Também conhecido como
Dependência de álcool
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Este artigo foi modificado pela última vez em 27 de Novembro de 2019.
Resumo

Os problemas com álcool variam de uso excessivo ocasional e abuso de bebida até o alcoolismo. Este, também chamado dependência de álcool, é uma doença crônica com influências genéticas, psicossociais e ambientais influenciando seu desenvolvimento e suas manifestações. Com frequência, é progressivo e fatal. Segundo o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), dos EUA, as pessoas afetadas apresentam:

  • Dependência física – sintomas de abstinência, como náuseas, sudorese, tremores e ansiedade após a interrupção do uso de álcool
  • Tolerância – necessidade de doses crescentes de álcool
  • Ânsia – necessidade forte ou compulsão de beber
  • Perda de controle – incapacidade de parar de beber depois de ter começado

De acordo com o NIAAA, nos EUA, quase 20% dos pacientes tratados em clínicas gerais relatam consumo de álcool em níveis considerados arriscados ou perigosos, e estão em risco de desenvolver problemas relacionados ao álcool.

O NIAAA define o consumo perigoso de álcool em termos de doses padronizadas iguais a cerca de 330 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45 ml de bebida destilada. Para homens, é considerado arriscado tomar quatro ou mais doses por dia ou 14 ou mais doses por semana e, para mulheres, três ou mais doses por dia ou sete ou mais por semana. Por definição, o consumo de álcool é necessário para desenvolver o alcoolismo, mas não é suficiente para prever que ele vá acontecer. A quantidade, a frequência e a regularidade do consumo de álcool necessários para desenvolver alcoolismo varia muito entre diferentes pessoas. A resposta ao álcool pode ser afetada pelo tamanho, idade, estado geral de saúde e por medicamentos. Alguns indivíduos apresentam problemas de saúde com doses relativamente baixas. Como não há um nível “seguro” para mulheres grávidas, recomenda-se que elas parem de beber quando planejam engravidar ou durante a gravidez.

Os maiores riscos de saúde do alcoolismo incluem doenças hepáticas, doenças cardíacas, algumas formas de câncer, pancreatite e distúrbios nervosos. Esses problemas com frequência têm desenvolvimento gradual e podem tornar-se evidentes apenas após consumo excessivo prolongado.

O fígado é especialmente vulnerável a consumo excessivo de álcool e reage com hepatite alcoólica (inflamação) e cirrose (fibrose). As mulheres costumam ser mais sensíveis aos efeitos do álcool. Elas estão sujeitas a apresentar problemas mais cedo mesmo consumindo menos que os homens. Em grávidas pode causar aborto, prematuridade, peso baixo ao nascer e outros problemas, como anormalidades faciais, malformações de órgãos (como cérebro ou coração), deficiência de crescimento e problemas de visão e de audição. Lesões cerebrais podem resultar em dificuldades de aprendizado, de raciocínio e de julgamento por toda a vida. De acordo com a instituição March of Dimes, dos EUA, até 40.000 bebês por ano nascem naquele país com algum grau de lesão relacionada ao álcool.

O abuso de álcool, menos grave que o alcoolismo, é definido como um padrão de consumo que resulta em algumas situações específicas, como incapacidade de cumprir deveres no trabalho, na escola e em casa, ou problemas legais recorrentes relacionados com álcool, como  dirigir embriagado. Pessoas que abusam de álcool não têm uma compulsão muito forte de beber, podem não perder o controle quando bebem e não apresentam dependência física. Entretanto, estão sujeitas a desenvolver os problemas de saúde mencionados acima, como doença hepática.

Nos EUA, 17,6 milhões de pessoas abusam do álcool ou são dependentes dele. De acordo com o NIAAA, os problemas com álcool são mais frequentes em homens que em mulheres, especialmente em homens jovens, entre 18 e 29 anos de idade, e são menos comuns em adultos com 65 anos de idade ou mais.

