Este artigo foi revisto pela última vez em
Este artigo foi modificado pela última vez em 13 de Agosto de 2017.

Fornece uma visão geral dos testes genéticos.

Accordion Title
O universo dos testes genéticos 
  • Introdução

    Este artigo aborda os testes genéticos, isto é, aqueles que analisam a constituição de um indivíduo por uma variedade de motivos. Um número crescente desses testes estão se tornando disponíveis como resultado de recentes e rápidos avanços em pesquisas biomédicas. Já foi dito que testes genéticos podem revolucionar a maneira pela qual as doenças são diagnosticadas. Entretanto, eles não ajudam apenas um medico a fazer um diagnóstico. Existem várias razões pelas quais um teste genético é realizado. Entre elas, incluem-se as que seguem abaixo:

    1. Testes genéticos clínicos (diagnosticar doença atual ou futura);
    2. Farmacogenômica (monitorar a avaliação do tratamento com drogas terapêuticas);
    3. Testes de identidade para investigação criminal ou estudos forenses (algumas vezes, referidos como testes de DNA);
    4. Testes de parentesco (antes, conhecidos como testes de paternidade);
    5. Tipagem tecidual para transplante;
    6. Citogenética (análise cromossômica);
    7. Testes de doenças infecciosas.

    Este artigo vai abordar de forma resumida cada um desses testes, mas vai se concentrar nos aspectos médicos dos testes genéticos. Antes de iniciar qualquer discussão sobre testes genéticos é útil entender primeiro suas bases.

  • A base

    A informação genética total de um indivíduo é chamada de genoma. Ele consiste de estruturas, cromossomos, que são compostas de fitas duplas de DNA, muito longas. Cada célula humana contém 23 pares de cromossomos. Metade de cada um dos pares é herdada da mãe e a outra metade do pai. Vinte e dois dos 23 pares de cromossomos são chamados autossômicos, o outro par é composto dos cromossomos sexuais X e Y, que determinam o sexo de um individuo. Homens normais possuem um cromossomo X e um Y, enquanto mulheres normais possuem dois cromossomos X.

    Os cromossomos estão localizados no núcleo da célula. A longa fita dupla de DNA (algumas vezes chamada “DNA nuclear”) contida em cada cromossomo é organizada em várias subunidades de informação genética. Cada subunidade é conhecida como gene. Estes são formados por nucleotídeos, que são compostos de fosfatos, um açúcar e uma base contendo nitrogênio. Existem quatro bases no DNA: adenina, guanina, tiamina e citosina. É a diferença no arranjo dessas bases em cada fita de DNA que leva à individualidade da constituição de cada indivíduo. O arranjo das bases em cada gene é usado para produzir RNA, o qual por sua vez produz proteína. Existem perto de 30.000 a 50.000 genes no genoma humano e a expressão desses genes leva à produção de um grande numero de proteínas que constituem o nosso organismo.

    Existe, também, uma pequena porção de DNA que não está no núcleo da célula, mas nas mitocôndrias, localizadas no citoplasma de cada célula. Mitocôndrias são estruturas celulares muito importantes, envolvidas no funcionamento básico das células e que contém o seu próprio pedaço de DNA circular. Este DNA é chamado “extra-nuclear” ou, simplesmente, DNA mitocondrial. Ele faz parte das proteínas que são necessárias para a mitocôndria funcionar adequadamente.

    O genótipo de uma pessoa é a sua identidade genética, a combinação específica de genes que ela possui em suas células. Isto não se manifesta em termos de aparência externa. Traços observáveis ou características, como a cor do cabelo ou altura são considerados o fenótipo de um indivíduo. Fenótipo é a expressão física do genótipo. Os fenótipos são diferentes porque os genótipos são diferentes. Embora os genótipos sejam parecidos de muitas maneiras, pequenas diferenças nos tornam seres únicos tanto na aparência como na constituição genética. Essas diferenças são chamadas polimorfismos.

    Polimorfismos genéticos, tanto no DNA nuclear quanto no mitocondrial, ajudam a nos identificar como indivíduos. Algumas vezes, mas não sempre, essas diferenças em nossos genótipos são relacionadas a doenças ou inabilidade em metabolizar ou quebrar algumas drogas de maneira normal. Esses tipos de polimorfismos são chamados de variações genéticas ou mutações, e são herdados ou podem ocorrer espontaneamente. Algumas dessas variações surgem com o tempo como uma tentativa do organismo de nos proteger contra doenças. As variações serão discutidas no tópico “Doenças e condições” que possuem um componente genético, como fibrose cística. Algumas vezes, apenas um nucleotídeo em um gene é diferente, o que é referido como um “polimorfismo de nucleotídeo único”. Isto será explicado em mais detalhes na seção sobre Testes genéticos clínicos.  É importante lembrar que nem todas as variações genéticas, ou mutações, são ruins ou levam à doença. 

    Padrões de herança
    Existem várias maneiras pelas quais os polimorfismos de um indivíduo são herdados. Elas são chamadas de “padrões de herança” e resultam na transmissão de polimorfismos ou mutações de uma geração para a outra.

