Também conhecido como
TDM
Nome formal
Monitoramento de drogas terapêuticas
Este artigo foi revisto pela última vez em
Este artigo foi modificado pela última vez em 27 de Agosto de 2019.

O que é monitoramento de drogas terapêuticas?

A monitoramento de drogas terapêuticas consiste na dosagem de drogas específicas com intervalos pré-determinados a fim de manter uma concentração relativamente constante do medicamento na corrente sanguínea. Os medicamentos monitorados tendem a ter um “intervalo terapêutico” relativamente estreito – ou seja, a quantidade necessária para o efeito desejado não é muito distante daquela capaz de causar efeitos colaterais significativos e/ou sinais de intoxicação. Para manter esse estado de equilíbrio nem sempre é suficiente administrar uma dose padronizada do medicamento. Cada indivíduo absorve, metaboliza, utiliza e elimina medicamentos com taxas diferentes que variam em função de idade, estado geral de saúde, constituição genética e interferência de outros medicamentos que estejam utilizando. Essas taxas podem se alterar com o tempo e variam dia a dia.

Nem todos os medicamentos requerem monitoramento. A maioria tem intervalo terapêutico mais amplo e podem ser prescritos com base em esquemas posológicos pré-estabelecidos. A efetividade desses tratamentos deve ser avaliada mas, geralmente, não é necessário determinar a concentração do medicamento na corrente sanguínea. São exemplos os medicamentos para controle da hipertensão arterial e muitos dos antibióticos administrados para tratamento de infecções bacterianas. Se a infecção é debelada e se a pressão arterial é controlada, significa que os tratamentos foram efetivos.

Por que é importante?

Muitos dos medicamentos que têm sua dose terapêutica monitorada são utilizados por toda a vida. Devem ser mantidos em concentrações estáveis ano após ano, enquanto o paciente envelhece, e passam por situações específicas, como a gravidez, doenças passageiras, infecções, estresses físicos ou emocionais, acidentes e cirurgias. Ao longo do tempo, os pacientes podem desenvolver outros quadros crônicos que também requerem tratamento por toda a vida e que podem afetar o processamento de seus medicamentos sendo monitorados. São exemplos dessas condições doenças cardiovasculares, doenças renais, doenças tiroidianas, doenças hepáticas e HIV/AIDS.

A monitorização de drogas terapêuticas possibilita acompanhar essas mudanças e se adaptar a elas. Permite, também, identificar os pacientes não aderentes ao tratamento (quando o paciente não toma regularmente o medicamento conforme prescrito), identificar o efeito de interações medicamentosas (que podem levar a aumento ou redução da concentração sanguínea esperada para a dose prescrita de medicamento) e ajudar a individualizar a posologia para adequá-la às necessidades de cada pessoa. Juntamente com outros testes, ureia, creatinina e perfil hepático para verificar as funções renal e hepática, a monitorização ajuda a identificar quedas na eficiência e disfunções orgânicas que resultam em prejuízo para a metabolização e eliminação das drogas terapêuticas.

Medicamentos monitorados por categoria

Seguem-se diversas categorias de medicamentos que requerem monitorização, conforme aqui resumido.
CategorIA MEDICAMENTO UTILIDADE TERAPÊUTICA
Medicamentos para o coração Digoxina, digitoxina, quinidina, procainamida, N-acetil-procainamida (um  metabólito da procainamida) Insuficiência cardíaca congestiva, angina, arritmias
Antibióticos Aminoglicosídeos (gentamicina, tobramicina, amicacina), Vancomicina, Cloranfenicol Infecções por bactérias resistentes a antibióticos menos tóxicos
Anticonvulsivantes  Fenobarbital, fenitoína, ácido valproico, carbamazepina, etosuximida, algumas vezes gabapentina, lamotrigina Epilepsia, prevenção de crise convulsiva, algumas vezes como estabilizador do humor
Broncodilatadores Teofilina, cafeína Asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), apneia neonatal
Imunossupressores  Ciclosporina, tacrolimo, sirolimo, micofenolato de mofetila, azatioprina Prevenção de rejeição de órgão transplantado, doença autoimune
Medicamentos anti-câncer Metotrexato Psoríase, artrite reumatoide, diversos cânceres, linfoma não-Hodgkin, osteossarcoma
Medicamentos psiquiátricos Lítio, ácido valproico, alguns antidepressivos (imipramina, amitriptilina, nortriptilina, doxepina, desipramina) Transtorno bipolar (maníaco depressivo), depressão
Inibidores da protease Indinavir, ritonavir, lopinavir, saquinavir, atazanavir, nelfinavir HIV/AIDS

Como funciona o TDM?

