãos, pés, abdome e rosto. Quando existem sintomas, geralmente estão associados à condição ou doença específica que causa a proteinúria.

  • Exames

    Os objetivos de fazer exame para proteinúria incluem: triagem de indivíduos em risco, detecção dessa condição em exames rotineiros, determinação de sua causa, avaliação do tipo e quantidade de proteína liberada, e avaliação da função renal. Caso a proteinúria seja detectada, a pessoa deverá ser monitorada periodicamente, de maneira a determinar se esta proteinúria se resolve por si própria ou se piora com o tempo. O médico pode pedir exames de urina e de sangue para avaliar a proteinúria.

  • Exames laboratoriais

    A triagem para a presença de proteínas na urina pode ser realizada como parte de um exame geral de saúde, ou como parte de um check-up em um indivíduo que apresente uma condição que pode causar proteinúria. Alguns testes incluem:

    •  Proteinúria – Detecta a presença de qualquer tipo de proteína que possa ser encontrado na urina. Pode ser realizado isoladamente, em uma amostra aleatória de urina, ou como parte do exame de urinálise (Rotina de Urina).
    •  Urinálise ou Rotina de Urina – Avaliação de uma amostra de urina que cobre a presença de diversas substâncias que podem estar presentes – inclusive a proteinúria. Pode fazer parte de um exame geral de saúde.
    •  Microalbuminúria (albumina urinária) – É um teste sensível, utilizado para se monitorar pessoas com diabetes. Detecta a presença de pequenas quantidades de albumina, a principal proteína do sangue. Ao longo do tempo, a diabetes pode, lentamente, afetar a função renal. Este teste é um indicador precoce de que a diabetes tenha causado algum dano. A Associação Americana de Diabetes (ADA) recomenda que pessoas com diagnóstico de diabetes tipo 2 sejam examinadas anualmente com a dosagem de microalbuminúria, e que diabéticos do tipo 2 sejam testados 5 anos após o diagnóstico e, a partir daí, anualmente.
    • Microalbuminúria, Urina de 24 horas – Mede a quantidade de albumina que está sendo perdida através da urina nesse intervalo de tempo. Esse exame pode fornecer ao medico uma avaliação mais precisa do grau de dano aos rins.
    • Razão microalbumina/creatinina – Alternativa à coleta de urina de 24 horas, utilizando uma amostra aleatória de urina. Neste caso, também se mede a creatinina, substância excretada na urina, a uma fração constante. Quando é feita a medição de  albumina e de creatinina, pode ser calculada uma taxa de microalbumina/creatinina. O cálculo corrige a microalbuminúria em relação à presença de creatinina na amostra, o que reflete de maneira mais precisa a quantidade de albumina perdida através da urina.
    • Proteinúria de 24 horas – Mede a quantidade de proteína excretada na urina em um período de 24 horas, o que é uma avaliação mais acurada do grau de proteinúria do que um teste em urina aleatória.
    • Razão proteína/creatinina (UPCR) – Mede a proteína e a creatinina em uma amostra aleatória, e faz a correção pela quantidade de creatinina, o que é similar à taxa de microalbumina/creatinina.
    • Eletroforese de Proteínas urinárias – Teste utilizado para se determinar os diferentes tipos e concentrações relativos de cada proteína presentes na urina. Um teste urinário para a Proteína de Bence-Jones é usado para detectar e, às vezes, acompanhar o tratamento do mieloma múltiplo e de outras doenças similares.

    Além do exame de urina, existem diversos outros que podem ser utilizados para avaliar a função dos rins e/ou avaliar a natureza da proteína eventualmente presente na urina. Esses exames podem ser realizados ao mesmo tempo em que se faz a triagem na urina em qualquer consulta de acompanhamento. Incluem:

    • Dosagem de Uréia e Creatinina no sangue – Testes de sangue utilizados para avaliar a função renal. A uréia e a creatinina são produtos de descarte, contêm nitrogênio, e são removidos do sangue pelo organismo até chegar à urina. Caso os rins não estejam funcionando adequadamente, permanecerão na corrente sanguínea e seus níveis irão aumentar. A creatinina pode ser medida em amostras de urina, mas isto ocorre principalmente como uma parte de um exame que inclua o cálculo de taxas, como  taxa urinária de proteína/creatinina, ou de microalbumina/creatinina.
    • TFG estimada (eGRF ou TFGe) - Taxa estimada de Filtração Glomerular – Utiliza os níveis de creatinina, em associação com a idade e valores atribuídos ao sexo e à etnia, para estimar a taxa de filtração glomerular, que diminui com o dano renal progressivo.
    • Clearance de creatinina – Mede a creatinina em uma amostra de urina de 24 horas, e utiliza a dosagem feita em uma amostra de sangue, para calcular a quantidade de creatinina que foi extraída do sangue e eliminada na urina. Este cálculo permite uma melhor avaliação da função renal, baseada na taxa corpórea de excreção de creatinina.
    • Dosagem de Proteínas Totais – Exame de sangue que mede a quantidade total de proteínas no soro.
    • Dosagem de albumina – Teste de sangue que mede a concentração de albumina, a proteína na qual o soro humano é mais rico.
    • Eletroforese de Proteínas Séricas – Determina os tipos e as quantidades relativas de proteínas no soro. É comparado à eletroforese na urina, de maneira a se determinar se o sangue é a origem das proteínas observadas na urina.
    • Dosagem de Cadeias Leves Séricas Livres(SFLC) – Exame usado para auxiliar o diagnóstico e monitoração de condições associadas a uma produção aumentada de cadeias leves, tais como o mieloma múltiplo.

    O médico também pode solicitar uma biópsia de rins. Neste procedimento, um pequeno fragmento do rim é examinado em um microscópio, para ser utilizado como evidência de dano ou doença renal. 

  • Testes não laboratoriais
    • Testes de imagem dos rins - Para detectar a presença e determinar a severidade da doença renal. Para mais informações, visite Radiologyinfo.org
    • Medida da pressão arterial - Pode ser feita como parte de um procedimento de investigação da causa de proteinúria. Esta é frequentemente monitorada em pessoas que apresentam hipertensão arterial ou têm risco de desenvolvê-la.
  • Tratamentos

    Existem diferentes causas responsáveis pela proteinúria. Seu ttratamento se concentra nos focos no controle de sua(s) causa(s), e em minimizar sua progressão. Desta forma, o tratamento para cada condição deverá ser individualizado e único. Por exemplo, um portador de diabetes deve monitorar e controlar cuidadosamente seus níveis de glicose sanguínea (glicemia), de modo a ajudar na prevenção do dano renal. Quem tem pressão alta (hipertensão arterial) deverá controlar a pressão para prevenir o dano renal progressivo. Na pré-eclâmpsia, a proteinúria deverá ser cuidadosamente monitorada, e geralmente se resolverá após o nascimento do bebê. Algumas vezes, dependendo da severidade da pré-eclâmpsia, são prescritos medicamentos para reduzir a pressão arterial.

    As pessoas que apresentem proteinúria persistente - especialmente aquelas com função renal reduzida – podem receber recomendações específicas para a dieta, como redução de proteína e de colesterol na alimentação. A proteinúria leve ou transitória pode não necessitar de qualquer tratamento.

    Fontes do artigo

    NOTE: This article is based on research that utilizes the sources cited here as well as the collective experience of the Lab Tests Online Editorial Review Board. This article is periodically reviewed by the Editorial Board and may be updated as a result of the review. Any new sources cited will be added to the list and distinguished from the original sources used.

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