    Um padrão é conhecido como autossômico dominante quando a transmissão de uma cópia única de um gene de um dos cromossomos autossômicos é suficiente para causar o aparecimento de um traço (como a cor dos olhos ou doença específica). O gene pode ser herdado tanto do pai como da mãe. Indivíduos com um traço ou uma doença dominante têm 50% de chances de passar o gene polimórfico a seus filhos. Exemplos de traços dominantes são os olhos castanhos e a habilidade de enrolar a língua. Exemplos de doenças dominantes incluem a hipercolesterolemia familiar e a doença de Huntington.

    Um conceito não muito comum de genes dominantes é conhecido como codominância, no qual os genes em ambos os cromossomos são expressos simultaneamente. Um exemplo é o tipo sanguíneo AB, no qual as proteínas do antígeno A e do antígeno B estão ambas localizadas nas células vermelhas do individuo.

    Um segundo padrão de herança é chamado autossômico recessivo, e requer herança de duas cópias de variantes genéticas do mesmo gene, uma herdada da mãe e outra do pai, para o aparecimento do traço ou para desenvolver a doença. Se o indivíduo herda apenas uma das variantes genéticas, não desenvolverá a doença mas se tornará um portador, como seus pais, e poderá passar a variante para os filhos. Um exemplo de traço recessivo autossômico é a cor azul dos olhos. Exemplos de doenças recessivas autossômicas incluem fibrose cística, anemia falciforme e hematocromatose.

    Também existem padrões de herança nos quais a variante genética reside nos cromossomos sexuais, X e Y. São conhecidos como padrões ligados ao sexo. Com as doenças ligadas ao X, uma mulher é portadora de um gene anormal em um dos seus dois cromossomos X, mas como possui uma cópia normal, ela não é afetada. Entretanto, como os homens possuem apenas uma cópia do cromossomo X, basta uma cópia do gene recessivo em seu cromossomo X (herdado de sua mãe) para causar a doença. Exemplos incluem a distrofia muscular de Duchenne e a hemofilia. Se uma doença dominante é ligada ao X, apenas uma cópia do gene anormal irá fazer com que a doença se desenvolva de tal forma que uma mulher com apenas uma cópia seja afetada, mas a condição geralmente é letal para os homens. Este é um padrão de herança muito raro. 

    É interessante notar que o DNA mitocondrial (ou DNA extra nuclear) é herdado apenas de nossas mães. Diz-se que isso é um modo materno de herança.

    Existem muitos fatores que podem obscurecer ou complicar os padrões de herança e que, por sua vez, afetam a maneira como o gene é herdado ou expresso. 

     

  • Testagem clínica

    Testagem genética clínica

    Teste genético clínico refere-se à analise laboratorial do DNA ou do RNA para ajudar no diagnóstico da doença. É muito importante entender que os testes genéticos clínicos são bem diferentes de outros testes laboratoriais. Os testes genéticos são únicos no fato de que podem fornecer um diagnostico definitivo bem como prever a chance de se desenvolver uma doença em particular, antes mesmo que os sintomas apareçam. Com eles se consegue-se saber se um indivíduo é portador de um gene específico que pode ser passado para os seus filhos; se um tratamento irá funcionar, antes mesmo de o paciente ter iniciado a terapia. Essas são vantagens definitivas. Entretanto, existem também algumas qualidades dos testes genéticos que devem ser cuidadosamente pensadas e, talvez, discutidas com um profissional de aconselhamento genético, antes de ser submeter a qualquer teste. Esses aspectos estão revistos na seção intitulada Prós e contras dos testes genéticos. Em uma era de responsabilidade dos pacientes, é muito importante que você aprenda sobre essas questões para poder saber decidir o valor bem como as inconveniências dos testes genéticos. 

    Testes de material genético

    Os testes de material genéticos são realizados em uma variedade de amostras biológicas, incluindo sangue, saliva, fezes, tecidos corpóreos, ossos ou cabelos. As células nessas amostras são isoladas e seu DNA é extraído e examinado para possíveis mutações ou alterações. A observação de pequenas porções do DNA dentro de um gene requer testes laboratoriais especializados e específicos. Isto é feito para apontar a localização exata dos erros genéticos. Esta seção irá abordar o exame dos genes de uma pessoa para encontrar aquele(s) responsável(is) por uma doença em particular.

    Existem quatro razões básicas para se testar o material genético por motivos clínicos. A testagem pré-sintomática identifica a presença de genes variantes que causam doença mesmo se a anormalidade física associada com a doença ainda não está presente. O diagnóstico é realizado em um indivíduo sintomático com sintomas suficientemente sugestivos da doença genética. Isto auxilia o médico a fazer um diagnóstico claro. 

    O teste do material genético pode ser feito como uma ferramenta de rastreio pré-natal, para investigar se duas pessoas que querem se tornar pais saberem se possuem um gene autossômico ou recessivo ligado ao X, que, quando combinados em uma criança, irá produzir nela uma doença séria. Esse tipo de teste genético é chamado de rastreio de portador. Fetos se desenvolvendo no útero materno também podem ter seu material genético testado para investigar o seu status de saúde, caso acredite-se que esteja em risco.  

