Diabetes melito é o nome dado a um grupo de estados clínicos relacionados com a incapacidade do paciente produzir e/ou utilizar insulina, o que causa elevação do nível sanguíneo de glicose (açúcar). Não se deve confundir diabetes melito com diabetes insípido, um estado clínico mais raro associado a sintomas semelhantes aos do diabetes melito, mas que não causa elevação dos níveis de glicose e tem origens diferentes. Embora a mesma palavra “diabetes” (que significa aumento da produção de urina) seja usada nos dois casos, quando é utilizada isoladamente refere-se, em geral, ao diabetes melito, e será usada assim nesse artigo.
De acordo com o National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (dados de 2005), cerca de 20 milhões de pessoas nos EUA têm diabetes, mas até 6 milhões não sabem que a doença está afetando sua saúde. No Brasil, temos 7,6 milhões de pessoas diagnosticadas com diabetes, a quinta maior população de diabéticos do mundo. O diabetes rompe o equilíbrio normal entre insulina e glicose. Após uma refeição, os carboidratos em geral são reduzidos a glicose e outros açúcares simples. Isso causa elevação do nível sanguíneo de glicose e estimula o pâncreas a liberar insulina na corrente sanguínea.
A insulina é um hormônio produzido pelas células beta do pâncreas. Ela regula o transporte de glicose para dentro da maioria das células humanas e age em conjunto com o glucagon, outro hormônio pancreático, para manter os níveis sanguíneos de glicose dentro de uma faixa estreita. Se houver insulina insuficiente ou ineficaz, ou se as células forem resistentes a seus efeitos (resistência à insulina), os níveis sanguíneos de glicose permanecem elevados e as células não recebem nutrição adequada. Isso pode causar problemas agudos e crônicos, dependendo do grau da deficiência de insulina. A maioria dos tecidos do corpo precisa de glicose para produção de energia e, com poucas exceções, como o sistema nervoso, todos esses tecidos dependem completamente do transporte mediado pela insulina.
Hiperglicemia aguda pode ser uma emergência clínica. O corpo tenta eliminar o excesso de glicose no sangue aumentando a produção de urina. Esse processo pode causar desidratação e pode perturbar o equilíbrio eletrolítico do corpo, com perda de sódio e potássio na urina. Como não há glicose disponível para as células com deficiência de insulina, o corpo tenta usar uma fonte alternativa de energia, metabolizando ácidos graxos. Esse processo menos eficiente causa acúmulo de cetonas e altera o equilíbrio ácido-base do corpo, produzindo um estado chamado cetoacidose. Se não for tratada, a hiperglicemia aguda pode causar desidratação grave, perda de consciência e até morte.
Níveis de glicose que se elevam aos poucos e permanecem elevados podem não ser notados logo pelo paciente. O corpo tenta controlar a quantidade de glicose no sangue aumentando a produção de insulina e excretando glicose na urina. Os sintomas em geral se iniciam quando o corpo não é mais capaz de compensar os níveis mais altos de glicemia. Hiperglicemia crônica pode causar lesões a longo prazo de vasos sanguíneos, nervos e órgãos em todo o corpo, provocando outros problemas, como insuficiência renal, perda de visão, acidente vascular cerebral e doença cardiovascular. Diabetes também causa, com freqüência, problemas circulatórios nas pernas. As lesões provocadas pela hiperglicemia são cumulativas e podem começar antes do paciente perceber que tem diabetes. O diagnóstico e o tratamento precoces podem minimizar as complicações.
Três Tipos
Há três tipos de diabetes: tipo 1, tipo 2 e diabetes gestacional. Doença pancreática pode também causar diabetes se as células beta produtoras de insulina forem destruídas.
O Diabetes do tipo 1, antes chamado diabetes dependente de insulina ou diabetes juvenil, representa cerca de 10% dos casos de diabetes nos EUA. A maioria dos casos é diagnosticada antes dos 30 anos de idade. Os sintomas em geral se desenvolvem com rapidez e o diagnóstico com frequência é feito em um ambiente de emergência. O paciente pode estar muito mal, comatoso, com níveis muito altos de glicose e de cetonas (cetoacidose). Diabéticos do tipo 1 produzem muito pouca ou nenhuma insulina. Suas poucas células beta produtoras de insulina restantes na época do diagnóstico em geral estarão destruídas em 5 a 10 anos, deixando-os na dependência completa de injeções de insulina para sobreviver.
A causa precisa do diabetes do tipo 1 é desconhecida, mas uma história familiar de diabetes, lesões virais do pâncreas e processos autoimunes, em que o sistema imunológico do próprio corpo destrói as células beta, podem ter um papel importante. Diabéticos do tipo 1 podem ter complicações clínicas mais graves e mais precoces que diabéticos do tipo 2. Por exemplo, cerca de 40% dos diabéticos do tipo 1 desenvolvem problemas renais graves causando insuficiência renal antes de 50 anos de idade.
