O que está sendo pesquisado?
Antes de falar sobre a ferritina é importante fazer uma breve exposição sobre o íon ferro. Esse eletrólito corrobora com o transporte de oxigênio, produção de energia e é catalisador e cofator de reações enzimáticas. Apesar disso, o excesso de ferro é tóxico para o corpo e leva a um estresse oxidativo. Por esse motivo, a ferritina é tão importante, pois a sua principal função é armazenar o ferro do nosso corpo. [1]
Assim sendo, a ferritina é uma proteína multimérica que consegue estocar entre 4.500-5.000 átomos de ferro. Localiza-se predominantemente no citosol, líquido que preenche a célula, mas também é possível encontrá-la em outras regiões celulares como no núcleo, mitocôndrias, lisossomos e sangue. Além de estar envolvida com o armazenamento do ferro, auxilia na manutenção da concentração celular desse íon, promove o sequestro do ferro de patógenos invasores e, proteção contra estresse oxidativo estresse oxidativo [1].
Essa proteína é composta por duas cadeias, uma leve (L-ferritina) e outra pesada (H-ferritina). A primeira é responsável pelo armazenamento do ferro férrico (Fe+3), enquanto que a última tem como finalidade permitir a ligação do ferro ferroso (Fe+2) para ser oxidada em Fe+3. A proporção das cadeias mudam de acordo com a localização desta proteína. Por exemplo, no sangue é encontrado mais subunidades da L-ferritina, o que significa que ela é mais propensa a transportar o ferro do que carregar o ferro de outra célula [1].
Em pessoas saudáveis, ocorre a absorção diária aproximada de 1-2 mg de ferro vindos da dieta, mas o corpo necessita de 25 mg. Então, de onde vem o restante do ferro? Antes de responder, vale dizer que entre 3-5 g de ferro contidos no corpo estão presentes nos glóbulos vermelhos. Isso permite que o ferro em nosso organismo seja reciclado de modo que a quantidade desse metal reaproveitado seja de 25 vezes a adquirida na dieta. Isso ocorre a partir da atuação dos macrófagos na quebra de eritrócitos (hemácias) senis. Essa quebra ocorre predominantemente no baço e isso permite a liberação do ferro que será captado e armazenado pela transferrina plasmática. Tudo isso é orquestrado pelo eixo hepcidina-ferroportina [2,3].
Apesar disso, o ferro é absorvido pela dieta e enfrenta destinos diferentes: a) pode ser armazenado na ferritina; b) liberado da célula pela ferroportina e utilizado (por exemplo, para síntese de heme) [2,3].
A alta disponibilidade de ferro nas células estimula a hepcidina a promover efluxo desse íon dos eritrócitos e macrófagos e isso culmina na diminuição da quantidade ferro circulante. Quando o ferro disponível é insuficiente para as necessidades do corpo, as reservas de ferro são consumidas e os níveis de ferritina diminuem, uma vez que é necessário o ferro para a sua produção. Isso ocorre por processo complexo que promove a degradação da ferritina, de modo que isso permite a liberação do ferro armazenado [3].
As reservas de ferro e os níveis de ferritina aumentam quando é absorvido mais ferro do que o necessário para o corpo. A absorção crônica e o excesso desse metal provoca acúmulo nos tecidos e pode causar disfunção ou insuficiência. Isso ocorre na hemocromatose, uma doença hereditária em que o corpo absorve ferro em excesso, mesmo com uma dieta normal [3].