    É necessário algum tipo de material celular para a testagem do DNA por razões médicas. Esse material pode vir do sangue, urina, saliva, tecidos corpóreos, medula óssea, cabelos etc. A amostra pode ser colocada em um tubo, em um swab em um frasco ou congelada. Se o teste requerer RNA, o mesmo material pode ser usado. Uma vez recebido no laboratório, as células são removidas da substância de onde se encontram e quebradas, e o seu DNA no núcleo é isolado e extraído.

    Os profissionais que fazem e interpretam esses testes são médicos e cientistas especialmente treinados. O DNA extraído é manipulado de diferentes maneiras, para o patologista molecular ou técnico geneticista ver o que pode estar faltando ou mutado de maneira a causar doença. Um tipo de manipulação é o corte do DNA em pequenos pedaços usando enzimas especiais. Esses pedaços são muito mais fáceis de se testar do que as longas fitas do DNA íntegro e eles contêm os genes de interesse. Outra manipulação é aplicar os pedaços do DNA extraído em um gel de agarose, submetendo-o a um campo elétrico e ver como o DNA se move no gel. Isto pode indicar diferenças de tamanho dos pedaços cortados do DNA, os quais podem ser causados por mutações. 

    Outro tipo de manipulação inclui a amplificação, sequenciamento ou um procedimento especial, chamado hibridização. Quando o resultado desses testes são examinados e comparados com os resultados de indivíduos normais, é possível ver as diferenças nos genes que podem causar doenças.

    Doenças genéticas específicas
    Existem várias doenças que hoje se acredita serem causadas por alterações no DNA. Estas podem ser herdadas ou ocorrer espontaneamente. Algumas doenças que têm um componente genético a elas incluem:

    Doença de Alzheimer Doença da medula óssea Câncer de mama
    Câncer ovariano Câncer de cólon Fibrose cística
    Síndrome de Down Hemocromatose Leucemia
    Lúpus Linfoma Osteoartrite
    Mutação da pré-Senilina Anemia falciforme Talassemia

    Muitas coisas podem acontecer de errado com os genes que fazem o DNA, resultando nessas e em outras doenças. A seção abaixo apresenta o que pode acontecer ao DNA e, especificamente, aos genes que levam à doença.

    Variação genética e mutação
    Toda variação genética ou polimorfismos originam-se do processo de mutação. Variações genéticas às vezes ocorrem durante o processo de divisão das células somáticas (mitose). Outras podem acontecer durante a meiose, o ciclo de divisão que acontece nas células espermáticas ou óvulos. Algumas variações são passadas de geração em geração, adicionando mais e mais mudanças ao longo dos anos. Algumas vezes, estas mutações levam a doenças, outras vezes não há nenhum efeito perceptível. As variações genéticas podem ser classificadas em diferentes categorias: variações genéticas estáveis, instáveis, silenciosas e outros tipos.

    Variações estáveis são causadas por mudanças em um único nucleotídeo e são chamadas polimorfismos de nucleotídeo único ou SNP (pronuncia-se "snip”). Incluem:

    1. Substituições, onde um nucleotídeo é trocado por outro; 
    2. Deleções, onde um único nucleotídeo é perdido; 
    3. Inserções, onde um ou mais nucleotídeos são inseridos em um gene. 

    Se o SNP causa a produção de um novo aminoácido, este é chamado uma mutação com “troca de sentido” (missense mutation). Um exemplo é a anemia falciforme, onde um nucleotídeo é substituído por outro. A variação genética no gene leva à adição de um aminoácido diferente à proteína, resultando em uma proteína que não executa adequadamente o seu serviço, produz uma célula em forma de foice e que não carrega o oxigênio.

    Variações genéticas instáveis ocorrem quando uma sequência de nucleotídeos é repetida várias e várias vezes. Isto é chamado de “repetição” e, em geral, é normal. Entretanto, se o numero de repetições aumentar muito, diz-se que há “repetição expandida”. Descobriu-se que é a causa de muitas doenças genéticas. Um exemplo resultante de uma repetição expandida é a doença de Huntington, grave, que ocorre em parte do cérebro e se caracteriza por demência, hidrocefalia e movimentos não usuais.

    Variações genéticas silenciosas são aquelas mutações ou mudanças em um gene que não alteram a proteína produzida pelo gene. Rararamente resultam em doenças.

    Outros tipos de variações ocorrem quando um gene completo é duplicado em algum local do genoma do indivíduo. Quando isso acontece, estão presentes cópias adicionais do gene e são formados produtos proteicos adicionais. É o caso da doença de Charcot-Marie-Tooth Tipo 1, que afeta os nervos periféricos. Algumas variações ocorrem em partes especiais de um gene que controlam a cópia do DNA em RNA. Quando o momento biológico da produção do produto proteico é afetado, resulta na menor produção da proteína. Outras variações incluem um defeito em um gene que faz uma proteína que conserta o DNA quebrado em nossas células. Esta variação pode resultar em muitos tipos de doença, incluindo câncer colorretal e uma doença de pele chamada Xeroderma Pigmentoso.

