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Este artigo foi modificado pela última vez em 30 de Novembro de 2019.
Resumo

Infecções por fungos são invasões dos tecidos por uma ou mais espécies de fungos. Variam de superficiais, da pele, até mais profundas, de órgãos e do sangue (septicemia) ou doenças sistêmicas. Alguns fungos são oportunistas, afetam apenas pessoas imunodeprimidas, e outros são patogênicos, causam doença independente do estado do sistema imunológico.

Fungos são um dos quatro grupos de organismos infecciosos, que incluem bactérias, vírus e parasitas). Existem na natureza sob a forma de levedos (unicelulares) ou como filamentos ramificados (mofos). Alguns fungos são dimórficos – assumem uma ou outra forma dependendo do ambiente. Levedos não podem ser vistos a olho nu, mas mofos podem ser percebidos como manchas sobre frutas, limo no banheiro ou cogumelos que crescem sobre troncos. Existem mais de 50.000 espécies de fungos, mas menos de 200 estão associadas a doenças humanas. Dessas, apenas 20 a 25 são causas comuns de infecção.

A maioria das infecções por fungos ocorre porque a pessoa é exposta a fungos ou esporos sobre superfícies, no ar, no solo ou em dejetos de pássaros. Qualquer pessoa está sujeita a esse tipo de infecção, mas algumas populações têm um risco aumentado, entre esses estão receptores de transplantes, indivíduos com HIV/AIDS, quem está em uso de quimioterapia ou de imunossupressores, e pessoas com diabetes ou doenças pulmonares.

Infecções por fungos ocorrem na superfície, nas dobras e em outras áreas da pele mantidas quentes e úmidas pelas roupas ou por calçados. Podem surgir no local de uma lesão, em membranas mucosas, nos seios da face e nos pulmões. Causam respostas imunológicas, inflamação, lesão tecidual e, em alguns casos, reações alérgicas.

Muitas infecções ficam restritas a uma pequena área, como acontece entre os artelhos (dedos dos pés), mas outras se disseminam pela pele e penetram em tecidos mais profundos. As que atingem os pulmões podem ser transportadas pelo sangue para outras partes do corpo. Algumas podem ter cura espontânea, mas a maioria precisa de cuidados médicos e de tratamento prolongado. As que penetram no corpo em geral pioram com o tempo e, se não forem tratadas, provocam causam lesões permanentes e podem ser até fatais. Algumas se transmitem com facilidade entre pessoas, e outras não.

Infecções por fungos são classificadas de acordo com a parte do corpo afetada, a profundidade da infecção, o organismo causador e as formas assumidas pelo fungo. Alguns desses podem causar infecções superficiais e profundas.

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Sobre Infecções por fungos
  • Infecções superficiais da pele, das unhas e dos cabelos

    Infecções superficiais por fungos podem ser provocadas por levedos ou mofos. A pele normalmente é povoada por uma mistura de micro-organismos chamados flora normal. Durante a maior parte do tempo, eles não causam doenças e não estimulam o sistema imunológico. Quando este apresenta uma deficiência ou há uma ruptura da pele, qualquer organismo presente pode ocasionar uma ferida ou uma infecção de pele. Um desequilíbrio entre os organismos presentes, como uma diminuição de bactérias pelo uso de antibióticos de largo espectro, pode facilitar o crescimento de fungos e gerar uma infecção.

    Infecções por levedos
    Candidíase é uma forma comum de infecção por levedos resultante do crescimento de Candida albicans e outras espécies de Candida, que fazem parte da flora normal. Na boca, a candidíase forma aftas esbranquiçadas chamadas “sapinho”. Em bebês, causa erupção cutânea na área coberta pelas fraldas. Em mulheres, provoca prurido genital e corrimento vaginal. Além disso, pode originar outras infecções, incluindo de unhas, e se tornar sistêmica, especialmente em pessoas imunodeprimidas.

    Infecções por mofos (dermatófitos)
    Dermatófitos são um grupo de fungos que inclui espécies dos gêneros Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton, que se alimentam de queratina e raramente penetram abaixo da pele. A infecção por esses fungos transmite-se de uma pessoa para a outra e provoca prurido, vermelhidão, descamação e bolhas, deformação das unhas e quebra dos fios de cabelo. O conjunto dessas infecções é chamado tinea, e é classificado de acordo com a região do corpo afetada:

    • Tinea pedis, ou pé de atleta, entre os artelhos. Algumas vezes cobre a sola do pé.
    • Tinea cruris. Cobre a virilha e a face interna da coxa.
    • Tinea capitis, ou “pelada”. Envolve o couro cabeludo e os cabelos.
    • Tinea unguium, ou onicomicose. Afeta as unhas dos pés e, algumas vezes, as das mãos.
    • Tinea corporis, em qualquer parte do corpo.
    • Tinea barbae. Ocorre na região da barba na face e no pescoço.

    Outras
    A Tinea versicolor ou pitiríase versicolor está associada a manchas coloridas da pele. Não é causada por um dermatófito, mas pelo levedo Malassezia furfur.

    A esporotricose é provocada pelo fungo Sporothrix schenckii, que também não é um dermatófito. Afeta a pele, o tecido subcutâneo e os linfonodos regionais seguindo uma ferida por espinhos ou agulhas de plantas que abrigam o fungo.

