A síndrome metabólica é um conjunto de fatores de risco que inclui obesidade abdominal, diminuição da capacidade de processar a glicose (resistência à insulina e aumento da glicemia), dislipidemia e hipertensão arterial. Pessoas com essas alterações têm um risco maior de apresentar doença cardiovascular e diabetes do tipo 2.
Desde sua descrição inicial, em 1988, foram usadas diversas denominações, como síndrome X, síndrome de Reaven, síndrome de obesidade, síndrome de resistência à insulina, síndrome plurimetabólica e síndrome dismetabólica. Em 1998, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou o uso exclusivo da expressão "síndrome metabólica", definindo critérios específicos de diagnóstico (veja abaixo).
A síndrome metabólica é bastante comum e afeta principalmente pessoas com obesidade abdominal e estilo de vida sedentário. Alguns especialistas questionam o valor do diagnóstico, considerando que o conjunto de alterações não é melhor que cada fator de risco isolado para a avaliação do risco de doença cardiovascular.
A OMS foi a primeira a publicar uma definição de critérios para diagnóstico da síndrome metabólica, em 1998. Nos EUA, são usadas as orientações do ATP III (terceiro relatório do painel de especialistas do National Cholesterol Education Program sobre detecção, avaliação e tratamento de hipercolesterolemia em adultos) e da AHA (American Hearts Association, Associação Americana de Cardiologia), em conjunto com o NHLBI (National Heart, Lung and Blood Institute, Instituto Nacional de Coração, Pulmão e Sangue). A tabela abaixo resume esses diferentes critérios.
Critérios para diagnóstico clínico da síndrome metabólica
Medidas | OMS1 | ATP III2 | AHA/NHLBI3 |
---|---|---|---|
Cintura | ≥102 cm em homens ≥88 cm em mulheres |
≥102 cm em homens ≥88 cm em mulheres |
|
IMC | IMC >30 kg/m2 | ||
Triglicerídeos | ≥150 mg/dL | ≥150 mg/dL | ≥150 mg/dL |
Colesterol HDL | <35 mg/dL em homens <39 mg/dL em mulheres |
<40 mg/dL em homens <50 mg/dL em mulheres |
<40 mg/dL em homens <50 mg/dL em mulheres |
Pressão arterial | ≥140/90 mm Hg | ≥130/85 mm Hg | ≥130/85 mm Hg |
Glicemia | IGT, IFG, ou T2D | em jejum >110 mg/dL (IFG) | em jejum ≥100 mg/dL (IFG) |
Resistência à insulina | SIM | NÃO | NÃO |
Microalbuminúria | SIM | NÃO | NÃO |
Referências:
1. Alberti KG, Zimmet PZ. Diabet Med 1998;15:539–553. 2. National Cholesterol Education Program (NCEP) Adult Treatment Panel III final report. Circulation 2002;106:3143–3421. 3. Grundy, SM, et al. Circulation 2005;112:2735–2752. Notas: A OMS exige resistência à insulina e dois fatores de risco adicionais para o diagnóstico; o ATP III exige três de cinco fatores para o diagnóstico. A AHA/NHLBI recomenda que triglicerídeos, colesterol HDL e pressão arterial sejam considerados normais quando são prescritos medicamentos. Abreviações: IMC = índice de massa corporal; IGT = tolerância à glicose alterada; IFG = glicemia em jejum alterada; T2D = diabetes do tipo 2. Adaptado de: Pizzi, R., Agreeing to Disagree: ADA, AHA Publish Opposing Views on Metabolic Syndrome, Clincal Laboratory News, January 2006 Volume 32, No. 1 |
Na síndrome metabólica também existe tendência à trombose (coagulação do sangue) e à inflamação, mas não são incluídas nos critérios. Mesmo quando assintomáticas, essas alterações podem indicar um risco maior de doença cardiovascular. O fumo também é um fator de risco adicional.
Os fatores associados na síndrome metabólica são interrelacionados. A obesidade e a falta de exercícios facilitam a resistência à insulina. Esta tem um efeito negativo sobre o metabolismo lipídico, aumentando os níveis de triglicerídeos, colesterol VLDL e colesterol LDL, e diminuindo os níveis de colesterol HDL. Isso pode facilitar a formação de placas causadoras de doença cardiovascular nas artérias. A resistência à insulina tende a elevar os níveis sanguíneos de glicose e de insulina, aumentando a retenção de água nos rins e facilitando aumentos da pressão arterial. [Leia uma explicação adicional aqui].