    Testes dos produtos da expressão gênica
    Muitas doenças herdadas são identificadas indiretamente, examinando anormalidades no produto genético final (proteínas ou metabólitos) que estão presentes em formas ou quantidades anormais. Lembrando: os genes codificam a produção de milhares de proteínas e, se há um erro no código, estas mudanças podem afetar a produção dessas proteínas. Portanto, ao invés de detectar o problema no gene, alguns testes procuram observar achados incomuns relacionados às proteínas pertinentes, como a sua ausência.

    Um exemplo de um teste para um produto genético inclui aqueles largamente usados para fazer o rastreio em recém-nascidos para várias doenças. Por exemplo, recém-nascidos são testados para fenilcetonúria (PKU), doença autossômica recessiva hereditária, causada por uma variação em um gene que faz uma enzima especial, que quebra o aminoácido fenilalanina. Quando muito desta substância se acumula no sangue, ela pode levar a retardo mental, se não for tratada precocemente com uma dieta restritiva especial. O teste usa uma amostra de sangue do calcanhar de um bebe para procurar pela presença de aumento de fenilanalina, ao invés de procurar pelo gene mutado. Outros exemplos incluem os testes sanguíneos para hipotireodismo, diagnosticado pela quantidade baixa ou pela ausência desse hormônio no sangue e hiperplasia adrenal congênita, que leva à diminuição do hormônio cortisol no sangue.

     

  • Farmacogenômica

    Existem casos de indivíduos que estão tomando certas drogas terapêuticas para tratar sintomas ou para impedir sua ocorrência, em que ocorrem reações violentas à droga ou que não têm qualquer resposta à ela. Muitas vezes, isto ocorre por causa da constituição genética do indivíduo. O estudo desses fenômenos é chamado “farmacogenômica” ou “farmacogenética”

    Por exemplo, uma mulher que fez uma cirurgia para remover o tumor e recebeu codeína para aliviar a dor. Embora ela estivesse bem após a cirurgia, logo que começou o tratamento com codeína passou a apresentar um rash (eritema) em todo o corpo, com dificuldade para respirar e batimentos cardíacos irregulares. Quando a codeína foi retirada, a reação desapareceu. Após estudos adicionais, descobriu-se que ela não possuía uma enzima em seu sangue que metaboliza (quebra em diferentes compostos) a codeína em morfina e em outras substâncias. Portanto, na realidade ela estava com uma overdose de codeína. A falta da enzima estava diretamente relacionada à variação no gene que a produzia. Esta variação genética é um polimorfismo entre os indivíduos normais e os portadores dessa variação. Algumas vezes, esses polimorfismos podem causar uma reação muito grave e pode levar à morte.

    Em alguns casos, as pessoas hipermetabolizam drogas. Isto ocorre quando há muito de uma enzima que quebra rapidamente uma droga terapêutica, levando a falta de resposta à ela. Pode ocorrer quando são feitas muitas cópias do gene e é produzida muita enzima. Em outros casos, está ausente um receptor especial ao qual a droga se liga nas células ou tecidos. Novamente, isso acontece devido a uma variação no gene que faz a proteína receptora. Quando não há receptor para ligar-se à droga, esta pode não ter efeito algum nas células ou tecidos que deveria afetar

    A típica análise de base genética é representada por testes genéticos para determinar um polimorfismo que tem participação na nossa resposta a drogas. O DNA é removido das células, manipulado para encontrar algumas áreas específicas em um cromossomo e comparado com o DNA “normal”. Desta maneira, são vistas as variações genéticas que podem ter um papel em respostas aumentadas ou diminuídas a drogas terapêuticas. Esses testes também podem determinar a resistência de um indivíduo ou sua sensibilidade ao efeito de certas drogas usadas em terapia antiviral (por exemplo para HIV ou hepatite C).

    Existem muitas e muitas enzimas no sangue que atuam para metabolizar ou quebrar drogas específicas, permitindo a estas serem excretadas (eliminadas) na urina ou por outros meios. No momento, não há programas de testes que forneçam uma visão panorâmica de nossas variações genéticas específicas que possam nos causar irresponsividade (falta de reação) ou superresponsividade (reação excessiva) à drogas terapêuticas.

    Para mais informações em farmacogenômica, leia nosso artigo no assunto.

     

  • Testes de identidade

    Testes de Identidade algumas vezes são referidos como “testes de DNA”, termo que é mais comum ser usado para investigações criminais. O termo “testes de DNA” é errôneo, pois todos os tipos de análise genética, tanto para doença como para identificação ou para tipagem tecidual, envolvem avaliação do DNA ou do RNA.

    Teste de identidade é focado na identificação de um individuo através de uma análise de DNA mitocondrial ou nuclear, extraído de algum material: sangue, tecidos, cabelos, ossos etc. Qualquer material que contenha células com núcleo pode ser usado para extração de DNA nuclear e, eventualmente, testes de identidade. DNA mitocondrial, o qual é “extra nuclear”, é utilizado quando uma amostra está severamente degradada ou se há apenas fios de cabelo, sem nenhuma célula ligada/presa está disponível.

    A cada dia, mais e mais o teste de identidade é usado para identificar um suspeito em uma investigação criminal, através da comparação do DNA encontrado na cena do crime com o DNA de um suspeito. Nos EUA, se um indivíduo suspeito é condenado por um crime, os polimorfismos do seu DNA são depositados em um sistema de banco de dados que é acessível aos oficiais da lei (dos EUA), conhecido como CODIS (Sistema Combinado de Índice de DNA ou, em inglês, Combined DNA Index System). Ele tem ajudado a resolver muitos crimes e também a liberar indivíduos erroneamente acusados.

