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Glicose

Glicose

Este artigo foi revisto pela última vez em 27 de Outubro de 2008.

Este artigo foi modificado pela última vez em 24 de Maio de 2019.

Também conhecido como:

  • Glicemia
  • Glicemia em jejum
  • Glicose na urina (glicosúria)

Amostra:

Para glicemia: uma amostra de sangue retirada de uma veia; para autoexame, uma gota de sangue de uma punção na pele com lanceta.

Para glicosúria: uma amostra de urina.

Alguns diabéticos podem usar um monitor contínuo de glicose, que é um aparelho com um pequeno fio sensor inserido sob a pele que mede a glicose em tempos pré-determinados.

É necessária alguma preparação?
Para glicose em jejum é necessário jejum (nenhum consumo de alimento sólido ou líquido que contenha calorias) durante 8 horas antes da coleta do sangue. Em pessoas com diabetes, entretanto, os níveis de glicose são verificados com frequência em jejum e após as refeições, para permitir um controle melhor da glicemia.

Para que serve o exame?

Para determinar se o nível de glicose no sangue está normal, pesquisar, diagnosticar e monitorar hiperglicemia, hipoglicemia, diabetes e pré-diabetes.

Também faz parte da avaliação clínica de rotina; quando há sintomas de hiperglicemia ou hipoglicemia; durante a gravidez; em diabéticos, até diversas vezes ao dia para monitorar os níveis de glicose no sangue.

Glicosúria: em geral como parte da urinálise

O que está sendo pesquisado?

A glicose é um açúcar simples que age como principal fonte de energia do corpo. Os carboidratos que ingerimos são divididos até a obtenção de glicose (e outros poucos açúcares simples) e absorvidos no intestino delgado para a corrente sanguínea. A maioria das células do corpo precisa de glicose para a produção de energia.

O uso da glicose pelo corpo depende da disponibilidade de insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas. A insulina age como um controlador de trânsito, transportando glicose para dentro das células e encaminhando o excesso para ser armazenado como glicogênio, para uso a curto prazo, e como triglicerídeos nas células gordurosas. Não podemos viver sem glicose ou sem insulina, e elas devem estar em equilíbrio.

Normalmente, os níveis sanguíneos de glicose se elevam um pouco após uma refeição, e é liberada insulina para corrigi-los, em quantidade correspondente ao volume e ao conteúdo da refeição. Se os níveis caírem muito, como pode ocorrer entre as refeições ou após grandes esforços, é secretado glucagon, outro hormônio pancreático, para estimular a transformação do glicogênio hepático em glicose, corrigindo os níveis sanguíneos. Se esses mecanismos de controle estiverem agindo de modo normal, a quantidade de glicose no sangue permanece bastante estável. Se houver ruptura do equilíbrio os níveis de glicose se elevam e o corpo procura restaurar o equilíbrio aumentando a liberação de insulina ou excretando glicose na urina.

Hiperglicemia ou hipoglicemia aguda podem ameaçar a vida, causando insuficiência de órgãos, lesão cerebral, coma e, em casos extremos, morte. Hiperglicemia crônica pode causar lesão progressiva de órgãos como rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. Hipoglicemia crônica pode causar lesão cerebral e de nervos

Algumas mulheres podem desenvolver hiperglicemia durante a gravidez, o que é chamado diabetes gestacional. Se não for tratado, as mães podem ter bebês grandes, que podem apresentar hipoglicemia. Mulheres que tiveram diabetes gestacional podem ou não desenvolver diabetes no futuro.