 

 

 

 

 

 

 

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Sobre Alcoolismo
  • Exames

    Não existem exames laboratoriais para identificar o alcoolismo. O abuso e a dependência são diagnosticados com o uso de questionários que foram testados e validados em estudos clínicos. Variam de uma única pergunta sobre o número de dias em que a pessoa bebeu muito no último ano até o questionário de 25 perguntas da Michigan Alcohol Screening Test (MAST), nos EUA. Versões menores do MAST incluem o Brief Mast (dez perguntas) e o SMAST, com 13 perguntas. Outros são o Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT), com dez perguntas, e o CAGE, com quatro perguntas. O CAGE pergunta se a pessoa já pensou em diminuir a bebida (Cut), já recebeu críticas sobre a bebida (Annoy), já se sentiu culpada por beber (Guilty) e já bebeu de manhã para aliviar uma ressaca (Eye-opener). O questionário T-ACE, especial para pacientes obstétricas, contém três das perguntas do CAGE e uma adicional sobre tolerância: “Você precisa beber mais para ficar alta?” Existem ainda outros questionários para uso com populações especiais, como adolescentes e idosos.

    Podem ser realizados exames laboratoriais para detectar o uso crônico ou recaídas em pessoas que negam a ingestão de álcool e para avaliar a função de órgãos. Incluem:

    • Gama-glutamil transferase: enzima hepática que tem níveis sanguíneos aumentados pela ingestão de álcool e por muitos outros problemas hepáticos.
    • Volume globular médio (VGM): mede o volume das hemácias, em geral como parte do hemograma. O VGM pode aumentar com o tempo em grandes consumidores de álcool, mas pode também ser alterado por muitos outros problemas.
    • Hepatograma: grupo de exames usados para avaliar a função hepática.
    • Magnésio: que pode estar baixo em alcoólicos devido a ingestão insuficiente.
    • Vitamina B12 e folato: o abuso de álcool prejudica a absorção de vitamina B12 e de folato, e aumenta a excreção renal.
    • Transferrina deficiente em carboidratos: é um exame recente que pode ser usado para identificar consumo crônico de álcool.

    A dosagem de etanol no sangue determina se uma pessoa bebeu álcool recentemente, mas não diagnostica alcoolismo.

  • Tratamento

    Como muitas doenças crônicas, o alcoolismo não tem cura. Entretanto há tratamentos para ajudar os alcoólicos a se manterem sóbrios. Consistem em terapia de grupo, um ou mais tipos de aconselhamento e educação sobre o álcool. Os pacientes devem reconhecer que possuem um problema com álcool e devem desejar muito parar de beber. Uma vez tomada a decisão, podem internar-se em centros de tratamento para um período curto de reabilitação enquanto param de beber. Esses locais dão apoio e ajudam o paciente para que ele consiga  ultrapassar os sintomas iniciais da abstenção de álcool. Em alguns casos, são usados medicamentos, como benzodiazepínicos, a curto prazo para aliviar alguns dos sintomas da dependência.

    Há três medicamentos orais aprovados pela FDA (Agência de Drogas e Medicamentos), dos EUA, para ajudar os pacientes a se manterem sóbrios: dissulfiram, naltrexone e acamprosato. São prescritos para alguns indivíduos que mostraram intenção de se abster de álcool mas precisam de reforço. O dissulfiram provoca sintomas desagradáveis, como náuseas, vômitos e rubor mesmo com pequenas doses de bebida. O naltrexone bloqueia a sensação de euforia do álcool, mas pode provocar sintomas graves de abstinência em pacientes que também são dependentes de opiáceos. O acamprosato reduz a ânsia por álcool. Existe, também, uma forma injetável de longa ação do naltrexone. Todos esses medicamentos devem ser usados em combinação com aconselhamento.

    Do mesmo modo que não há um exame para triagem e diagnóstico de alcoolismo, não há uma tratamento isolado para todos os pacientes. Como muitas doenças crônicas, a dependência de álcool não tem uma solução fácil, e muitas pessoas voltam à bebida diversas vezes antes de conseguirem uma abstinência duradoura. Partes das lesões causadas no fígado e em outros órgãos podem regredir, e outras podem ser permanentes. O paciente e o médico precisam trabalhar em conjunto durante anos para manter a sobriedade e tratar as complicações dos danos causados pelo álcool.

Fontes do Artigo

Fontes usadas na revisão atual

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