    Outros usos de testes de identidade são para identificar os indivíduos cuja identidade não pode ser distinguida por outros meios, como no caso de corpos decompostos. Nesse tipo de testes genéticos, partes específicas do DNA são examinadas para os polimorfismos (diferenças), que são únicas desses indivíduos. Estas partes das fitas de DNA são chamadas de microssatélites ou minissatélites e são compostas de subunidades repetidas da fita de DNA. Algumas vezes, são chamadas STR (repetições pequenas seguidas ou, em inglês, Short Tandem Repeats) ou VNTR (repetições seguidas de números variável ou, em inglês, Variable Number Tandem Repeats). Na ciência forense, essas sequências, que são únicas, são chamadas “impressão digital do DNA” (em inglês, DNA fingerprint).

    Outros tipos de testes de identidade incluem a determinação do pai ou pais de um indivíduo, comumente chamado de “teste de paternidade” ou “parentesco”, e identificação de doadores de órgãos através do uso de testes genéticos para transplante de tecidos, chamado de “tipagem tecidual”.

     

  • Teste de paternidade (ou parentesco)

    O objetivo primário de um teste de paternidade é identificar os pais biológicos de uma criança. Isto é feito para determinar o pai ou pais de um individuo, por exemplo, no caso de adoção ou paternidade alegada. Essa determinação deve ser analisada com muito cuidado e precisa identificar o pai ou mãe alegado com pelo menos 99% de certeza.

    Muitos tipos diferentes de testes laboratoriais podem ser usados para verificar o parentesco, incluindo o exame dos antígenos das células vermelhas (tipagem sanguínea), exame do polimorfismo dos genes das proteínas séricas, e análise das repetições curtas seguidas (STRs,  short tandem repeats) - veja acima. As técnicas de testes de DNA usadas são semelhantes às empregadas em testes de identidade para investigação criminal, isto é, extração do DNA de células e manipulação de tal maneira que se podem examinar as características individuais únicas da pessoa.

    Se após o teste em múltiplos sistemas, o pai em disputa não for excluído como um pai possível, deve ser calculada uma estimativa matemática da possibilidade de que a pessoa testada possa ser o pai biológico. Esse teste matemático combina os resultados do teste genético com outros “eventos não genéticos” (localização do pai alegado no momento da concepção, fenótipo do pai e da criança etc.) em resultados em um índice de parentesco ou de paternidade (parentage index). Este índice é uma percentagem da chance de paternidade. Resultados desses testes são aceitos como provas nas cortes de justiça.

     

  • Tipagem tecidual para transplante

    No passado, era difícil dizer com precisão quando um órgão ou tecido, como o rim, pulmão ou medula óssea, era exatamente compatível para o transplante entre doador e receptor. Se não fosse compatível, pode ocorrer às vezes uma reação séria de rejeição entre o paciente receptor e o órgão transplantado.

    Os testes laboratoriais básicos para transplantes teciduais envolvem misturar as células brancas (leucócitos) do doador (ou do tecido doado) e do receptor, juntos, e observar se ocorre uma resposta imune. A proliferação de populações específicas de leucócitos indica o início de uma resposta imune e uma provável rejeição do tecido pelo organismo do receptor. Embora essa técnica ainda seja muito usada, a análise do DNA no doador e no receptor (tipagem tecidual) é usada para diminuir a chance de rejeição no caso de transplante tecidual. Em transplante de medula óssea, os testes de DNA são realizados para determinar se os leucócitos e os seus precursores que estão repopulando a medula óssea do receptor são os seus próprios ou se são os do doador.

    Quando se realiza a tipagem tecidual, são examinados um tipo muito especial de genes. No cromossomo 6 reside um grande grupo de genes, chamado Complexo de Histocompatibilidade Principal ou MHC (Major Histocompatibility Complex). Estes genes são muito polimórficos (diferentes) entre os indivíduos e codificam a produção de antígenos glicoproteicos específicos, localizados na superfície de muitas células. São os antígenos que reconhecem os nossos próprios órgãos e tecidos, distinguindo-os de outros indivíduos. Estes antígenos têm a habilidade de iniciar uma resposta do sistema imune que resulta em rejeição do órgão ou tecido, caso ele pareça não pertencer ao indivíduo (se não for próprio).

    Uma região distinta dentro do MHC no cromossomo 6 é empregada na análise do DNA do tecido que poderá ser usado no transplante. Esta região, chamada de antígeno leucocitário humano, ou HLA-D, a região e o conjunto de genes aí localizados são subdivididos em HLA-DR, HLA-DQ e HLA-DP dependendo to tipo de antígeno glicoproteico que eles codificam. O polimorfismo nesses genes é cuidadosamente comparado entre o doador e o receptor para determinar o quão apropriado é o transplante.