    Infecções profundas, dos pulmões, do sangue e sistêmicas
    Diversos fungos podem causar infecções profundas e sistêmicas. A infecção ocorre quando uma pessoa entra em contato com o fungo no ambiente, como solo contaminado, ou quando aspira esporos de fungos. A partir de infecção dos pulmões ou das que ultrapassam a superfície da pele, os fungos se disseminam para o sangue (septicemia) e para outras áreas do corpo, incluindo órgãos, ossos e, algumas vezes, meninges e sistema nervoso central.

    Na maioria dos pacientes com sistema imunológico intacto, infecções pulmonares por fungos causam sintomas brandos semelhantes aos de resfriado, como tosse, febre, dores musculares, cefaleia e erupções cutânias. Em outros, a infecção permanece localizada no local onde começou, contida em granulomas. Quando esses pacientes ficam imunodeprimidos, a infecção crônica assintomática pode se tornar ativa e se disseminar. Algumas provocadas por fungos levam meses ou anos para produzir sintomas, progridem lentamente e causam suores noturnos, dor torácica, perda de peso e aumento de linfonodos. Outras evoluem rapidamente e levam a pneumonia e septicemia. Infecções pulmonares por fungos são mais graves em pessoas com doenças pulmonares subjacentes ou imunodeprimidas, como as com HIV/AIDS. Infecções agudas ou crônicas podem provocar lesões permanentes de órgãos e ser fatais.

    Algumas infecções profundas ou sistêmicas por fungos:

    • Aspergilose, causada por Aspergillus fumigatus ou outras espécies de Aspergillus. Comum no solo, em plantas e na poeira doméstica. Formam massas nos seios da face e nos pulmões, e disseminam-se para ossos e para o sistema nervoso central.
    • Paracoccidioidomicose, ou blastomicose sul-americana. Micose sistêmica causada por Paracoccidioides brasiliensis. Envolve membranas mucosas, linfonodos, ossos e pulmões.
    • Coccidiomicose, causada por Coccidioides immitis. Encontrado em solos áridos, é transmitida por esporos inalados e provoca um quadro gripal que pode evoluir para uma doença sistêmica.
    • Criptococose, causada por Cryptococcus neoformans ou, raramente, por outras espécies de Cryptococcus. Está associada a excrementos de pássaros e é uma infecção oportunística que ocorre principalmente em pacientes com HIV/AIDS ou outras causas de imunodepressão, como linfoma de Hodgkin ou tratamento com corticosteroides. Causa lesões de pele, pulmonares e meningite.
    • Histoplasmose, causada por Histoplasma capsulatum. Afeta em geral os pulmões, mas pode se disseminar. É comum em pacientes com HIV/AIDS.
    • A pneumonia por Pneumocystis jorveci (antes chamado Pneumocystis carinii) é uma infecção oportunística que ocorre principalmente em pacientes com HIV/AIDS. O fungo é encontrado com frequência em pessoas normais sem causar doença.
    • Candidíase, causada por espécies de Candida, é uma micose comum que pode se disseminar em pessoas imunodeprimidas
  • Exames

    Exames laboratoriais

    Diversos exames laboratoriais são usados para o diagnóstico e o tratamento de infecções por fungos. Para informações detalhadas, veja o artigo Exames para fungos.

    Exames para infecções superficiais
    Muitas infecções de pele por fungos são diagnosticadas pelo médico na avaliação clínica, na localização e no aspecto das lesões. Entretanto, alguns exames laboratoriais podem ser úteis para confirmar a infecção, identificar o fungo causador e orientar o tratamento:

    • Exame microscópico de raspados das lesões, preparados com hidróxido de potássio (KOH). Podem ser usados corantes, como o calcoflúor branco.
    • Cultura e testes de sensibilidade a antifúngicos.

    Exames para infecções profundas e sistêmicas
    Em infecções pulmonares ou sistêmicas por fungos, com frequência os sintomas são inespecíficos e podem ser confundidos com os de outras infecções ou doenças. Exames laboratoriais permitem identificar o fungo causador e excluir outras causas, como bactérias, e orientam o tratamento. A amostra colhida depende da localização da infecção. Pode ser sangue, escarro, urina, líquido cefalorraquiano ou biópsia. Incluem exames microscópicos de preparações coradas, cultura para fungos e testes de sensibilidade a antifúngicos.

    Outros exames:

    Exames não laboratoriais
    Em alguns casos, podem ser necessários exames de imagem para detectar massas de fungos nos pulmões e para avaliar a extensão de lesões de órgãos.

  • Tratamento

    Algumas infecções são causadas por fungos da flora normal ou por fungos sempre presentes no ambiente. Esses tipos de infecções não podem ser evitadas. É comum haver recorrências após o tratamento.

    Muitas micoses superficiais se resolvem com tratamento tópico, mas algumas exigem tratamento oral. Infecções mais graves ou sistêmicas precisam de tratamento oral e, às vezes, intravenoso. A escolha do antifúngico depende do fungo identificado e do teste de sensibilidade, quando feito.

    A duração do tratamento varia com o fungo, a localização e a resposta ao antifúngico. Por exemplo, infecções vaginais podem precisar de apenas alguns dias de tratamento; infecções de pele, de um a dois meses; infecções sistêmicas, de um a dois anos. O tratamento em pacientes imunodeprimidos pode ser mantido durante toda a vida. Ocasionalmente, é usada cirurgia para remover massas de fungos.

Fontes do artigo

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