Perguntas Frequentes

O exame de glicose é pedido para medir a quantidade de glicose no sangue no momento da coleta. É usado para detectar hiperglicemia e hipoglicemia, para ajudar no diagnóstico de diabetes, e para monitorar os níveis de glicose em pessoas com diabetes. A glicemia pode ser medida em jejum (após 8 de jejum), a qualquer hora (amostra aleatória), após uma refeição (pós-prandial) ou como parte de um teste de tolerância à glicose (curva glicêmica). Uma curva glicêmica é uma série de dosagens de glicose. É colhida uma amostra em jejum, e o paciente ingere uma solução padronizada de glicose para “provocar” seu organismo. Em seguida, são colhidas uma ou mais amostras em intervalos específicos para acompanhar os níveis de glicose no tempo. Uma curva glicêmica pode ser pedida para diagnosticar diabetes ou como acompanhamento de uma glicemia elevada.
As gestantes devem ser triadas para diabetes gestacional, uma forma de hiperglicemia temporária que ocorre entre as semanas 24 e 28 de gravidez, usando o teste de tolerância à glicose, com colheita uma e duas horas após a ingestão de uma solução padronizada de glicose. Diabéticos devem monitorar os próprios níveis de glicose, para controlar o uso de medicamentos orais e de insulina. Isso em geral é feito colocando uma gota de sangue de uma punção digital sobre uma tira reagente, que é inserida em um glicosímetro, um pequeno aparelho que determina e mostra o nível de glicose no sangue.
A pesquisa de glicose na urina não costuma ser pedida isoladamente. Já foi usada para monitorar diabetes, mas foi substituída pela glicemia, que é mais sensível e representa melhor o estado do paciente no momento. A pesquisa de glicose na urina, entretanto, faz parte de urinálise, que pode ser pedida como parte de um exame de rotina ou pré-natal, quando o médico suspeita de uma infecção urinária, ou por diversas outras razões. Se houver glicose na urina, o médico pode pedir uma dosagem no sangue.

A dosagem de glicose pode também fazer parte de exames de rotina em pessoas saudáveis e assintomáticas, porque a diabetes é uma doença comum que começa com poucos sintomas. A triagem é de importância especial em pessoas com risco maior, como os que têm história familiar de diabetes e obesos com mais de 40 a 45 anos de idade.
O exame pode ser pedido também para ajudar o diagnóstico de diabetes em pessoas com sintomas de hiperglicemia, como:

    • Sede aumentada
    • Volume urinário aumentado
    • Fadiga
    • Visão embaçada
    • Infecções que custam a cicatrizar

ou sintomas de Hipoglicemia, como:

    • Sudorese
    • Fome excessiva
    • Tremores
    • Ansiedade
    • Confusão
    • Visão embaçada

A dosagem de glicose no sangue pode também ser feita em um ambiente de emergência, para determinar se glicemia alta ou baixa está contribuindo para sintomas como desmaio ou inconsciência. Se um paciente tem pré-diabetes (caracterizado por níveis de glicemia em jejum ou na curva glicêmica acima do normal mais abaixo dos definidos para diabetes), o médico pedirá exames periódicos para acompanhar o estado do paciente. Para diabéticos conhecidos, o médico pede os níveis de glicemia e outros exames, como hemoglobina glicada para monitorar o controle da glicose durante algum tempo. Às vezes, a glicemia pode ser pedida com insulina e peptideo C, para monitorar a produção de insulina.
Diabéticos devem autoexaminar sua glicemia, uma ou várias vezes por dia, para selecionar as opções de tratamento prescritas pelo médico.
Gestantes em geral são triadas para diabetes gestacional no final da gravidez, a não ser que tenham sintomas precoces ou tenham apresentado diabetes gestacional antes. Quando a gestante tem diabetes gestacional, o médico pede dosagens de glicose durante o resto da gravidez e após o parto, para acompanhar seu estado.

Níveis altos de glicose em geral indicam diabetes, mas muitas outras doenças e estados clínicos podem causar hiperglicemia. Os quadros abaixo resumem o significado dos resultados. Baseiam-se em recomendações da American Diabetes Association.