    As técnicas exatas empregadas para avaliar o DNA para a tipagem tecidual são similares àquelas mencionadas nas seções acima. O DNA é extraído das células do doador e do receptor, depois é manipulado e fragmentado de maneira a isolar a região específica de um cromossomo, dentro de um gene. Os fragmentos são submetidos a analise adicional, que permite a comparação dos polimorfismos no HLA-DP entre o tecido do doador e o sangue do receptor. Essa análise cuidadosa do material genético resulta em mínimas reações de rejeição e a chance de um transplante bem sucedido.

     

  • Citogenética (Análise cromossômica)

    Possuímos 23 pares de cromossomos, 22 pares de autossomos e um par de cromossomos sexuais. A ciência relacionada ao estudo dos cromossomos é conhecida como citogenética. Os profissionais que estudam as preparações de cromossomos em lâminas são citologistas ou citogeneticistas. Um citogeneticista treinado examina o número, forma e padrão de coloração dessas estruturas, usando tecnologias especiais. Desta maneira, podem ser detectados cromossomos extras, cromossomos a menos ou rearranjos cromossômicos.

    Os estudos começam pela extração dos cromossomos completos do núcleo de células. Esses cromossomos são então colocados em laminas de vidro, recebem corantes especiais e são examinados sob um microscópio. Algumas vezes, eles são fotografados na lâmima e as imagens cortadas em pedaços para que os pares dos cromossomos possam ser alinhados. Cada par recebe um numero especial (de 1 a 22, e então, X e Y), que são baseados no padrão de coloração e no tamanho.

    Existem várias doenças que podem ser diagnosticadas através do exame dos cromossomos completos de uma pessoa. A síndrome de Down, na qual um indivíduo possui uma cópia extra do cromossomo 21, pode ser determinada por estudos citogenéticos. Quando em um grupo existem três cromossomos, ao invés de um par, isto é chamado de trissomia. Também podem ser diagnosticados cromossomos faltantes, como é o caso da síndrome de Turner, onde a mulher tem apenas um cromossomo X. Quando há apenas um cromossomo, ao invés de um par, ocorre a “monossomia”.

    Anormalidades na estrutura dos cromossomos também são observadas com técnicas citogenéticas de coloração. A síndrome do X Frágil, a causa de retardo mental hereditário mais comum, tem o seu nome devido a aparência sob o microscópio do cromossomo X corado. Há um local perto da extremidade deste cromossomo que não se cora, o que indica sua fragilidade. O gene da região frágil é importante para fazer uma proteína especial necessária para o desenvolvimento das células do cérebro.

    Algumas vezes, pedaços de um cromossomo se quebram e se ligam a outros cromossomos, em outro lugar no genoma do indivíduo. Quando isso ocorre, diz-se que houve uma translocação. Um exemplo de doença causada por translocação é a leucemia mieloide crônica (LMC), em que uma parte do cromossomo 9 quebra e liga-se ao cromossomo 22. Outro exemplo é o Linfoma de Burkitt, no qual uma parte do cromossomo 8 liga-se ao cromossomo 14. Essas translocações cromossômicas podem causar doenças porque o pedaço quebrado em geral liga-se a um novo cromossomo em um local de um gene especial, que é, então, ativado e produz células tumorais. Se for usado um corante especial, algumas vezes consegue-se ver as translocações em microscópio.

    Uma técnica especial, chamada FISH (hibridização da fluorescência in situ ou, em inglês, fluorescent in situ hybridization) pode ser usada para visualizar as mudanças nos cromossomos que resultam em variações genéticas. Um segmento gênico mutado em um cromossomo é alterado para “acender”, ou tornar-se fluorescente, quando ligado a uma sonda especial. Esse método é empregado para detectar mudanças genéticas em alguns cânceres. O FISH é uma das técnicas utilizadas para determinar o aumento da expressão do gene HER2/neu. Existem muitas outras aplicações para essa tecnologia, como as microdeleções cromossômicas, em que está ausente determinada parte de um cromossomo. Neste caso, o segmento cromossômico não irá se tornar fluorescente quando comparado com um conjunto de cromossomos normais.

     

  • Testes de doenças infecciosas

    Quando ouvimos o termo “doenças infecciosas”, em geral pensamos em coisas que podem nos infectar e causar o início de um processo de doença. Essas “coisas” podem ser bactérias, vírus, parasitas ou fungos provenientes de diferentes fontes (outras pessoas infectadas, falta de higiene, transfusão com sangue infectado, agulhas partilhadas com usuários de drogas etc.). Bactérias e vírus causadores de doenças são conhecidos como agentes infecciosos e alguns podem ser facilmente identificados usando técnicas de testes genéticos. Entretanto, para agentes infecciosos comuns, como certas bactérias e vírus, é muito mais barato identificá-los com testes laboratoriais comuns que não envolvem técnicas de testes genéticos.

