2015-01-26
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Este artigo foi modificado pela última vez em 10 de Julho de 2017.

Uma pesquisa que já começou a gerar polêmica sugere que a maior parte dos tipos de câncer, como de cérebro, de intestino delgado e de pâncreas, ocorre mais devido a mutações genéticas aleatórias em cada pessoa, e menos aos chamados fatores de risco, como fumo, alimentação e outros hábitos de vida.

Realizado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins e da Escola de Saúde Pública Bloomberg, nos EUA, e publicado recentemente na revista Science, o estudo procura explicar a razão de alguns tecidos do corpo serem mais vulneráveis ao câncer que outros.

Isso acontece, segundo a pesquisa, devido à forma como esses tecidos se regeneram. Nesse processo, células velhas são substituídas constantemente por células mais novas, formadas após a divisão das células tronco. Nessa divisão pode ocorrer uma mutação perigosa que aumenta as chances de uma célula tronco tornar-se cancerígena. Porém, o ritmo da renovação celular varia conforme a região do corpo. Por exemplo, é mais rápida no intestino e mais lenta no cérebro.

O estudo analisou 31 tecidos de diferentes partes do corpo e comparou quantas vezes suas células se dividem ao longo da vida de uma pessoa em relação ao índice de incidência de câncer nessas mesmas partes do corpo. Segundo os pesquisadores, dois terços dos tipos de câncer eram causados por mutações genéticas aleatórias e imprevisíveis em células tronco, ou seja, segundo a equipe, provocadas "pelo azar".

De acordo com Cristian Tomasetti, professor assistente de oncologia e um dos pesquisadores, as ações de prevenção não são suficientes para impedir a ocorrência desses tipos de câncer. "Se dois terços da incidência de câncer nos tecidos é explicada por mutações de DNA aleatórias que ocorrem na divisão das células-tronco, mudar o estilo de vida e os hábitos é uma grande ajuda para prevenir certos tipos da doença, mas não é efetivo em relação a uma grande variedade de outros tipos", afirma.

O estudo já recebeu uma resposta da organização Cancer Research UK, do Reino Unido, que afirma que um estilo de vida saudável aumenta muito as possibilidades da pessoa não desenvolver a doença. "Estimamos que mais de quatro em cada dez casos poderiam ser prevenidos por mudanças no estilo de vida, como não fumar, manter um peso adequado, ter uma dieta saudável e reduzir o consumo de álcool", disse à BBC a médica Emma Smith, porta-voz da entidade.

Sources

BBC Brassil