Glicemia em jejum:

< 99 mg/dL Glicemia em jejum normal
De 100 a 125 mg/dL Glicemia em jejum alterada (pré-diabetes)
> ou = 126 mg/dL em pelo menos dois exames Diabetes

Teste de tolerância à glicose oral:

< 140 mg/dL Tolerância normal à glicose
De 140 a 200 mg/dL Tolerância à glicose alterada (pré-diabetes)
> ou = 200 mg/dL em pelo menos 2 exames Diabetes

Triagem de diabetes gestacional:

Glicemia de jejum < 92 mg/dL Sem evidência de diabetes
Glicemia de jejum: 92 a 125 mg/dL

Glicemia de 01 hora ≥ 180 mg/dL

Glicemia de 02 horas: 153 a 199 mg/dL

Pelo menos 01 valor abaixo presente:
Diabetes gestacional
Glicemia de jejum ≥126 mg/dL

Glicemia de 02 horas ≥ 200 mg/dL

Diabetes diagnosticado na gestação

Outras doenças e estados clínicos que podem causar níveis elevados de glicose incluem:

  • Acromegalia
  • Estresse Agudo (por exemplo, resposta a traumatismos, infarto do miocárdio, e acidente vascular cerebral)
  • Insuficiência renal crônica
  • Síndrome de Cushing
  • Medicamentos, incluindo: corticoesteroides, antidepressivos tricíclicos, diuréticos, adrenalina, estrogênios (pílulas anticoncepcionais e reposição hormonal), lítio, fenitoína e salicilatos,
  • Ingestão excessiva de alimentos
  • Hipertireoidismo
  • Câncer pancreático
  • Pancreatite

Resultados baixos ou indetectáveis de glicose na urina são considerados normais. Qualquer causa de elevação da glicemia pode elevar os níveis de glicose na urina. Aumentos dos níveis de glicose na urina podem ser vistos também com medicamentos, como estrogênios ou hidrato de cloral, e em alguns tipos de doença renal.

Aumentos moderados dos níveis sanguíneos de glicose são observados no pré-diabetes. Esse estado, se não for tratado, com frequência conduz ao diabetes do tipo 2.

Níveis baixos de glicose no sangue (hipoglicemia) são também vistos em:

  • Insuficiência supra-renal
  • Ingestão de álcool
  • Medicamentos, como acetaminofeno ou esteroides anabolizantes
  • Doença hepática avançada
  • Hipopituitarismo
  • Hipotireoidismo
  • Dose excessiva de insulina
  • Insulinomas
  • Inanição

Hipoglicemia é uma queda do nível de glicose no sangue. Os primeiros sintomas são sudorese, palpitações, fome, tremores e ansiedade. Em seguida, o cérebro é afetado, causando confusão, alucinações, visão embaçada e, às vezes, até coma e morte. O diagnóstico de hipoglicemia exige que sejam preenchidos os critérios da “tríade de Whipple”, que incluem:

  • Níveis baixos de glicose documentados (menos de 40 mg/dl), com frequência determinados com os níveis de insulina e, algumas vezes, com os níveis de Peptideo C)
  • Sintomas de hipoglicemia
  • Reversão dos sintomas quando os níveis de glicose voltam ao normal.

Hipoglicemia primária é rara e costuma ser diagnosticada em bebês. Algumas pessoas podem ter sintomas de hipoglicemia sem ter níveis sanguíneos de glicose realmente baixos. Nesses casos, alterações da dieta, como pequenas refeições frequentes e diversos lanches por dia, usando carboidratos complexos em vez de açúcares simples podem aliviar os sintomas. Pacientes com hipoglicemia de jejum podem precisar de glicose IV se as medidas dietéticas não foram suficientes.

Se você não é diabético ou pré-diabético, em geral não há razão para verificar o nível de glicose em casa. Triagens feitas como parte de exames de rotina são suficientes.

Se você tem o diagnóstico de diabetes, entretanto, seu médico vai recomendar um monitor doméstico de glicose (glicosímetro, ou um dos novos métodos que usam quantidades muito pequenas de sangue ou de líquido intersticial, o líquido que está entre as células) para a determinação dos níveis de glicose. Você receberá orientação sobre como devem estar seus níveis de glicose em diferentes horas do dia. Medindo a glicemia regularmente, você pode verificar se a dieta e a medicação estão adequadas para você.

Fontes do Artigo

Rodacki M, et al. Diagnóstico de diabetes mellitus. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2024). DOI: 10.29327/5412848.2024-1 

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