    Bactérias são organismos unicelulares que contêm o seu material genético próprio e, em alguns casos, podem causar doenças sérias. Mesmo as bactérias inofensivas que vivem dentro de nosso organismo e estão envolvidas em processos químicos que nos beneficiam podem, em condições não usuais, sofrer mutações e causar doenças sérias. A bactéria pode ser  identificada rapidamente se o seu DNA for isolado, partido em pequenos pedaços e amplificados. Com essas técnicas é possível identificar, por exemplo, as bactérias Chlamydia trachomitis (causa uma doença sexualmente transmissível), Neisseria gonorrhea (provoca a gonorréia), Borrelia burgdorferi (responsável pela doença de Lyme), Legionella pneumophilia (causa a doença dos Legionários), Mycoplasma pneumoniae (provoca a “pneumonia ambulante”); Mycopbacterium tuberculosis (causador da tuberculose) e Bordetella pertussis (responsável pela coqueluche). Essas bactérias podem ser obtidas em amostras de urina, sangue, escarro, fluido cérebro-espinhal e outros.

    Os vírus são organismos atípicos, que às vezes inserem o seu material genético (DNA ou RNA) no genoma de um hospedeiro. O RNA ou DNA usa a célula hospedeira para produzir proteínas que fazem mais e mais vírus. Exemplos de vírus RNA são o hepatite C (HCV) e o da imunodeficiência humana (HIV).

    Outras doenças causadas por vírus que contém DNA ao invés de RNA incluem o vírus Herpes simples, o Citomegalovirus, o Vírus Epstein-Barr, o Parvovirus e o Vírus Varicella-Zoster. Todos esses podem ser identificados inicialmente removendo o RNA ou DNA suspeito da amostra de um paciente e, então, usá-lo para fornecer uma “impressão digital” do vírus suspeito. As amostras para isso incluem sangue, fluido cérebro-espinhal, escarro, outros fluidos orgânicos, fluido amniótico ou medula óssea. Os testses genéticos, que inspecionam o sangue para uma possível contaminação viral, estão entre os vários tipos de exames feitos no sangue de doadores para transfusão.

    Outro uso das técnicas de testes genéticos é a determinação da quantidade de cópias de RNA de um vírus presente em uma amostra de sangue. O número de cópias em geral é referido como a “carga viral”. Esse teste em geral é feito após o uso de terapia com drogas antivirais para avaliar se estas estão funcionando ou não para remover ou diminuir a carga viral. Os testes de carga viral mais comuns são os usados para HCV e para HIV, e requerem uma amostra de sangue.

    Um parasita é, em geral, um organismo complexo multicelular. Em geral, eles infectam um indivíduo através da saliva ou outro material infectado de um inseto que nos pica, como algumas espécies de mosquitos ou insetos semelhantes. Um exemplo de protozoário que pode ser identificado usando testes genéticos é o Toxoplasma gondii, que provoca encefalite ou infecções congênitas que levam a dano severo ao feto (toxoplasmose fetal).

     

  • Prós e contras

    Prós e contras dos testes genéticos clínicos

    Os testes genéticos têm grande potencial para o futuro da medicina. Eles oferecem muitos benefícios, incluindo informações importantes que podem ser usadas quando se pretende constituir uma família e para os cuidados com a nossa saúde. Entretanto, também há limitações. Por este motivo, é importante entender a natureza desses testes e as informações que eles podem e que não podem fornecer. Por exemplo:

    • Testes genéticos clínicos não são apenas descritivos como muitos outros exames laboratoriais (como descrever o nível de glicose no sangue), mas também são preditivos. Testes preditivos não fornecem uma resposta sim/não. Ao invés disso, eles informam sobre a chance de se desenvolver uma determinada condição genética. Tais resultados não são definitivos e podem levar a pessoa a imaginar o que fazer com essa informação, particularmente se as terapias ou tratamentos disponíveis limitam o futuro desse indivíduo. 
    • Um teste genético em particular apenas diz se está presente uma variante genética específica ou uma mutação. Ele não garante que a doença irá se manifestar, nem fornece informações sobre outras doenças genéticas que não estejam sendo avaliadas por ele. 
    • Apesar do teste detectar um gene problemático em particular, ele não pode prever o quanto a pessoa portadora desse gene será afetada. Por exemplo, na fibrose cística, os sintomas podem ser discretas anormalidades brônquicas ou sérios problemas no pulmão, pâncreas e intestinos.
    • Muitos testes genéticos não conseguem detectar todas as possíveis variações que causam uma doença específica. Por exemplo, com os testes genéticos para fibrose cística, a maioria dos painéis desses testes apenas procura pelas variantes mais comuns, mas não por todas que estão associadas à essa doença. 
    • Muitas doenças resultam da interação entre os genes de um indivíduo e o ambiente em que ele vive. Não está muito clara a maneira como essas interações causam doenças. Como exemplos temos a doença cardíaca coronariana, diabetes tipo 2, obesidade e doença de Alzheimer.
    • Algumas das questões sociais que devem ser consideradas são os aspectos legais, como privacidade do paciente, uso de testes genéticos para determinar a extensão da cobertura do seguro saúde e uso de amostras de pacientes arquivadas.

    Por causa dessas limitações, os resultados dos testes genéticos podem ser uma faca de dois gumes. Um componente essencial desses testes é obter o seu consentimento e saber o que você quer fazer com os resultados. Saiba também quais seus direitos legais. Esteja seguro que a sua privacidade é respeitada. Informe-se sobre os testes genéticos e converse com o seu médico se você acredita que deve fazê-los.