Pacientes com diabetes do tipo 2, antes chamado diabetes não dependente de insulina ou diabetes do adulto, produzem insulina, mas, ou a produção é insuficiente para as necessidades ou o corpo se tornou resistente a seus efeitos. Na época do diagnóstico, pacientes com diabetes do tipo 2 costumam ter níveis altos de glicose e de insulina, mas podem não apresentar sintomas. Cerca de 90% dos casos de diabetes nos EUA são do tipo 2. Esse tipo em geral ocorre mais tarde na vida, em pessoas obesas, sedentárias e com mais de 45 anos de idade. Fatores de risco incluem:
- Obesidade
- Falta de exercício
- História familiar de diabetes
- Pré-diabetes
- Etnia: afro-americanos, hispano-americanos, índios americanos, americanos de origem asiática, originários das ilhas do Pacífico
- Diabetes gestacional ou bebê com mais de 4 kg
- Hipertensão arterial
- Triglicerídeos altos, colesterol alto, colesterol HDL baixo
Como os americanos e brasileiros estão ficando mais obesos e não fazem exercícios suficientes, a população com diagnóstico de diabetes do tipo 2 está aumentando e a idade de diagnóstico está diminuindo.
Diabetes gestacional é uma forma de Hiperglicemia observada em mulheres grávidas, em geral no final da gravidez. A causa é desconhecida, mas considera-se que alguns hormônios placentários aumentem a resistência à insulina da mãe, elevando seus níveis sanguíneos de glicose. É feita a triagem para diabetes gestacional na maioria das mulheres com 24 a 28 semanas de gravidez. Se o diabetes gestacional não for tratado, o bebê pode ser maior que o normal, pode nascer com glicemia baixa ou pode ser prematuro. A hiperglicemia associada ao diabetes gestacional em geral desaparece após o nascimento, mas as mulheres que têm diabetes gestacional e seus bebês apresentam um risco aumentado de desenvolvimento posterior de diabetes do tipo 2. Mulheres com diabetes gestacional em uma gravidez com frequência apresentam recidivas nas gravidezes subseqüentes.
Pré-diabetes é um termo novo para alteração da glicose de jejum ou da tolerância à glicose. Caracteriza-se por níveis de glicose acima do normal, mas não o suficiente para o diagnóstico de diabetes. Dados recentes sugerem que pelo menos 54 milhões de pessoas nos EUA tinham pré-diabetes, em 2002. Em geral, as pessoas com pré-diabetes não têm sintomas, mas, se nada for feito para reduzir seus níveis de glicose, há grande risco de desenvolverem diabetes em cerca de 10 anos. Especialistas recomendam que todas as pessoas com fatores de risco para diabetes do tipo 2 sejam testadas para pré-diabetes.
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas de diabetes estão relacionados a Hiperglicemia, hipoglicemia ou a complicações associadas ao diabetes. As complicações podem estar relacionadas à produção de lipídios, a lesões vasculares, microvasculares ou de órgãos e à dificuldade de cicatrização observada no diabetes. Exemplos de lesões de órgãos são as renais (nefropatia diabética), nervosas (neuropatia diabética) e oculares (retinopatia diabética). O diabetes do tipo 1 com frequência é diagnosticado com sintomas agudos e graves que exigem hospitalização. Em geral, não há sintomas no pré-diabetes, no diabetes gestacional e no diabetes do tipo 2 inicial.
Sintomas de diabetes dos tipos 1 e 2 com hiperglicemia:
- Sede aumentada
- Volume urinário aumentado
- Aumento do apetite (no tipo 1, pode ser observada perda de peso)
- Fadiga
- Náusea
- Vômitos
- Dor abdominal (especialmente em crianças)
- Visão embaçada
- Infecções de cicatrização lenta
- Insensibilidade, formigamento e dor nos pés
- Disfunção erétil
- Ausência de menstruação
- Respiração rápida (sinal agudo)
- Diminuição da consciência, coma (sinal agudo)
Sintomas de hipoglicemia iminente:
Hipoglicemia passageira no diabético pode ser causada por injeção acidental de insulina em excesso, alimentação insuficiente ou jejum prolongado, excesso de exercícios ou variações dos níveis de glicose observadas no diabetes “instável”. A hipoglicemia deve ser tratada assim que for notada porque pode progredir com rapidez para inconsciência. Os sintomas incluem:
- Fome intensa súbita
- Cefaléia
- Ansiedade
- Sudorese
- Confusão mental
- Tremores
- Fraqueza
- Visão duplicada
- Convulsões
- Coma