Após anos de estudos, foram estabelecidos os limites de variação para os níveis sanguíneos terapêuticos ideais de cada medicamento. Dentro desses limites, a maioria dos indivíduos será efetivamente tratada sem que haja efeitos colaterais excessivos ou sintomas de intoxicação. A dosagem do medicamento para alcançar esse nível deve ser individualizada. Quando um paciente inicia o tratamento com um medicamento com dose monitorada (ou reinicia após um período de suspensão), o médico aumenta progressivamente a dose e monitora sua concentração no sangue, frequentemente até chegar a um estado de equilíbrio apropriado. Se a concentração sanguínea no paciente estiver muito alta o médico reduz a dose. Com frequência, cada medicamento necessita de algum tempo para que o seu nível se estabilize no sangue. Assim, as correções para mais ou para menos devem ser feitas após alguns dias ou semanas (embora algumas vezes haja necessidade de reduzir a dose rapidamente caso o paciente esteja apresentando sintomas ou sinais clínicos associados à toxicidade). É importante que os pacientes sejam acompanhados por seu médico durante esse processo e que não façam ajustes por conta própria nem suspendam a medicação. As mudanças abruptas podem resultar em um agravamento do quadro e podem causar sintomas agudos.

Uma vez que os resultados obtidos no paciente estejam dentro da faixa terapêutica e seus sinais clínicos indiquem que o tratamento está surtindo os efeitos desejáveis, o médico poderá monitorar o medicamento a intervalos regulares e de acordo com as necessidades para adaptá-lo às mudanças ocorridas no quadro clínico do paciente, a fim de assegurar que o remédio se mantenha dentro do nível terapêutico. A frequência de testes depende do tipo do medicamento e das necessidades do paciente.

Se o tratamento não for totalmente efetivo ou se o paciente estiver desenvolvendo muitos efeitos colaterais ou sinais de toxicidade, deve-se realizar o teste para avaliar se a concentração sanguínea está alta ou baixa. Se isso ocorrer, a dosagem será ajustada. Caso contrário, médico e paciente terão que reavaliar a indicação do medicamento e verificar se é possível substituí-lo por outro disponível.

O momento da coleta de sangue é parte importante da monitorização terapêutica. Quando um indivíduo toma uma dose de medicamento, a concentração no sangue tende a se elevar rapidamente, chega ao máximo (pico) e começa a decair, geralmente atingindo o nível mais baixo (vale) imediatamente antes da próxima dose. Para que o tratamento seja efetivo o nível máximo deve estar abaixo da concentração tóxica, enquanto o mínimo precisa permanecer dentro dos limites terapêuticos. Com base na experiência e em pesquisas, os médicos sabem os momentos de pico e de vale,e irá solicitar a coleta de sangue no momento da concentração mínima (geralmente, imediatamente antes da dose seguinte), da concentração máxima (varia, dependendo do medicamento prescrito) ou, algumas vezes, irá pedir uma coleta aleatória. A interpretação correta e precisa dos resultados depende do momento em que a amostra foi colhida. Se o paciente não estiver usando o medicamento no horário correto, para que o sangue seja colhido com intervalo adequado, ele deve conversar com seu médico antes dea realizar a coleta de sangue.

Perguntas frequentes

1. Como o medico estabelece qual a dose do medicamento a ser administrada?
Há vários fatores a serem considerados. Dentre esses estão o peso, a composição corporal, a idade, a temperatura, o estado de nutrição, as funções renal, hepática e cardíaca, a ocorrência de queimaduras, choque ou traumatismo. O médico considera esses fatores ao prescrever a dose e a frequência do medicamento, e, então, adapta a prescrição em função dos resultados obtidos com a monitorização terapêutica.

2. O que eu devo fazer caso esqueça de tomar o medicamento na hora correta?
Nunca faça uso de dose dobrada na próxima vez que tomar o remédio. Consulte seu médico para receber orientações de como proceder.

3. Posso fazer minha própria monitorização em casa?
Não. A amostra de sangue deve ser coletada em horários específicos e os exames realizados em um laboratório clínico utilizando equipamentos específicos.

Páginas relacionadas

Neste site
Doenças e estados clínicos: Doença renal, Doença hepática, Doença cardiovascular

Em outros sites da Internet
MedlinePlus Medical Encyclopedia: Therapeutic drug levels
Medical Laboratory Observer: Critical values for therapeutic drug levels

Fontes do artigo

NOTA: Este artigo se baseia em pesquisas que incluíram as fontes citadas e a experiência coletiva de Lab Tests Online Conselho de Revisão Editorial. Este artigo é submetido a revisões periódicas do Conselho Editorial, e pode ser atualizado como resultado dessas revisões. Novas fontes citadas serão adicionadas à lista e distinguidas das fontes originais usadas.

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