    É importante lembrar que os testes genéticos são diferentes de outros exames laboratoriais porque os resultados podem ter implicações não apenas para você, como paciente, mas também para os seus familiares, que podem precisar ser testados também. Além disso, é recomendado ter informações sobre genética e receber aconselhamento especial para ajudar a entender e lidar com os resultados.

     

  • O futuro: avanços, potencial, conclusões

    Com o Projeto Genoma Humano, aprendemos que a palavra “normal” não possui mais significado quando se pensa na constituição genética de uma pessoa. A variação genética ocorre em grande quantidade em nosso genoma (constituição genética total). Somos únicos, não apenas em nossa personalidade e aparência, mas também em nosso genótipo.

    Os cientistas continuam a trabalhar em maneiras para entender melhor a estrutura de nossa constituição genética, o que pode resultar em importantes avanços na prevenção e tratamento de muitas doenças. Existem perspectivas promissoras de novos testes de rastreio, como  para câncer ovariano ou doença de Alzheimer, que os pesquisadores tentam empregá-los também para outras doenças.

    A terapia genética é uma abordagem para tratar doenças potencialmente letais e incapacitantes que são causadas por uma única deficiência genética. Com técnicas especializadas, a expressão gênica pode ser manipulada para corrigir o problema em questão do paciente, embora isso não seja passado aos seus descendentes. Isto é, as correções são feitas no nível da molécula de DNA para compensar o gene anormal, de modo que os sintomas prejudiciais da doença não se manifestem no paciente. Tudo ainda é muito experimental. Estão sendo realizados ensaios clínicos para saber se isso pode ser usado para desenvolver tratamentos para outras doenças, incluindo câncer, doença cardíaca e AIDS.

    O desenvolvimento na tecnologia e nas técnicas laboratoriais de biologia molecular levaram a uma invenção recente – os “chips gênicos” ou microarrays (microarranjos). Eles permitem examinar muitos genes ao invés de um de cada vez, como se faz hoje. Ao usar esses chips, os pesquisadores podem procurar indicadores moleculares de uma doença até mesmo antes que ela se apresente e antes do paciente desenvolver os sintomas. Os chips gênicos ou microarranjos ainda estão sendo desenvolvidos e testados para o uso clínico.

    Outros avanços poderão, eventualmente, substituir os métodos antigos de prever o prognóstico, de modo a ajudar a tratar apenas aqueles pacientes que irão responder ao tratamento e, portanto ajudar a orientar as pesquisas para essas terapias. Descobertas recentes também têm auxiliado a aumentar nosso conhecimento sobre alguns cânceres complexos, como o mieloma múltiplo e o linfoma. Sem duvida, haverá mais e mais avanços em pesquisa genética que irão se refletir nos testes laboratoriais disponíveis a todos os pacientes para detectar e tratar grande variedade de doenças.

     

Paginas relacionadas

Com o Projeto Genoma Humano, aprendemos que a palavra “normal” não possui mais significado quando se pensa na constituição genética de uma pessoa. A variação genética ocorre em grande quantidade em nosso genoma (constituição genética total). Somos únicos, não apenas em nossa personalidade e aparência, mas também em nosso genótipo.

Os cientistas continuam a trabalhar em maneiras para entender melhor a estrutura de nossa constituição genética, o que pode resultar em importantes avanços na prevenção e tratamento de muitas doenças. Existem perspectivas promissoras de novos testes de rastreio, como  para câncer ovariano ou doença de Alzheimer, que os pesquisadores tentam empregá-los também para outras doenças.

A terapia genética é uma abordagem para tratar doenças potencialmente letais e incapacitantes que são causadas por uma única deficiência genética. Com técnicas especializadas, a expressão gênica pode ser manipulada para corrigir o problema em questão do paciente, embora isso não seja passado aos seus descendentes. Isto é, as correções são feitas no nível da molécula de DNA para compensar o gene anormal, de modo que os sintomas prejudiciais da doença não se manifestem no paciente. Tudo ainda é muito experimental. Estão sendo realizados ensaios clínicos para saber se isso pode ser usado para desenvolver tratamentos para outras doenças, incluindo câncer, doença cardíaca e AIDS.

O desenvolvimento na tecnologia e nas técnicas laboratoriais de biologia molecular levaram a uma invenção recente – os “chips gênicos” ou microarrays (microarranjos). Eles permitem examinar muitos genes ao invés de um de cada vez, como se faz hoje. Ao usar esses chips, os pesquisadores podem procurar indicadores moleculares de uma doença até mesmo antes que ela se apresente e antes do paciente desenvolver os sintomas. Os chips gênicos ou microarranjos ainda estão sendo desenvolvidos e testados para o uso clínico.

Outros avanços poderão, eventualmente, substituir os métodos antigos de prever o prognóstico, de modo a ajudar a tratar apenas aqueles pacientes que irão responder ao tratamento e, portanto ajudar a orientar as pesquisas para essas terapias. Descobertas recentes também têm auxiliado a aumentar nosso conhecimento sobre alguns cânceres complexos, como o mieloma múltiplo e o linfoma. Sem duvida, haverá mais e mais avanços em pesquisa genética que irão se refletir nos testes laboratoriais disponíveis a todos os pacientes para detectar e tratar grande variedade de doenças.